De coceira também se morre

Opinião
13/02/2008 15:46

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Deputado Bruno Covas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/BRUNO COVAS OPINIAO A.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Se fossem inteligentes as falas do presidente Lula sobre assuntos vitais para a nação brasileira, quem sabe o levaríamos mais a sério. Mas o que dizer de alguém que trata com desdém e pilhéria as notícias preocupantes sobre os números referentes ao desmatamento da Amazônia? O que pensar quando o presidente classifica como "alarde" o anúncio desses dados, justificando que tratam como "doença grave", como um "câncer", algo que é muito mais como "uma coceira"?

Ou será que é apenas uma "coceira" a Amazônia ter perdido, no último semestre de 2007, cerca de 3,2 mil metros quadrados de floresta, segundo números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)? Será que é pertinente, diante do alerta feito pelo Instituto, minimizar a realidade e a repercussão em termos ambientais? Mais uma vez, o presidente Lula tenta, com uma das suas máximas, jogar para debaixo do tapete os desacertos de um governo sem comando e complacente com os seus pares. Desnecessário falar dos pares, personagens constantes de uma crônica que acompanhamos, ora perplexos, ora desanimados.

Falemos, então, das nossas florestas. Não apenas do solo desprotegido e desvitalizado com o desmatamento, ou dos graves problemas sociais provocados por uma ocupação desordenada. Não entremos no mérito que Luís Inácio pretende trazer para o foco do debate, sobre "colocar os números do desmatamento sob investigação". Ou de criticar o Ministério do Meio Ambiente e de prometer "comprar briga" com as ONGs se elas insistirem em associar o crescimento da agricultura com o desmatamento. Afinal, é da face pitonisa do presidente Lula que vem a previsão: "o país tem todo o tempo do mundo para reverter o desmatamento, se for constatado o aumento de área devastada".

Vamos tentar despertar a agilidade do presidente para outra conseqüência do desmatamento. Relatório da Rede de Informação Tecnológica Latino Americana (Ritla), que realizou o segundo Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, divulgado mês passado, mostra que as regiões de fronteira e ligadas ao desmatamento concentram os maiores índices de homicídios por habitante. 73,3% dos homicídios do Brasil acontecem em 10% das cidades, sendo que as três primeiras colocadas estão no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, em pleno arco do desmatamento, e "onde há enorme ausência do poder público um desrespeito quase absoluto aos direitos humanos", alerta o autor do estudo, Júlio Jaboco Waiselfisz.

A grande dificuldade do Presidente em lidar com essa questão vem do fato de que não é possível oferecer um ministério aos criminosos (assassinos e devastadores). Pois é dessa forma que o presidente lida a cada problema que enfrenta. Portanto, presidente, esta sua coceira parece ser mais grave. Está matando gente e, ao contrário de árvores, gente não pode ser plantada e não brota do chão.



*Bruno Covas é deputado estadual pelo PSDB e presidente nacional da Juventude PSDB



E-mail: brunocovas@al.sp.gov.br

Site: www.brunocovas.com.br

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