Aumenta o risco de o Estado de São Paulo não compreender as causas e as conseqüências dos históricos e sangrentos ataques da facção criminosa do Primeiro Comando da Capital (PCC) contra alvos policiais e contra cidadãos entre os dias 12 e 15 de maio. De repente, setores do Ministério Público, da política, da sociedade e da mídia passaram a dar muito mais importância aos possíveis erros cometidos pela Policia na reação às ações dos bandidos do que a dois detalhes fundamentais: o fato de os ataques do PCC terem causado dezenas de mortes de policiais exemplares; a certeza de que, se não houver rigor na repressão aos criminosos, ocorrerão novos ataques.Em minhas manifestações como jornalista e como deputado estadual, tenho sido claro e incisivo quanto à idéia de que antigos assessores do Governo do Estado, herdados de Geraldo Alckmin pelo atual governador Cláudio Lembo, erraram com freqüência nas políticas para a segurança pública e para o sistema prisional. Neste caso, portanto, Lembo não tem culpa quanto a fatos ocorridos antes, durante e depois dos terríveis ataques de maio. Assim, os responsáveis pela tarefa de combater bandidos e colocar ordem nas cadeias eram e são os secretários estaduais da Segurança Pública, Saulo Abreu, e da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa. Mas também é necessário relembrar o governo federal e o Poder Judiciário: o primeiro deixou de construir cadeias prometidas aos estados; o segundo tomou decisões que ampliaram a impunidade.Não cabe discutir se o número de mortes provocadas pelo autêntico terrorismo do PCC chegou a 130 ou a 180. O fato é que as características desses ataques causaram incríveis danos físicos e morais a todo o Estado de São Paulo, deixando a população amedrontada. E mais: entre os mortos, estão alguns inocentes, tanto policiais quanto civis, que tombaram por conta das ações do PCC ou na tentativa de repressão por parte da polícia. A questão é que estamos numa verdadeira guerra. Neste caso, nesta hora, seria um absurdo desviar a atenção da opinião pública e querer apontar outro inimigo que não seja o PCC.Entidades dos direitos humanos, que num primeiro momento tiveram a surpreendente atitude positiva de promover um ato ecumênico na Catedral da Sé em homenagem à memória dos policiais mortos nos ataques, sofreram uma recaída nos últimos dias e decidiram apoiar uma facção do Ministério Público Estadual que insiste em concentrar sua atenção à contagem do número de mortes e à insinuação de que policiais teriam cometido excessos, matando civis inocentes. Guerra é guerra. Inocentes eram também os civis mortos pelo PCC. Inocentes eram os policiais cruelmente assassinados pelos bandidos nos quatro dias que abalaram nosso Estado. Essas vítimas não devem ser esquecidas!Nesta altura, é importante preservar a polícia e combater o crime. Já sabemos quem é o nosso inimigo. Enfrentar e anular esse inimigo, com ajuda dos policiais, faz parte de uma obrigação de toda a sociedade de São Paulo!Afanasio Jazadji* é jornalista e deputado estadual pelo PFL