São Paulo tem carência no serviço de vigilância sanitária, dizem pecuaristas


03/12/2003 20:29

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Reunião da Comissão de Agricultura e Pecuária<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Comagri3dezB.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Carlos Viacava, Eduardo Soares de Camargo e deputado Geraldo Vinholi <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Comagri3dez.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

DA REDAÇÃO

Sob presidência de Geraldo Vinholi (PDT), a Comissão de Agricultura e Pecuária realizou sua última reunião de 2003, abordando os problemas que atingem o setor da pecuária de corte no Estado. Para tanto compareceram Eduardo Soares de Camargo, representando a Sociedade Rural Brasileira, Carlos Viacava, presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil, e João Gilberto Bento, diretor do Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Estado de São Paulo (Fundepec). Os membros da comissão presentes foram Beth Sahão e José Zico Prado (PT), Edson Gomes (PFL) e Ricardo Castilho (PV).

Camargo afirmou que o mercado de carnes, como um todo, vai muito bem em São Paulo, que, embora não tenha o maior rebanho do país, é o Estado que mais exporta, devido à estratégia de investimento na qualidade dos pastos. "Isso permite que a produção pecuária continue crescendo sem a necessidade de aumentar a área de pastagens", afirmou. O pecuarista chamou a atenção também para a reforma tributária. Em sua opinião, a reforma deveria isentar do pagamento de ICMS as transações com matrizes e sêmen. "Esse tipo de investimento em tecnologia se equipara à aquisição de máquinas industriais", argumentou.

Viacava chamou atenção para a situação do Estado como importante centro de desenvolvimento genético de gado, além de ter as melhores pastagens do país, que totaliza anualmente US$ 1,5 bilhões em exportação de carne. "O Brasil tem o segundo maior rebanho comercial do mundo. Só perde para os Estados Unidos, que tem um consumo interno muito maior", afirmou. Viacava informou também que o brasileiro consome em média 40 quilos de carne bovina por ano e declarou que os pecuaristas não podem esperar aumento na demanda interna, pois esta está diretamente ligada à renda.

Devido à importância das exportações para o futuro do setor, Viacava chamou destacou a responsabilidade da Assembléia Legislativa e do Executivo estadual na questão sanitária. "Os mercados importadores, principalmente o europeu, exigem rigorosa qualificação dos alimentos importados", disse ele. "Um único foco de febre aftosa no Estado representaria uma verdadeira tragédia econômica para os pecuaristas".

Rastreabilidade

Uma das exigências sanitárias do mercado europeu é a rastreabilidade, ou seja, um certificado de procedência de cada animal ou lote de animais. Viacava afirmou que essa exigência é muito fácil de cumprir, pois bastam 40 dias em uma fazenda para que se possa qualificar o rebanho a ser abatido. "A oferta de gado rastreado aumentou tanto que, hoje, seu preço está equiparado ao rebanho sem a especificação", comentou.

João Gilberto alertou para o fato de que a Agência de Defesa Sanitária conta atualmente com apenas 1.600 funcionários, dentre os quais apenas 120 veterinários. "O último concurso para o órgão foi em 1989 e a média de idade dos quadros está em torno de 53 anos. Isso significa que, se não forem realizados concursos em breve, os funcionários atuais vão se aposentar sem transmitir o conhecimento adquirido durante décadas aos novos agentes".

Carlos Viacava informou que São Paulo foi o pioneiro na criação do Fundo de Desenvolvimento da Pecuária (Fundepec) a partir de doações voluntárias de pecuaristas. "Sua função era ajudar a Vigilância Sanitária e sua contribuição foi fundamental para a erradicação da aftosa no Estado", lembrou. Viacava disse também que a iniciativa foi implantada com êxito por outros sete Estados, mas lamentou que a criação da Guia de Transporte Animal (GTA) tenha duplicado os gastos do setor. "Esse investimento é somado no bolo do orçamento e não volta para o setor da pecuária. Se o GTA fosse informatizado, e há recursos mais que suficientes para isso, a própria guia poderia substituir a certificação de rastreabilidade".

O presidente da comissão, Geraldo Vinholi, afirmou que pretende marcar, ainda neste ano, reunião com o governador do Estado para discutir a regulamentação da Agência de Defesa Sanitária, mas sugeriu a implementação de uma câmara setorial para discussões mais profundas com o governador e com o secretário de Agricultura e Abastecimento.

alesp