A mesa da audiência pública que acontece na Câmara Municipal de Limeira, a 9ª realizada pela Comissão de Finanças e Orçamento da Assembléia Legislativa, é composta dos deputados Enio Tatto (PT), vice- presidente da comissão, José Caldini Crespo (PFL), presidente da CFO, Edmir Chedid (PFL), relator do orçamento, Waldir Agnello (PTB), do prefeito do município, Silvio Félix da Silva (PDT), e da presidente da Câmara de Limeira, Elza Tank (PTB).Crespo afirmou que o objetivo da reunião é debater o orçamento, conforme estabelece o artigo 174 da Constituição estadual, de forma regionalizada. "A marca principal das audiências tem sido garantir a participação de todos que desejarem se manifestar", ressaltou. Lembrou ainda que muitos cidadãos têm reclamado de que se pronunciaram em outros encontros e não obtiveram retorno dos pleitos. "Por isso, estamos recolhendo todas as sugestões por escrito", informou.Prefeito reivindica verbas para anel viárioO prefeito Silvio Félix da Silva afirmou que é preciso saber administrar, equilibrando gastos dentro de uma política sem demagogia. "Nosso orçamento é de 235 milhões de reais para uma população de quase 300 mil habitantes. O ideal é 1.000 reais por habitante, ou seja, estamos longe do valor necessário para cumprir a agenda social. Por isso, precisamos da participação do Estado, principalmente para a infra-estrutura viária", disse Félix, que reivindicou verba para um anel viário e aprovação da criação de nova vara judicial na cidade.Diante de um público de aproximadamente 120 pessoas, a presidente da Câmara, Elza Tank, destacou a importância de se construir em sua cidade um hospital voltado ao atendimento da mulher. A vereadora Nilce Segalla pleiteou a instalação de uma unidade de comando militar em Limeira, citando o porte da cidade como justificativa. Zilda Guerra, da Associação dos Professores Aposentados do Magistério Público do Estado de São Paulo, protestou contra a política salarial aplicada pelo governo do Estado. "A nefasta aplicação de seguidas gratificações só engana o professorado, prejudicando o aposentado que não tem direito ao benefício", reclamou a professora, apontando também o descaso com a saúde dos idosos por parte do Estado.Obras na cidade e UnicampRecursos para obras na cidade, principalmente as que se referem às estradas rurais, foi o pedido do secretário de Obras de Limeira, René Soares. Ele falou também sobre a importância de um acesso específico para a rodovia Anhangüera, necessário para desviar o trânsito pesado do centro do município. Outra demanda apontada por alguns participantes foi a instalação de um campus da Unicamp em Limeira. O professor Giocondo Negro Filho disse que já existe área e projeto da própria universidade para essa finalidade, mas enfatizou que é preciso o Estado se incumbir do custeio permanente. Pedro Eliseu apoiou o pedido do campus e também solicitou o anel viário. Dalva Radesk, do Sindicato dos Bancários de Limeira, apontou a difícil situação do Hospital de Oncologia local que atende cerca de 800 pacientes, enquanto o Estado custeia a metade desse número. Falou sobre a falta de programa de atendimento a usuários de drogas. Para outros setores, como educação e segurança, pediu novos telhados e mobiliários para as escolas estaduais e unidade de policiamento anti-seqüestro voltado ao desmantelamento de quadrilhas que atuam em Limeira.O secretário de Cultura de Limeira, José Farid Zaine, reivindicou mais incentivos para a cultura em geral, bem como para programas desenvolvidos em Limeira, como o Festival Nacional de Teatro. Zaine pediu verbas para o restauro do prédio que abriga a secretaria, Palacete Levi, erguido há 121 anos.Outro secretário municipal, o da Saúde, também se pronunciou. Fausto de Paula discursou a respeito da falta de medicamentos. A solução para ele é a implantação de uma central de medicamentos do Estado. "Com a queda do poder aquisitivo, várias pessoas recorrem à Unidade Básica de Saúde. O ônus fica todo com o município, inclusive o de medicamentos de alto custo, de competência do Estado", afirmou.José Maria Menezes sugeriu recursos para a implementação de exames de acuidade visual nos estudantes da rede pública e Isabel Cândido quer a criação de um Núcleo de Atendimento Integral, voltado à assistência de crianças e adolescentes.Cidades da regiãoRepresentantes de outros municípios também se pronunciaram. A vereadora Fátima Celin, de Cordeirópolis, pleiteou a duplicação da estrada que liga sua cidade a Limeira. Sobre os assentados em seu município, após a reforma agrária feita no governo Covas, a vereadora afirmou que as famílias se encontram em total abandono. Fátima ainda protestou contra o processo de privatização da Nossa Caixa, segundo ela, o único banco estadual de São Paulo.Em nome da Clínica Saião de Araras, Alessandra Basaglia, pede atendimento especial para o doente mental, com a criação de um Centro de Atenção ao Doente Mental, diante do crescente número de pacientes com quadros de depressão e stress.A saúde também é a preocupação do representante de Leme, José Francisco Fantin, uma vez que a Santa Casa daquela cidade arrecada 900 mil reais e gasta 1.130 mil reais, um déficit mensal de quase 250 mil reais. A vereadora Rita Gimenes, também de Leme, quer a conclusão de estradas de importante ligação daquele município com Araras e com Mogi.Pronunciamentos finaisEnio Tatto referiu-se à promessa não cumprida do governador acerca da criação de agências de desenvolvimento que, segundo ele, muito ajudariam no planejamento de um orçamento mais justo.O deputado Waldir Agnello disse que nem todas os pedidos poderão ser atendidos, mas afirmou que não faltará empenho dos parlamentares para isso.Elza Tank agradeceu a iniciativa da Comissão de Finanças e Orçamento por se deslocar até Limeira, com o objetivo de ouvir os reclamos da região. "Os vereadores sempre ficam como peças jogadas no Estado, mas são eles que representam suas cidades e precisam ser ouvidos".Ao final, Edmir Chedid informou que levará ao Parlamento todos os pleitos colocados. "Quanto ao anel viário, podemos nos antecipar e levar o pedido à Autoba", afirmou. O relator disse que todas as propostas serão avaliadas. Sobre o veto às emendas da LDO, Chedid acredita que, por coerência, os deputados vão derrubar o veto e garantir os recursos para educação.