A abertura da 23ª audiência pública promovida pela Comissão de Finanças e Orçamento da Assembléia Legislativa na cidade de Jaú introduziu uma inovação: a projeção de slides com imagens da cidade, ao som do hino de Jaú. O público de aproximadamente 100 pessoas que esteve na Câmara Municipal da cidade acompanhou a apresentação e apresentou demandas da região para serem incluídas no orçamento do Estado. A mesa de trabalhos da audiência foi formada por autoridades como o vice-prefeito, Milton Prado Lira (PL), o presidente da Câmara local, José Carlos Borgo (PMDB), e pelos deputados José Caldini Crespo (PFL), presidente da comissão, Enio Tatto (PT), vice-presidente, Pedro Tobias (PSDB) e Edmir Chedid (PFL), relator do orçamento.Crespo explicou o intuito da comissão ao realizar as audiências em todo o Estado, ressaltando que os deputados querem ouvir as sugestões dos moradores de cada região de São Paulo ao orçamento estadual para 2006.O presidente da CFO disse ainda que as pessoas que apresentaram propostas não ficarão sem respostas. Elas poderão acompanhar pelo site da Assembléia (www.al.sp.gov.br) o andamento das sugestões feitas durante a reunião.O vice-prefeito Milton Prado Lira informou que os municípios que integram a região de Jaú redigiram uma carta de reivindicações. O primeiro tópico é a maior atenção do Estado para as santas casas. Recursos para merenda e transporte escolares, aumento do efetivo policial, construção da terceira faixa da rodovia Barra Bonita-Santa Maria da Serra, bem como seu recapeamento, ampliação do Programa Melhor Caminho, infra-estrutura turística para cidades à beira do rio Tietê e saneamento básico em cidades com mais de 50 mil habitantes compõem o conjunto de solicitações da região.Representantes locaisVereadores de Jaú acrescentaram outras demandas. José Luiz Sette pediu R$ 5 milhões para o Hospital Amaral Carvalho, que atende diversas cidades. Emilio Baldini pleiteou a instalação de um curso universitário público de Agronomia no Colégio Técnico Agrícola Elias Ferreira. A Criação da região administrativa de Jaú, desconcentração de pedágios, municipalização da arrecadação de multas rodoviárias e melhoria da estrada de Santa Maria da Serra foram os pedidos de José Mineiro de Camargo. Heloisa Almeida Leite ressaltou a necessidade de aprimoramento da merenda escolar e a concretização do saneamento básico.O hospital de Jaú também é a preocupação do vereador Carlos Ramos, que quer apenas que o governo do Estado pague o que deve à instituição. Segundo ele, as santas casas têm sido sucateadas, ante a falta de organização do Executivo, "pois enquanto o hospital de Jaú atravessa dificuldades, em Bauru sobram leitos". Ramos acrescentou que a política salarial do funcionalismo público também é desastrosa. "Não há planos de carreira ou reposição salarial. De nada adianta apresentarmos pleitos que, se conquistados, serão vetados pelo governador. Assim, peço que derrubem o veto à emenda para Educação na LDO", afirmou.BoracéiaSegundo Marcos Bilancieri, o município de Boracéia foi um dos que mais cresceram no Estado, conforme estatísticas dos dois últimos anos. O município, diz ele, tem sofrido com o tráfego de veículos que cruzam a cidade, por isso pediu a construção de ponte ou a melhoria dos serviços da balsa de ligação a Itapui, além da construção de um acesso para o município de Arealva. Também solicitou cursos técnicos na região e um posto do Corpo de Bombeiros.SindicalistasO presidente do Sindicato do Segmento de Papel e Papelões de Jaú, José Itamar, reivindicou incentivos do Estado para a instalação de uma fábrica de papel, uma vez que a cidade é a segunda maior produtora de embalagens do Estado.Outra representante sindical, Silvia Lima, do Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza, protestou contra a ação empreendida pela tropa de choque da Polícia Militar nas imediações da Assembléia Legislativa, quando professores e alunos teriam sido reprimidos com violência. "Por que a nossa luta? O governo estadual repassou até agora apenas R$ 140 mil para as 120 unidades do Centro Paula Souza, 10% do previsto no orçamento. O restante está contingenciado. Só queremos a derrubada do veto à emenda da LDO que garantiria mais recursos para nosso segmento."Ângela Silva, do Fórum de Participação Popular, também falou sobre a situação das escolas técnicas, destacando a extinção dos Cefams. Ela reforçou a necessidade de uma faculdade de Agronomia na região.Parlamentares e cidadãosNa parte final da audiência pública sobre o orçamento em Jaú, alternaram-se as manifestações de parlamentares e de representantes da sociedade civil. O jornalista José Cláudio pediu mais atenção aos moradores de cortiço e recursos específicos para o Poder Judiciário, porque, segundo afirmou, os funcionários da Justiça não têm material de trabalho ou equipamentos.O presidente da Câmara de Bariri, Luiz Gonzaga Febraro, reivindicou a duplicação da rodovia Jaú-Ibitinga, a melhoria da balsa que faz o trajeto Itapuí-Boracéia e a implementação de uma travessia entre Itaju e Arealva, bem como recursos para santa casa e uma unidade do Corpo de Bombeiros.Pedro Santos, dos Movimentos Populares, reforçou o pedido da melhoria da balsa de Itapuí e maior atenção aos moradores de rua e sem teto.O deputado Pedro Tobias (PSDB) rebateu as críticas ao governo do Estado. Sobre o veto ao aumento de repasse para as universidades, Tobias explicou que hoje o aluno do ensino superior público de São Paulo é o mais caro do mundo, com investimentos de R$ 37 mil por aluno/ano, enquanto os ensinos médio e fundamental despendem R$ 1,2 mil por aluno/ano. "É nesse segmento que temos que investir."Tobias disse que as universidades têm autonomia financeira, mas precisam informar à sociedade o que fazem com o orçamento de quase R$ 4 bilhões que recebem ao ano e que são gastos praticamente na totalidade com pagamento de pessoal (96%). O deputado apontou ainda a necessidade da duplicação da rodovia que liga Jaú a Araraquara.O vice-presidente da CFO, Enio Tatto, destacou que o orçamento não pode continuar a ser feito como antes, com a destinação de verbas apenas para municípios que contam com representantes da base aliada do governo. "Acredito que isso vai mudar, sobretudo, a partir desta nova mesa diretora e da composição da atual Comissão de Finanças e Orçamento." Tatto lembrou o excedente orçamentário de aproximadamente 5% ano que, segundo ele, deve ser aplicado para atender reivindicações regionais.O relator do orçamento, Edmir Chedid, finalizou a reunião, afirmando que a Assembléia Legislativa quer induzir os prefeitos, vereadores, representantes de entidades, sindicalistas e demais segmentos sociais a se reunir nas cidades-sede de governo, para discutir como implementar investimentos orçamentários em cada região. "Depois, caberá a este relator encaminhar o entendimento das sugestões. Assim, poderemos iniciar um processo de adequação do orçamento às demandas, tentando atender a todos da melhor forma possível."