OPINIÃO: Recuo na atividade industrial
Amargamos uma queda de 1,8% na produção industrial no mês de fevereiro e tudo indica um novo tropeço no mês de março, o que constitui uma diminuição da atividade industrial no primeiro trimestre do ano. Não fora o formidável desempenho do agronegócio, teríamos um PIB ainda menor do que o resultado pífio registrado em 2003.
Ao longo desse período de acompanhamento da política econômica do governo Lula, temos buscado estabelecer nossa análise e formar opinião a respeito dos fatos. Primeiramente, fomos solidários com a atitude do atual presidente, de refrear a especulação e a instabilidade, o que foi feito.
Depois, passamos a reivindicar - com toda a sociedade - que o governo estabelecesse o caminho da retomada do desenvolvimento econômico. Diminuir os juros e acionar uma série de outros instrumentos seriam indicativos desta disposição, mas isso não está sendo feito no ritmo e intensidade necessários. Foram tomadas algumas medidas tardiamente e, quando realizadas, o foram em pequena escala. Se é verdade que os juros recuaram de 25,5% para 16%, também é fato que o Brasil ainda detém uma das taxas mais altas do planeta.
Por outro lado, a arrecadação tributária bateu recorde e chegou a R$ 24,45 bilhões em março, representando um aumento real de 15,65% ao mês e 6,55% no trimestre, ante os mesmo períodos de 2003. Vamos pagar um preço alto por isto, afinal esta sanha arrecadatória diminui os investimentos e estabelece o círculo vicioso de arrecadar, inibir e diminuir a atividade econômica.
Em 2003, o desemprego na região metropolitana de São Paulo chegou a 19,9% - o maior patamar registrado desde o início da pesquisa, em 1985, realizada pela Fundação Seade/Dieese. Sinais não faltam de que o crescimento econômico tão desejado por todos está mais distante do que deveria. A renda do trabalhador, em 2003, caiu 6,4%, ou seja, um recuo pelo sexto ano consecutivo - o que reflete o empobrecimento do País. Assim, a retomada torna-se mais difícil; este início de ano está confirmando isso.
Queremos dar um passo além nessa reflexão política e econômica, diante das possibilidades e dos cenários que temos para o futuro. Queremos lançar uma idéia ousada, diante do que hoje é basicamente a continuidade da política econômica aplicada no governo FHC.O nosso país não terá condições de retomar o crescimento se não reestruturar a dívida pública. Do jeito que está, a conta não fecha!
Defendemos que o governo, a par de uma série de medidas pontuais que devem ser adotadas já, como políticas industriais; de incremento econômico localizado, particularmente nos setores de uso mais intensivo de mão-de-obra; de desenvolvimento científico-tecnológico; definição urgente de questões de infra-estrutura, com normas seguras para o setor elétrico, além de promover um aparato legal que proteja a autonomia das agências reguladoras; faça o fundamental: dedique-se à apresentação de uma proposta consistente de renegociação das dívidas públicas do país, tanto a interna como a externa, e a elaboração de uma proposta estruturada de atividade econômica.
O momento é absolutamente propício para isso. Destaque-se ainda que avaliações recentes de diversos organismos e analistas internacionais reconhecem o garroteamento que a dívida exerce em países como o nosso. Também é patente a legitimidade e a conveniência de se adotar medidas de controle de fluxo de capital.
Há, ainda, a disponibilidade dos agentes financeiros, permitindo que essa discussão se estabeleça sem que ocorram tensões ou simplificações sobre o "risco dos contratos". Se tal atitude for adotada, contará com a solidariedade da grande maioria das forças produtivas e políticas do País.
Estamos, assim, propondo que o governo assuma a cuidadosa, mas fundamental, decisão de colocar aos credores a necessidade de rediscutir prazos e condições, com o propósito de aliviar o peso do pagamento da dívida, diminuindo os juros, para que, enfim, possamos retomar o crescimento sustentado. Aí, sim, o nosso país pode mudar pra valer!
Arnaldo Jardim é deputado estadual pelo PPS e coordenador da Frente Parlamentar de Energia Limpa e Renovável da Assembléia Legislativa de São Paulo
Notícias mais lidas
- Alesp aprova aumento de 10% no Salário Mínimo Paulista, que passa a ser de R$ 1.804
- Lei que transformou dor de família em ações que salvam milhares de vidas completa 10 anos
- Alesp nomeia integrantes das comissões permanentes para o segundo biênio da 20ª Legislatura
- Encontro na Alesp define reivindicações de servidores da Polícia Civil ao Executivo
- Reajuste salarial de servidores é tema da 56ª Sessão Ordinária da Alesp; assista à transmissão
- Veículos híbridos de SP terão isenção do IPVA por dois anos; confira regras aprovadas pela Alesp
- Mobilização em defesa de patrimônio, pesquisa e ciência paulistas marca audiência pública na Alesp
- Na Alesp, audiência pública defende que privatizações aumentam risco de acidentes no metrô
- Deputada e deputado promovem audiência pública sobre duplicação da 'Rodovia da Morte' BR-153
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações