A musicalidade das formas e da cor nas obras de Tato DiLascio é aberta e distendida, mas no profundo dos seus núcleos cromáticos muitas vezes é possível encontrar uma nota de melancolia, quase um motivo intimista, bem diferente a quem observa sua obra. Possivelmente não é difícil dar uma explicação a essa sensação, pois suas obras documentam o seu percurso solitário, uma extraordinária faculdade de percorrer módulos expressivos - que, no futuro, informarão, na sucessão dos tempos, o gosto de uma época - e de dar à matéria pictórica um caracter especulador, isto é, solidamente autobiográfico à aparente pobreza temática, entretando proveniente de um instintivo sentimento poético.Tato DiLascio cobre a tela com espessas cores acrílicas, geralmente tom sobre tom. Depois acentua as bordas do quadro com pinceladas mais acentuadas. O quadro é quase vazio no seu centro e repleto no perímetro. O espectador prova uma positiva sensação de vertigem ao ler antes as variações periféricas e afrontar posteriormente o impenetrável vazio interior.De sua parte, o artista ancorou num abstracionismo lírico sintético e intensamente expressivo e prossegue atualmente a um sentimento pânico e alucinante trazidos em campos de cor que exaltam a pureza dos valores pictóricos. ¨Red¨ e ¨Blue¨, duas obras doadas ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, refletem o ponto e o contraponto pictórico desse jovem artista que muito promete.O ArtistaTato DiLascio, nome artístico de Marcio Di Lascio, nasceu em São Paulo, em 1983. É estudante de desenho industrial na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Iniciou sua produção artística paralelamente aos seus estudos de ensino médio, orientado por Ana Michaelis e, posteriormente, por Gica Noronha e Isa Seppi.Após a exposição de pequena parte de seu acervo em um site utilizado para a divulgação de obras de arte, foi convidado pelo escritor infanto- juvenil José Arrabal para participar de um projeto ilustrativo às avessas: um livro escrito a partir de vinte pinturas, feito especialmente para o tema proposto: Criança-Infância. A partir desse estudo, o jovem artista passou a interessar-se, como o autor, com o bem-estar de crianças carentes.Após iniciar um trabalho de pesquisa e dedicação às artes plásticas, sentiu a necessidade de promover encontros com artistas que admira e exercitar aprendizagens artísticas não convencionais, que só podem ser vivenciadas por pessoas que se dedicam à arte.