Como vencer a criminalidade

Opinião
14/06/2006 16:26

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Deputado Afanasio Jazadji<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Afanasio Jasadji2.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A matemática é simples: em 1995, o Estado de São Paulo contava com 352 policiais para cada 100 mil habitantes; hoje, são apenas 309 policiais para 100 mil habitantes. Isto significa uma redução de 12% do efetivo real das forças de combate ao crime nos municípios paulistas, algo que entra em choque com o fato de, nesse mesmo período de 11 anos, a criminalidade ter crescido, dentro e fora das cadeias. Por mais que a propaganda oficial proclame que o índice de crimes caiu, é possível verificar o grau de medo dominante no Estado.

Está provado que ninguém melhor que um policial para inibir a prática do crime. Policiamento preventivo traz bons resultados, desde que bem cuidado. O problema das policias Civil e Militar, no entanto, vai além da evidente limitação de pessoal. Os salários de nossos policiais não acompanharam a inflação, que, embora pequena, continua existindo. Com isso, somos obrigados a conviver com as justas e constantes reclamações por exemplo, dos delegados da Polícia Civil: São Paulo aparece em penúltimo lugar no item de salários entre os 27 Estados da União, o que constitui vergonha para os paulistas e um risco para a segurança.

A Polícia Militar, por sua vez, não fica atrás. Temos, nessa tradicional corporação, inúmeros milicianos exemplares, que arriscam a vida e não sabem se voltarão a se encontrar com a família. E seus salários não estão à altura desses perigos. Além de tudo, eles têm de suportar a política distorcida por parte do atual Alto Comando da Corporação, onde o estilo é amador e nada confiável.

Nos últimos 11 anos, portanto, houve algo ainda mais grave que a simples redução do contingente policial: é a insistência do Governo do Estado em entregar o importante cargo de secretário da Segurança Pública para curiosos e promotores que nada conhecem do trabalho prático das polícias.

Foi assim com o governador Mário Covas ao indicar inicialmente José Afonso da Silva para essas funções e ao trocá-lo por Marco Vinício Petreluzzi. Já no governo Geraldo Alckmin, essa distorção foi mantida a partir da escolha de Saulo Abreu para esse espinhoso cargo. O que se viu, nos últimos anos, foi autêntico desastre, culminando com a cara de surpresa exibida pelo secretário Saulo na entrevista coletiva ocorrida no Palácio dos Bandeirantes na manhã de 13 de maio, um dia após o início dos ataques do PCC contra alvos policiais e civis no Estado.

Se ele dizia que sabia da ameaça de ações dos bandidos, por que nada fez?

Admito que o governo estadual, agora nas mãos de Cláudio Lembo, não é o único responsável pela situação de caos da segurança pública paulista. O governo federal tem sua parcela de culpa por retardar a liberação de verbas para o setor, por não construir cadeias de segurança máxima e por não apresentar uma política de combate ao tráfico de drogas. O Poder Judiciário, com decisões esdrúxulas, que causam idéia de impunidade, também contribui para o principal Estado do País viver entre o medo e a tensão. Outros países tiveram sucesso no combate ao crime por meio da "tolerância zero". Que tal imitá-los?

Uma vez que estamos a pouco mais de três meses de fundamentais eleições, em que serão escolhidos o presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais, é importante não politizar o debate sobre segurança pública. No meu caso, por exemplo, não abro mão da independência, em nome da missão de utilizar minha longa experiência como jornalista e como deputado estadual para apontar soluções nessa área. Integro um partido, o PFL, que tem sido parceiro do PSDB, agremiação responsável por 11 anos de governo em São Paulo. Mesmo assim, rejeito a idéia de ficar em silêncio, omisso, quando a população de meu Estado sofre riscos constantes.

Como dizer que vai tudo bem se os pais de família têm de rezar para que seus filhos voltem para casa sem serem molestados por assaltantes e por seqüestradores? Infelizmente, o crime organizado cresceu porque foi dado a ele bastante espaço. De 1995 a 1999, presidi a CPI da Assembléia Legislativa que investigou o avanço do crime organizado em nosso Estado. Na ocasião, foi A partir disso, algumas máfias foram desmanteladas, mas o combate aos bandidos teria de ser mais rigoroso por parte da Secretaria da Segurança Pública para acabar com ladrões, traficantes e seqüestradores. E nada foi feito para tentar controlar o terrível PCC dentro e fora das cadeias. No entanto, enquanto houver gente de bom-senso, estaremos lutando, unidos, para resgatar a tranqüilidade da gente paulista.

alesp