A reconstrução de São Luiz do Paraitinga

Balanço 1º semestre de 2010
20/07/2010 20:00

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Museu Osvaldo Cruz<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/07-2010/museu oswaldo cruz.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/07-2010/paraitinga.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

No primeiro dia de 2010, São Luiz do Paraitinga foi castigada pelas chuvas. A enchente do rio Paraitinga assolou o centro histórico, destruindo grande parte do seu patrimônio arquitetônico, o maior do Estado de São Paulo. Parte dos casarões, duas igrejas, duas escolas e uma biblioteca foram ao chão. O mar de lama atingiu a infraestrutura básica e parte da infraestrutura turística.

O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), órgão ligado à Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, avaliou que foram afetados 88 imóveis: 70 deles ficaram parcialmente arruinados e 18 se perderam. A cidade tinha 425 imóveis tombados.

A administração municipal firmou várias parcerias com diferentes níveis dos governos estadual e federal, com o setor privado e o terceiro setor. Foram mobilizadas equipes de profissionais da prefeitura e de universidades para a elaboração de projetos para a reconstrução da cidade. Entre as ações previstas destacam-se a implantação do Plano Diretor, o restabelecimento da economia local e a oferta de condições dignas aos moradores desabrigados.

A reconstrução de todo o centro histórico foi estimada em mais de R$ 100 milhões, e a previsão para sua conclusão é de dois a três anos. O presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Luiz Fernando de Almeida, anunciou, no dia 12/1, a liberação de R$ 10 milhões para o centro histórico. Ele informou na ocasião que o processo de tombamento federal será acelerado para agilizar a reconstrução da cidade.



Parceiras e solidariedade



Segundo a prefeitura, apesar de todos os danos causados, a cidade conquistou um patrimônio de solidariedade: a ajuda dos governos estadual e federal, particularmente dos órgãos patrimoniais como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico de São Paulo (Condephaat), das universidades (USP, Unesp e Unitau), do Sistema S (Sesi, Sesc e Senai), além do apoio voluntário das cidades vizinhas e da população brasileira, que contribuiu nos momentos críticos com doações.

Lideranças locais também participaram da elaboração da lei do Plano Diretor, sancionado em janeiro, após as enchentes. A prefeitura mudou seu organograma e criou a Assessoria de Planejamento para atuar diretamente junto aos conselhos de Turismo, de Meio Ambiente e de Patrimônio Histórico Material e Imaterial.

Em maio de 2010, o Ministério da Integração Nacional liberou R$ 10 milhões para a reconstrução de São Luiz do Paraitinga e Cunha, duas cidades históricas do Vale do Paraíba duramente atingidas pela enchente. Outros recursos ainda serão liberados pelo governo federal, especialmente para a restauração do patrimônio histórico, através do Ministério da Cultura.

A Secretaria da Cultura do Estado informou que trabalha na elaboração de projetos dos edifícios públicos, oferece assistência técnica aos proprietários de imóveis tombados e também apoia as obras necessárias nas áreas públicas, tendo colocado à disposição R$ 20 milhões.



Colaboração da Assembleia Legislativa



O Acervo Histórico da Assembleia Legislativa de São Paulo tem sob sua custódia um conjunto de documentos sobre as cidades paulistas que pode auxiliar os esforços para resgatar o passado de São Luiz do Paraitinga. O órgão reuniu documentos que podem ajudar na reconstrução do centro histórico, que foram encaminhados no final de março para a prefeitura da cidade. Também foram enviadas cópias dessa documentação para o Condephaat e Iphan, que são os dois órgãos que também estão empenhados na restauração dos edifícios do centro histórico.

Boa parte do material é composta por manuscritos, que foram digitalizados pela equipe técnica do acervo. São 1.742 páginas que contêm informações sobre edifícios públicos e configuração urbana.



Muito trabalho



Mais de seis meses após a tragédia, a marca da água ainda está nas paredes das casas. Parte dos 5 mil moradores que perderam suas casas continua desabrigada. O trabalho de reconstrução da cidade ainda não teve fim, e o centro histórico ainda não foi totalmente recuperado. Logo na entrada do município, é possível ver uma obra para conter o assoreamento do rio Paraitinga. No centro histórico, é feita a manutenção da principal ponte de acesso à cidade, afetada pelos temporais.

E uma das obras mais aguardadas pela população, a da matriz de São Luís de Tolosa, igreja símbolo do município, ainda nem teve início. Tijolos retirados de escombros serão reutilizados na recuperação, prevista para começar em breve. A cidade, conhecida pelo potencial turístico, tenta aos poucos se recuperar. Para isso o canteiro de obras da igreja matriz recentemente foi aberto para a visitação de turistas e moradores.

Alguns resultados já são visíveis. O programa da Unesp para o desenvolvimento sustentável de São Luiz do Paraitinga, que é composto por dez frentes de atuação, realizou, durante a Festa do Divino, entre os dias os dias 21 e 23/5, uma pesquisa para identificar o perfil dos visitantes, suas avaliações sobre os serviços e suas impressões sobre a situação da cidade. Quase dois terços dos entrevistados consideram que a recuperação está avançando bem.

alesp