Semana Orlando Villas Bôas: artistas do Acervo que retrataram índios brasileiros

Emanuel von Lauenstein Massarani
23/04/2004 19:26

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De Maurício Takiguthi, Anchieta e os Curumins 
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Numa homenagem ao Dia do Índio e à Semana Orlando Villas Boas, que se realiza de segunda-feira, dia 26 de abril a sexta-feira, 30 de abril, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, publicamos hoje a apresentação dez obras de artistas incluídos no Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho que retrataram, com sensibilidade e poesia, figuras representativas de diversas nações indígenas. São eles: os pintores Elon Brasil, Leone Miroglio, Marco Rossi, Maurício Takiguthi, Prescila Mazzola, Rosa Godoy, Théta C. Miguez e Val Santinho e o escultor americano Thomaz. As obras estão expostas no hall Tancredo Neves.

"Maternidade Kamayurá" de Elon Brasil

No contexto das ambientações pictóricas de Élon Brasil, encontramos a expressão de um verdadeiro temperamento de antropólogo, caloroso defensor que é dos povos que habitam nossas terras desde antes do descobrimento, na realidade, os verdadeiros donos da terra de Santa Cruz. Serenidade, alegria e angústia são sentimentos que encontramos narrados com maestria em suas obras e de modo especial em "Maternidade Kamayurá".



"Índio guerreiro do Xingu" de Leone Miroglio

O humanismo que Leone Miroglio retrata é conduzido por um íntimo desenrolar que se reflete também na estrutura de seus personagens, onde a vitalidade do artista se evidencia. A solidão do homem, o seu tormento existencial, não são vistos como situações amadurecidas no isolamento, mas inseridas em narrações que tiveram suas origens anteriormente. A obra "Índio guerreiro do Xingu" reflete a ansiedade do artista na defesa e preservação dos primeiros donos da terra Brasílica.

"Menina Kalapalo" de Marco Rossi

O cromatismo de Marco Rossi, mesmo se denso e homogêneo, é inédito, como é incomum a maneira com que o artista deixa filtrar a luz com tanta doçura de modo a induzir o espectador a sentir poesia e lirismo onde se trata de pintura. A obra "Menina Kalapalo", diz perfeitamente da linha adotada por esse artista, onde tudo é fruto de um pronto élan em defesa dos primeiros habitantes da terra brasilis, numa homenagem àquela realidade que o espírito recolhe como ponto de partida.



"Anchieta e os Curumins" de Maurício Takiguthi

A arte de Mauricio Takiguthi possui um íntimo sabor espiritual e alcança um perfeito equilíbrio entre os internos valores humanos e aqueles plásticos da expressão. Criando um estilo totalmente original e um gosto refinado do retrato, o artista sabe amadurecer o instintivo sentido da cor, disciplinando a arte de usa-la com cuidadosa medida e com robusta variedade de acordes. A obra "Anchieta e os Curumins" constitui o primeiro estudo inacabado sobre da obra "Anchieta o Apostolo de São Paulo" doada pelo Legislativo Paulista ao Papa João Paulo II. Trata-se de perfeito exemplo de uma estética clássica, embora contemporânea.



"Índia Carajá" de Rosa Godoy

A pintura de Rosa Godoy é rica de temas tipicamente brasileiros e personagens indígenas. Elabora com precisão cuidados estéticos e de estilo. Sua extraordinária familiaridade com a cor transforma suas obras em verdadeiros arco-íris ricos de cromatismo. Na obra "Índia Carajá", a mensagem de Rosa Godoy, enraizada e solitária no seu universo idílico, é a poesia de uma natureza ainda inalterada que reclama para si o ser humano antes de um epílogo irreversível.



"Perfil de Índio 1" de Prescila Mazzola

A arte figurativa de Prescila Mazzola deve ser considerada assim, fora e acima de toda polêmica, deve ser julgada em relação àquelas que são as qualidades expressivas do artista e avaliadas como manifestação de um excelente virtuosismo técnico e de um sentimento que não se distanciou do ideal conceito do belo. Na obra "Perfil de Índio 1", a artista demonstra seu grande interesse pela humanidade, dando ênfase a retratar os primeiros habitantes de nossa terra, que ela nos apresenta com uma pátina iluminada de otimismo.

"Curumim" de Théta C. Miguez

Théta C. Miguez é uma artista impulsionada por um sentimento de amor para com o mundo. Um sentimento forte e puro, de natureza quase religiosa. Por isso pinta: para falar a si mesma e também aos outros. Gosta de participar com eles do que sente de sua severa, mas feliz, interpretação da vida. E isso da maneira mais clara e direta: mediante das imagens. Quando a visão se faz etérea, impalpável e transparente, a artista se realiza integralmente na sua dimensão humana e artística, porque pinta os seus sonhos com a universal linguagem da arte, na qual a cor se sintoniza em lírica vibração com a poesia como na obra "Curumim".



"Os verdadeiros donos da Terra" e "Abaeté" de Val Santinho

A pintura de Val Santinho é forte, suas cores são acesas e profundamente harmônicas. A artista opera um expressionismo seu, individual, concebido na liberdade da própria paixão e no empenho do próprio tema. Trata-se de uma mensagem imediata, eficaz. O valor da pintura dessa artista está, sobretudo, naquela parte mais íntima e mais escondida, mais precisa e mais sincera que elabora. As obras "Os verdadeiros donos da Terra", da série Xingu, e "Abaeté", são testemunhos de sua criatividade pictórica. Moderna, atenta e disponível à participação ativa, Val Santinho empenha-se em ser mais uma voz em defesa desse nosso povo, usando a pintura para tal fim.

alesp