Prosseguem atividades da Semana Orlando Villas Boas, na Assembléia


28/04/2004 19:21

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Debates do terceiro dia da Semana Orlando Villas Bôas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/SVB 28abr04A   M.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Fotógrafo etnográfico Renato Soares <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/SVB Renato Soares.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Jornalista Jorge Ferreira <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/SVB JorgeFerreira.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Paie Kayabi, administrador regional do Parque Indígena do Xingu<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/SVB repre da Funai   M.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> O fotógrafo José Pinto, que acompanhou Orlando em diversas ocasiões, prestou uma homenagem ao sertanista lendo poema que escreveu quando de sua morte em 2002.<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/SVB JosePinto.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

DA REDAÇÃO

O terceiro dia da Semana Orlando Villas Bôas, na Assembléia Legislativa, foi marcado, como os anteriores, por depoimentos emocionados sobre a convivência com a família. O médico Murilo Vilela abriu o encontro com a exibição de slides da década de 1950, quando teve os primeiros contatos com os povos do Xingu. "Os brancos, muitas vezes involuntariamente, disseminaram doenças entre as tribos, mas não podemos deixar de relatar as verdadeiras operações de dizimação levadas a cabo por garimpeiros e seringueiros. Diversos foram os casos onde constatamos o envenenamento da farinha dada aos índios com arsênico, muitas peças de roupa doadas às aldeias eram previamente contaminadas com o vírus da varíola, o que provocou a morte de centenas de índios, principalmente crianças e idosos", afirmou Murilo ao traçar um panorama dos aspectos médicos resultantes do contato entre as duas culturas.

Retratamos abaixo alguns dos depoimentos dos amigos de Orlando Villas Bôas que compuseram a mesa do painel "Os Olhos e as Palavras dos Villas Bôas" ocorrido nesta quarta-feira, 28/04:

Paie Kayabi (administrador regional do Parque Indígena do Xingu) - "Meu contato com os irmãos Cláudio e Orlando data da década de 1970. Eles me ensinaram muitas coisas que ainda hoje são importantes para mim. Alertaram-me sobre os perigos que estariam rondando a reserva, como a pressão pelas terras."

Carlos Jacchieri (professor, escritor e artista plástico) - "A carta de Pero Vaz de Caminha é considerada a certidão de nascimento do Brasil e a carta Brasil 2000, elaborada por mim e outros companheiros com a inspiração de Orlando, pode ser considerada a certidão de sua maioridade. Sua edição em 2000 prenunciou o 1.º Fórum da Identidade Brasileira, que teve o objetivo de discutir a nossa formação como nação. Em 2005, faremos o 1.º Fórum Nacional em Brasília e em 2006 será a vez de um evento com características continentais, pois, como sabemos, quase todas as nações de nosso continente se ressentem da formação de uma identidade própria que reúna todos os povos que a constituíram."

Jorge Ferreira (jornalista) - "Para mim, Orlando foi um gênio, assim como Assis Chateaubriant. Convivi com ele e seus irmãos por mais de 50 anos e meu primeiro contato foi decorrente de uma matéria que fiz com Leonardo para a revista O Cruzeiro. No Rio de Janeiro, a redação da revista já se preparava para publicar uma matéria crucificando os irmãos Villas Bôas. Quando soube desta armação, conversei com o chefe de redação e posteriormente com o dono dos Diários Associados e da revista, Assis Chateaubriant, para que fosse dada a oportunidade para os irmãos apresentarem a sua versão sobre o que se comentava. Chateu concordou e voei para o Xingu. Lá chegando, encontrei Leonardo e posteriormente Cláudio e Orlando e relatei tudo o que sabia da intenção de se criar uma comoção com a revelação de que Leonardo tivera uma filha com uma índia. Convenci a todos que o mais certo a fazer era Leonardo conceder uma entrevista para a revista revelando o fato antes que outros o fizessem e assim foi feito. O irmão de Orlando foi fotografado com a filha nos braços e revelou sua intenção de se casar com a mãe da menina. A partir daí nos tornarmos amigos.

Leonardo, que faleceu jovem em 1954, era entre os três o mais realista, Cláudio um homem culto, mas ensimesmado e Orlando um gênio, a maneira como via a vida era poética, nunca o vi de mau humor."

Renato Soares (fotógrafo etnográfico responsável pelo acervo de imagens da família Villas Boas com trabalho voltado para a cultura brasileira ) - "Meu contato com Orlando Villas Bôas é mais recente - o conheci pessoalmente em 1991. Mas, desde a minha infância, a cultura indígena e o trabalho dos Villas Boas me fascinaram. Tinha seis anos de idade quando, num porão na casa de meus avós, folheando uma edição da revista Cruzeiro, reconheci "esse herói - Orlando Villas Bôas. A principal lição que aprendi com ele foi a que ensina que o homem não é dono da história, e tem a obrigação de repassar os conhecimentos adquiridos, porque só assim eles fazem sentido. È o que procuro fazer em meu ofício."

Ulisses Capozoli (jornalista) - "A população indígena brasileira hoje está em melhores condições que a dos demais países da América Latina graças ao trabalho dos Villas Bôas. Mais que um indigenista, Orlando foi um humanista".

Ao final do encontro desta quarta-feira houve a exibição do documentário Ya Katu - O Brasil dos Villas Boas, do cineasta Nilson Villas Boas que, segundo o autor, "é o parque do Xingu pela visão de Orlando Villas Bôas". Nilson afirma que o foco de sua câmera são os temas importantes para o Brasil, "embora não tenha participado dessa aventura".

alesp