Ritmos, cores e formas criam musicalidade no construtivismo de Edival Ramosa

Museu de Arte do Parlamento de São Paulo
27/10/2006 15:57

Compartilhar:

<i>Pôr-do-sol em Picinguaba</i><a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/M-Edival-por do sol em picinguaba.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Edival Ramosa<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/M-Edival-Ramosa.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Tanto na pintura como na escultura, a personalidade de Edival Ramosa ultrapassa o construtivismo. Menos teórico do que muitos de seus conterrâneos, desde o início de sua carreira, em 1963, sempre foi receptivo a um novo conceito de realidade, no qual encontrou seu caminho pessoal.

A base de seu poder criativo é de uma profundidade emotivamente sentida, uma assimilação mística e devotada do espaço, onde a luz e a cor têm um papel de grande importância.

Suas obras irradiam uma grande energia, misteriosa e sóbria. Suas formas, que muitas vezes tendem ao relevo mais do que à massa tridimensional, dão a impressão de servir à realização de uma experiência essencial do espaço, mais introvertida do que extrovertida.

Edival Ramosa permanece dentro de seus ícones, onde se concentram suas ânsias de homem das artes e, por conseqüência, perenemente insatisfeito. Nele encontramos, juntamente com sua "fome" de equilíbrio, toda a profunda inteligência do humano, dos entrelaçamentos de gestos e de eventos que representam o nosso estar no mundo.

O artista se observa e nos observa viver. Sintetiza, através de seus traços, as suas e as nossas ânsias, as insatisfações, as dúvidas e as quedas. Não se trata de psicologismo. Existe nele uma consciência perfeitamente esclarecida da dialética do viver, das contradições existentes no íntimo de cada ser humano. Somente o real, de fato, representado nas obras de figuras geométricas, permanece imutável, fixo na sua dimensão eterna.

São formas e cores em contínua variação de ritmos, recuperando sobre a tela certos efeitos brilhantemente sustentados através das graduações assumidas pelas cores acrílicas pulverizadas sobre uma camada de areia.

Em Mandala 2001 e Pôr-do-sol em Picinguaba, obras doadas ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, suas formas geométricas criam poeticamente um sentido musical, dando à imagem um equilíbrio harmonioso. Trata-se de um pintar unido a uma precisa correspondência criativa de ritmos, cores e formas.

O artista

Edival Ramosa nasceu em São Gonçalo, RJ, em 1940. Estudou no Seminário Diocesano São José de Niterói e, depois, no Colégio Estadual de São Gonçalo. Em 1961, fez parte do Corpo Expedicionário de Paz das Nações Unidas em Suez.

Ao visitar, em 1962, as pirâmides no Egito, teve início sua inspiração artística. Voltou ao Brasil em 1963 e, no ano seguinte, foi para a Itália, onde passou a residir em Milão. Recebeu de Arnaldo Pomodoro o 1º Prêmio de Escultura. Durante dez anos permaneceu na Itália trabalhando no ateliê dos irmãos Pomodoro, Jô e Arnaldo. Estagiou, ainda, no ateliê de Lúcio Fontana. Nesse período, expôs na Suíça, Grã-Bretanha, Bélgica e Iugoslávia.

A convite da embaixadora Margarida Guedes Nogueira, expôs em Sydney, Melbourne e Camberra (Austrália). Regressou ao Brasil em 1974, fixando residência em Cabo Frio, RJ.

Fez uma expedição que durou um ano e meio nas aldeias indígenas de Roraima. Em seguida, realizou uma exposição individual no Museu de Salvador. Durante dois anos fixou seu ateliê na Ilha de Itaparica. A partir de 1981, transferiu-se para Ribeirão Preto, SP, onde permaneceu durante seis anos produzindo esculturas e pinturas. Participou de várias exposições itinerantes pelos Estados Unidos, organizadas pelo Museu Afro-Americano de Los Angeles.

Desde 1987, vive em Picinguaba, uma aldeia de pescadores em território paulista. Nestes últimos anos, realizou exposições individuais em Brasília, Rio de Janeiro, Cuiabá e São Paulo (no Espaço Cultural Chap Chap, na Galeria Skultura, no Espaço Cultural V Centenário e no Espaço Cultural do Conselho Regional de Contabilidade).

Possui obras em coleções particulares da Itália, Suíça, Austrália e Brasil e no acervo do Museu de Arte do Parlamento de Estado de São Paulo.

alesp