A obra de Becheroni: um grito de alerta contra a ameaça que paira sobre a natureza.

Museu de Arte do Parlamento de São Paulo
28/09/2005 13:15

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Elvio Becheroni<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/becheroni.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Obra "Árvore do Conhecimento", doada pela família Becheroni ao Acervo do Museu de Arte do Parlamento de São Paulo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Becheroni arvore.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A relação entre o homem e a natureza foi sempre uma obsessão à qual Elvio Becheroni se engajou com vigor. A madeira foi também a matéria prima com que o escultor melhor se identificou. Ele construía suas formas compactas ou curvas - muitas vezes perfuradas - de maneira a que provocassem uma reação palpável das mais agradáveis.

Base de sua inspiração, o artista polivalente não admitia renunciar a despender suas energias, tão necessárias, no corte direto da madeira. Não há dúvida que o grande valor de sua obra se deve ao fato de que foi capaz, por meio de suas formas e sua técnica, de trazer à tona o mistério da vida, escondido no interior da própria madeira, a seu turno, majestosa, ameaçadora, dramática ou exótica.

Em razão de seu amor pela natureza, a obra desse escultor pertence ao mundo da ordem e do equilíbrio, entretanto sob seu aspecto límpido, ela é marcada, dentro da maior simplicidade, por nosso tempo e por nossa vida.

Elvio Becheroni foi um dos raros artistas que seguiram, de maneira rigorosa e também lógica, o caminho que o levou à abstração. Foi essa escolha que valorizou a riqueza e a diversidade de seu conteúdo, condensados na perfeição da própria forma.

A firmeza equilibrada, a clareza e a harmonia das criações desse artista nos transmitem magia e misticismo. Sua abstração nos oferece um estilo que não designa a riqueza e a diversidade de seu conteúdo, mas se condensa na perfeição tangível de uma forma que consegue purificar a luz. Isso nos permite participar do milagre que se produz cada vez que a luz exterior se muda numa luminosidade que não conhece nem "exterior" nem "interior". Entretanto, vale relembrar que no século XIII a teoria estética da luz pregava que essa emanava de duas fontes: a consciência e o mundo exterior.

Na obra "Árvore do Conhecimento", doada pela família Becheroni ao Acervo do Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, estão evidentes clareza, harmonia e firmeza equilibradas que constituem a característica marcante de suas criações, onde o sentido da simplicidade é uma constante, paralelamente, a um equilíbrio natural e orgânico. Sua obra possui, ainda, a grande qualidade de lançar um grito de alerta contra a ameaça sombria que paira sobre a natureza.



O Artista

Elvio Becheroni nasceu em Florença (Itália) em 1934 e faleceu em São Paulo no ano de 2000. Viveu e trabalhou em Milão (Itália), São Paulo e Southfield (Detroit - Estados Unidos). Começou sua atividade artística em 1962 e a partir de 1980 instalou-se no Brasil.

Suas pesquisas artísticas, além da escultura e da pintura, também foram orientadas para a cerâmica, gravura, jóias, etc., dedicando se profissionalmente a arte, expondo nas mais conceituadas galerias de arte Italianas e Européias. A comissão de críticos do Anuário de Arte Bolaffi/Mondadori da Itália o selecionou como um dos melhores gravadores em 1971 e 1982; um dos melhores pintores em 1974 e um dos melhores escultores em 1982.

Participou também como correspondente de arte para as revistas "Domenica del Corriere" e "Corriere di Informazione", fazendo extensas reportagens sobre os artistas Soviéticos, oficiais e dissidentes. Em suas viagens de estudo além da Europa, esteve nos Estados Unidos, Oriente Médio e na ex- União Soviética.

Convidado pela Prefeitura de Milão realizou em 1993, uma importante mostra intitulada "Amazônia: Floresta Desencantada, na prestigiosa sede da "Rotonda di Via Besana", naquela cidade. A mesma exposição foi apresentada na França durante o festival de Arte de Saint Gabriel, na Normandia e em maio de 1995, no Palmengarten, de Frankfurt.

A partir de 1962, expôs nas mais representativas Galerias de Arte , Bienais Internacionais, tanto de escultura quanto de gravura tendo em reconhecimento recebido inúmeros prêmios e distinções.

Suas obras se encontram em importantes coleções e em famosos Museus da Alemanha, Bélgica, Itália, Iugoslávia, Rússia, Estados Unidos e América Latina e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.

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