Mortes no trânsito: um Boeing por dia!

Opinião
18/01/2007 16:32

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Afanásio Jazadji*<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/afanasio.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

No fim de setembro de 2006, às vésperas das eleições, o Brasil ficou chocado com a queda de um Boeing da empresa Gol sobre a Amazônia, no trajeto entre Manaus e o Rio de Janeiro. As causas e os detalhes do acidente já foram suficientemente discutidos e analisados. O que importa é que, em apenas alguns segundos, morreram 154 pessoas, um triste recorde da história da aviação comercial brasileira. Desastres aéreos provocam impacto na opinião pública porque geralmente resultam em muitas mortes de uma só vez, com raros casos de sobreviventes. Há quem tenha tanto medo de viajar de avião, a ponto de optar por longos e demorados trajetos de automóvel ou ônibus.

Quem prefere enfrentar as rodovias está salvo? Não. Ao contrário: as estatísticas mostram que, no país, a proporção de mortes em viagens terrestres tem sido muito maior do que nas aéreas. E isso é terrível. Ao contrário das nações mais evoluídas na economia e na cultura, o Brasil perde, a cada ano, cerca de 60 mil vidas em acidentes de trânsito nas ruas e nas estradas. Feitas as contas, são 164 mortes por dia. Um Boeing lotado caindo e matando a cada dia!

Algumas estatísticas anunciam 40 mil mortes no trânsito por ano. Outras chegam a 50 mil. E existe explicação para o fato de os números da Fundação Vida Urgente apontarem uma situação ainda mais grave: 60 mil mortes por ano, em média. Neste último caso, são computadas não apenas as mortes ocorridas no local do acidente, como também as de feridos que morrem em hospitais.

Esses acidentes representam para o Brasil um desperdício de vidas e também de dinheiro. Desastres em ruas e estradas consomem R$ 27 bilhões por ano, o que significa jogar fora 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB).

Menos mal que no Estado de São Paulo as rodovias têm pedágio caro, mas apresentam qualidade e segurança, principalmente naquelas de duas pistas e de constante vigilância. Quem atravessa a divisa com Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e outros Estados convive com o drama de estradas que existem só no mapa. No entanto, mesmo assim, é perigoso viajar pelas rodovias paulistas, tanto em tempo de férias quanto em qualquer outra época. Isto por causa da imprudência e da impunidade.

O Brasil possui um Código de Trânsito rigoroso, mas nem sempre respeitado: motoristas abusam da velocidade e das bebidas alcoólicas e cometem verdadeiros absurdos ao volante. Por outro lado, há pedestres que têm culpa por grande parte dos acidentes, por atravessarem ruas, avenidas e estradas sem qualquer cuidado básico.

De acordo com os dados oficiais do DataSUS, órgão do Ministério da Saúde, só em 2004 morreram 70.994 pessoas nos locais dos acidentes e nos hospitais. Calcula-se que a média de 2005 e 2006 tenha sido de 60 mil.

A cada ano, o Brasil perde, em acidentes, mais pessoas que o número de soldados dos Estados Unidos mortos em 10 anos da Guerra do Vietnã. Nosso trânsito é uma guerra, é uma sucessão de Boeings caindo. Alguma coisa precisa ser feita...

Afanásio Jazadji* é radialista e deputado estadual pelo PFL- SP

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