Criado o PCC feminino

Opinião
24/11/2006 15:56

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Afanásio Jazadji <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Afanasio Jasadji2.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Nem só de militantes homens vive a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital): o grupo tem planos para atrair para seus quadros, nos próximos anos, um grande número de mulheres. Na verdade, já existe a ala feminina do PCC, integrada por criminosas e por mulheres de presos de alta periculosidade, mas o plano dessa facção é arregimentar outras mulheres e se infiltrar ainda mais na sociedade. Não satisfeito em ter promovido intensos ataques contra alvos policiais e civis em 2006, esse grupo tristemente famoso pretende ampliar seus domínios em 2007, na busca de simpatia e adesões.

Nos últimos dias, o PCC chegou ao ponto de promover missas para tentar sensibilizar a opinião pública para a greve de fome liderada pelo bandido Marcola e outros detentos contra o regime de rigor imposto em Presidente Bernardes durante a reforma daquele presídio de segurança máxima. E, pelo que se sabe, o grupo busca espaço em festas de Natal e até mesmo nas escolas de samba que vão desfilar no Carnaval paulistano, em fevereiro. A militância do PCC feminino já soma 18 mulheres, que se consideram casadas com o crime.

As moças atualmente integradas ao PCC admitem que foram treinadas para usar explosivos e armas pesadas, como metralhadoras e granadas, para promover atentados nas principais cidades do Estado de São Paulo. Uma parte delas está dentro dos próprios presídios. Outra parcela atua fora das cadeias, nas ruas, agindo em conjunto com os pelotões masculinos do PCC.

Tudo funciona como autêntica instituição do crime. Cada uma das integrantes do PCC feminino tem um padrinho ou uma madrinha nessa facção criminosa. Os principais chefões do grupo batizaram as primeiras mulheres a aderir ao Comando Feminino. Elas chamam o padrinho de "pai". Por ele, estão dispostas a matar ou morrer, assim como ocorre num exército de fanáticos extremistas das guerras do Oriente Médio.

A exemplo dos "soldados" da facção, as mulheres batizadas também prestam juramento de lealdade ao "Partido do Crime", como o PCC é chamado por seus integrantes. Entre eles, existe a pena de morte, tanto para os inimigos externos " no caso, as autoridades ou mesmo gente do povo " quanto para os membros do grupo que deixem de cumprir os 16 itens do estatuto do PCC. As penas contra os faltosos vão desde advertência até exclusão do grupo ou, em caso de traição, a execução por fuzilamento.

Uma das moças do PCC é conhecida como "Águia Solitária". Processada por tráfico de drogas e roubo, ela se orgulha de ter sido batizada por um dos principais líderes do grupo e já participou de atentados e de resgates.

Essa constatação mostra o tipo de evolução do PCC, um bando que surgiu em 1993 em cadeias paulistas. Em 1997, como deputado estadual, tornei-me o primeiro homem público a denunciar as ameaças dessa facção, mas as autoridades do Estado nada fizeram na época. O monstro cresceu e hoje tem inúmeros braços, um desafio para o governador eleito José Serra em 2007.

Em janeiro, São Paulo entra no 13.º ano seguido da administração do PSDB. Espera-se de Serra a firmeza que faltou aos seus antecessores, uma vez que não se deve brincar com a violência e a criminalidade. As estatísticas ainda mostram números assustadores na lista de crimes em todo o Estado. Neste caso, cabe ao governador cercar-se de bons assessores tanto na pasta da Segurança Pública quanto nos comandos das Polícias Civil e Militar e também na Secretaria da Administração Penitenciária.

É tempo de os policiais e os demais cidadãos paulistas deixarem de ser reféns do PCC e de outros grupos ligados diretamente ao crime organizado. São Paulo sofreu um duro desgaste nesses últimos anos e José Serra conta com o aval de seus eleitores para agir com toda a firmeza, em vez de ouvir a voz de fracassados teóricos de plantão. Já não há espaço ou paciência para novas aflições da população. Os ataques do PCC, consumados entre maio e agosto, foram terríveis. Que isto não se repita!

Os líderes do PCC mostram que não silenciaram, tanto que tentaram agitar novamente as cadeias e as ruas por meio de uma greve de fome e por uma falsa "solidariedade" popular. As pessoas aprenderam a ver diferenças entre problemas sociais e banditismo cruel. Assim, as pessoas esclarecidas sabem o quanto o PCC é o grande inimigo da sociedade. Organizar as polícias e criar uma verdadeira política de segurança pública é ponto de honra para o governador que vai tomar posse em 1.º de janeiro. É hora de, de fato, o bem vencer o mal!

Afanásio Jazadji * é deputado esladual (PFL)

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