Crescimento e emprego

Opinião
09/02/2006 15:59

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Milton Flávio<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/MiltonFlavio7.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Em curva ascendente, o desemprego é o grande flagelo da humanidade. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), há no mundo algo em torno de 192 milhões de pessoas sem ocupação. Não entram nesta conta os que sobrevivem no mercado informal, por meio de "bicos". E o que é mais dramático: o crescimento econômico mundial recente não foi capaz de reverter esse quadro. Ao contrário, acabou por agravá-lo. Segundo a OIT, na última década, ao exército de desempregados foram incorporadas cerca de 34,4 milhões de pessoas.

Dados da instituição mostram que o maior crescimento do desemprego, em 2005, ocorreu nos países latino-americanos. O que levou Lawrence Jeff Johnson, chefe do Departamento de Estratégias de Emprego da OIT, a questionar os números anunciados pelo governo Lula da Silva, segundo os quais, no ano passado, teriam sido criados, em Pindorama, 1,2 milhão de novos postos de trabalho. Em entrevista aos jornais, Jeff Johnson declarou: "A questão é saber que tipo de emprego está sendo criado e se esses trabalhos geram uma renda".

O representante da OIT não é o único a duvidar da veracidade dos números exibidos pelo governo federal no que se refere ao trabalho. José Pastore, um dos especialistas no assunto, já deixou claro, em diversos artigos, que não é verdadeiro o fato de que, nos últimos três anos, foram criados no Brasil 3,5 milhões de empregos formais, aqueles que garantem o registro em carteira e os benefícios trabalhistas aos cidadãos. Segundo ele, o que ocorreu é que muitos trabalhadores que não tinham registro passaram a tê-lo, por conta, entre outros fatores, do aumento da fiscalização.

É certo que a taxa de desemprego recuou na Grande São Paulo. Segundo pesquisa Seade-Dieese, que acaba de ser divulgada, ela está em 16,9% da PEA. Mas não há motivo para comemorações, já que aquele percentual revela que estão sem trabalho, na região, cerca de 1,7 milhão de pessoas. É igualmente certo, pesquisas também nos mostram isso, que em São Paulo " de longe o Estado mais rico e desenvolvido da Federação " o trabalho informal cresceu entre 2003 e 2005, durante o governo Lula da Silva.

Se o crescimento econômico global não foi suficiente para diminuir a taxa de desemprego no mundo, como revelam os dados da OIT, não significa dizer que devemos bater palmas para a política-econômica em curso, sob a tutela do ex-prefeito de Ribeirão Preto. É claro que a situação seria menos dramática, se a combinação de juros altos, carga tributária nas alturas, arrocho fiscal, falta de planejamento e incapacidade gerencial não tivesse levado o país a ter um crescimento medíocre nos últimos anos, muito aquém da média mundial e dos índices registrados nos países emergentes.

*Milton Flávio é professor da Unesp, deputado estadual pelo PSDB e vice-líder do governo na Assembléia Legislativa de São Paulo

www.miltonflavio.org

miltonflavio@al.sp.gov.br

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