Acervo Artístico

A pintura abstrata de Evelina Villaça: ansiedade de revelação do próprio mundo interior
28/07/2003 18:32

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Emanuel von Lauenstein Massarani

A pintura de Evelina Villaça se presta a uma consideração: cada ser humano, como portador de sua realidade íntima e subjetiva, permanece sempre para os outros seres um mistério, e junto existe uma miríade de universos, de mundos que inconscientemente se unem para se exprimir, mas que também inconscientemente sempre mais se fecham com inúmeros estratagemas do subconsciente.

O fenômeno acontece mais profundamente aos artistas que, na ansiedade de revelar o próprio mundo interior, empregam os meios e a linguagem que lhe são próprios e congeniais, qual a escultura, a pintura, o traço, a cor, a composição, a matéria e a forma.

A base da pintura de Evelina Villaça é abstrata da melhor qualidade, denota a ansiedade de representar uma fantástica realidade sem a comparação do objeto natural, uma realidade submersa numa quinta dimensão atemporal, até mesmo imensurável na eterna dialética do ser e do não ser.

Cada seu quadro é como uma janela aberta sobre um panorama que permanece para nós sempre desconhecido, se não possuirmos um decodificador de leitura. Eis que nos encontramos debruçados sobre estruturas indubitavelmente de valor, que se casam com uma cor obsessivamente emotiva. Trata-se de uma pintura vulcânica sempre ativa, cujo magma ferve, inquieto, vivo e exasperado, instável e incansável, em contínuo movimento de fugas e retornos.

As suas obras constituem uma sintética sugestão, um inalterável sentido de "pathos", uma composição de bom gosto pictórico, o todo gerado por aproximações quase pessoais feitas de analíticas presenças que emanam uma verdade existencial. A facilidade de idealização e de execução não é tão somente aparente, ela nasce, entretanto, da contínua análise introspectiva de si mesma, precisa, sincera, coerente e apaixonada.

O monocromatismo é predominante nessa atual fase criativa de Evelina Villaça dedicada aos " Subterrâneos do Universo ". São figuras imaginárias, assimétricas, que, às vezes, quase por acaso, insinuam contornos humanos ou paisagens lunares, o todo elaborado com uma massa matérica. A obra doada ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa representa bem o resultado de uma pesquisa arqueológica e antropológica de um universo imaginário e de seus subterrâneos.



A Artista

Pintora e escultora, Evelina Villaça nasceu em São Paulo, em 1944. É formada em História da Arte, na FAAP - Fundação Armando Álvares Penteado (1985). Cursou ainda Arte Contemporânea, no Estúdio Contempoarte, (1999); Escultura com Cláudio Calia (1993); Escultura, no Museu Brasileiro da Escultura - Mube (1996); e História da Arte (1985), no Museu Brasileiro da Escultura - Mube (1996).

Participou de diversas exposições, entre as quais destacamos: 33º Salão da Sociedade Brasileira de Belas Artes do Rio de Janeiro; 7º Salão de Artes Plásticas na Casa de Cultura de São Lourenço (SP); Coletiva de Pinturas e Esculturas na Casa de Cultura de Araras (SP); 47º Salão Oficial de Juiz de Fora (MG); 1º Exposição de Artes das Arcadas, Faculdade de Direito de São Paulo (1997); Salão Bunkyo da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa (1998); Mostra de Arte Latino-americana, Memorial da América Latina (SP) (1999 e 2001); Salão do Esmalte do Museu Municipal do Esmalte Contemporâneo, Tarragona, Barcelona, Espanha; Salão dos Independentes, Paris, França; "Cotidiano e Imaginário", a Arte da ulher Brasileira do Século XX (SP); Mostra de Arte Contemporânea "Tempo Aberto", Espaço Cultural Paineiras do Morumbi (SP); Museu da Casa Brasileira (SP) (2001); Exposição de Escultura, Espaço Cultural Caixa Econômica Federal, Brasília (DF); "Intervenção Urbana", Espaço Cultural Caixa Econômica Federal (SP) (2002).

Recebeu inúmeros prêmios, destacando-se, entre eles: 1º e 2º Salão de Terracota de Santo Amaro (SP); 33º e 34º Salão Feminino da Sociedade Brasileira de Belas Artes (RJ); Casa da Cultura de Araras (SP); XXIII Salão de Maio da Sociedade Brasileira de Belas Artes (RJ); 2º, 3º e 4º Concurso da Galeria Mali Villas Bôas (SP); Medalha de Ouro do Instituto de Artistas Plásticos de São Paulo; 13º Salão José Maria Almeida (RJ).

É membro do Comitê Nacional Brasileiro da Associação Internacional de Artes Plásticas da Unesco, do Sindicato dos Artistas Plásticos do Estado de São Paulo e da Academia Brasileira de Artes e Ciências.

alesp