A paisagem expressionista de Roberto Stavale: sentidos dialéticos e ritmos efervescentes

Acervo Artístico
06/07/2005 16:36

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Obra "Praia do sonho", doada ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/RobertoStavale obra.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A alma de um pintor é sempre algo de ignaro ou misterioso: e não sabe o que existe no seu intimo para vir a luz. Entretanto a alma de Roberto Stavale se oferece tão espontaneamente que em suas obras podemos descobrir a sinceridade com a qual enfrenta seus temas, os reordena ritmando-os, acentuando as relações segundo os fins expressivos que deseja alcançar. O todo tem a ver com o chamamento ao real obtido através do sentimento do que o pintor soube observar nas coisas.

Roberto Stavale enfrenta sempre com fé cada sua obra. O artista é movido por um sonho impagável de beleza formal que não é mais desses tempos modernos de nossa civilização, o que o rende tão singular na massa dos que operam hoje no campo da pintura. Ele pensa com nobreza numa pintura que seja e, é também por isso fora de nosso tempo, um canto de alegria, um hino ao florescer incessante da vida.

Quando a pintura é forte e enérgica não ocorre que seja agradável; quando as cores são acesas não ocorre que estejam necessariamente em harmonia. Sem concessões a efeitos supérfluos, suas imagens se destacam no espaço espiritual, onde afluem recordações e cenas visualizadas sob o fio de uma observação psicológica.

A visão, mesmo sintética de suas paisagens é analisada através de uma atitude perceptiva pouco comum e pictoricamente expressa de uma espatulada nervosa, rápida e fluente que busca e obtém formas e tons com empenho de estilo. Trata-se de um exercício de inspiração pulsante, personalíssimo que ressalta a própria paisagem, rica de mobilidade e de sentido dialéticos e ritmos efervescentes.

Em 1914 o pintor expressionista alemão August Macke escrevia a um amigo: "Há acordes de cores que ao serem vistos se movimentam, tremulam. Se você faz algo de espacial, então o som das cores que tremula, é efeito espacial das cores. Encontrar esta energia criadora de espaço das cores é a nossa mais bela meta." E Roberto Stavale também de há muito a encontrou.

A obra "Praia do sonho", doada ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa, é o resultado de uma experiência do artista onde surge o ritmo das cores e das formas de seus quadros, como alegoria para o que há de rítmico na natureza.

O Artista

Roberto Stavale nasceu em São Paulo, em 1941, no bairro da Bela Vista, mais conhecido por "Bixiga". Artista plástico autodidata, gráfico, escritor e poeta. Ingressou aos 18 anos na Associação Paulista de Belas Artes na qual ainda jovem, ocupou até o ano de 1969 os cargos eletivos de: conselheiro, diretor bibliotecário, diretor de patrimônio e roteirista de excursões artísticas. Hoje é sócio benemérito da entidade. Na literatura compõem seus sonetos, poemas, contos, crônicas e ensaios desde o tempo de ginásio. Sua formação é administrativa, foi empresário, que fez das artes o seu melhor modo de vida.

Além de pintura a óleo, acrílica, aquarela, guache e pastel; pesquisa outras texturas. Faz xilogravuras, pirogravuras e artes gráficas digitais. Tem participado sempre de exposições individuais e de inúmeros Salões de Artes, onde obteve diversos prêmios honoríficos. Expôs seus trabalhos como fundador dos Salões de Artes de Santa Bárbara do Oeste, Americana e Itapetininga, todos nos Estado de São Paulo.

Participaram de suas excursões e andanças nos campos, praias e cidades pintando paisagens e marinhas os consagrados artistas: Innocencio Borguese, Vicente Di Grado, Mário Zanini, Sante Bullo, José Maria Da Silva Neves, Flávio de Carvalho, Salvador Rodrigues Junior, Salvador Santisteban, Cirilo Agostini, Ângelo Simeone, João Simeone, Maestro Alberto Marino, Affonso Caruano, Arlindo Ortolani, Carlos Ayres, Elvin Alves, Laszlo Zinner, Mário de Oliveira, José Lino Zechetto, Edu Das Águas, Nestor Peres e José Procópio de Moraes, entre outros.

Ainda nos anos 60 junto com outros artistas plásticos lançou a revista de artes: "Resenha Artística", que se manteve durante anos por puro altruísmo. Suas obras encontram-se em diversas coleções particulares e oficiais como o Acervo Artístico do Parlamento Paulista.

alesp