Museu de Arte - Hedwa Megged: fantasia e abstração, consciência crítica e energia gestual


24/04/2009 14:04

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Diptico Água e Terra, da serie Os Quatro Elementos <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/04-2009/hedwaDiptico01.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Hedwa Megged alcançou desde muito cedo uma dimensão estética "experimentando" e "re-experimentando" um abstracionismo naturalístico pleno e sugestivo, perfeitamente congênito ao seu temperamento e ao chamamento de sua inspiração.



Sua pintura tem o seu núcleo propulsor numa espécie de "intimismo" ardente que estimula o crescimento e a dilatação do fluxo das imagens, numa projeção expressiva, audaz e veemente. Paulatinamente, ela constrói a própria verdade ideal, poética e humana.



A iconografia de Hedwa Megged está desvinculada de toda paráfrase conhecida, livre de todo e qualquer lugar comum ou manipulação. Ela é impregnada de uma imaginação febril e dinâmica, que nasce de um acontecimento emotivo, de uma natureza que na sua transformação abre zonas fecundas no espírito. Ela é revivida em ângulos diversos, num exultante jogo de tramas, onde fantasia e abstração, consciência crítica e energia gestual encontram o seu justo contraponto e um ponto ideal de confluência.



Na multiplicidade de fenômenos encontramos suas experiências, sua paixão, seu sangue, sentimentos e sobressaltos libertadores que se reúnem no seu universo poético, universo esse vitalizado de elementos móveis, às vezes, suspenso entre a levitação de um sonho e aterrando numa tocante sensação.



Nesse âmbito expressivo se desenvolve a sua caminhada pictórica, caracterizada por uma viva luminosidade de relações e incidências tonais que vão do verde ao azul, do vermelho ao branco. Assim nascem as páginas coloridas de sua intensa autobiografia espiritual, impressas num tecido cromático diversificado e homogêneo, onde os dados naturais se transformam em iluminadas metáforas e a onda sensitiva emocional é reconduzida com ritmo dissonante a traslados inesperados.



O passado e o presente, as coisas vistas e sonhadas são absorvidas em função dialética, como símbolos de uma vida intensa na qual estão envolvidas as nossas distâncias metafísicas, os nossos oásis de paz, de espanto, o limite ilusório dos espaços que se alargam ao infinito. Hedwa Megged assim transmite o seu empenho, a sua interioridade.



No diptico "Água e Terra", da serie "Os Quatro Elementos", doado ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, a pintora nos devolve o eco daquele caloroso e palpitante humanismo e daquele amor próprio de espíritos jovens, aberta à desejada identificação de si mesma para com o mundo e para com os outros seres.



A Artista



Hedwa Megged nasceu no Kibutz Hulda, em Israel. No período de 1959 a 1963, estudou na Escola Superior de Belas Artes em Bat-Yam, Tel-Aviv (Israel). Entre 1965 e 1967, participou na Universidade Federal do México do grupo de artistas orientados pelo grande mestre David Alfaro Siqueiros. Em 1972, veio ao Brasil e desde então se tem dedicado ao trabalho artístico em múltiplas técnicas e suportes.



A partir de 1977, iniciou também sua atividade pedagoga ensinando Artes Visuais para Profissionais. Desde 1985, reside no Rio de Janeiro, onde acrescenta à sua experiência a pintura sobre seda. Em 1981, confeccionou cenários e figurinos para o espetáculo Teatro-Dança no Festival de Dança realizado em Salvador e, posteriormente, em São Paulo.



Realizou mais de 28 exposições individuais em Israel, México, Estados Unidos e Brasil e participou de mais de 35 exposições coletivas com pinturas, gravuras e desenhos no Brasil e no exterior. Dessas exposições destaca-se sua participação no: 1º Salão da Funarte (1978); 2º Salão da Funarte (1979); 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e 6ª edições do Salão de Arte Brasileira da Fundação Moa, Salão Nacional de Arte Contemporânea (1977 e 1984), Panorama da Arte Brasileira no MAM, São Paulo; 5º Salão de Desenho Brasileiro em Curitiba (1983); 15 anos de Exposição Brasil-Japão (1987); "Traje, Um Objeto de Arte? "Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa, Portugal (1991); "Art to Wear", em Dusseldorf e em outras três cidades da Alemanha (1995 e 1996); "De pé cabem mais" " Mercado de Arte e Cultura (1997); "Jardins adjacentes" " Mercado de Arte e Cultura (1997); "500 Anos de Design Brasileiro" " Pinacoteca do Estado, São Paulo (2000).



Possui obras em coleções particulares e oficiais em Londres, Portugal, Alemanha, Brasil e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.

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