Por sua significação interior, as obras de Yara Martini parecem viver fora do tempo, num espaço puramente ideal e nos transmitem um sentido de paz e contemplação. Em relação às atuais pesquisas de percepção, a artista conserva a sua plenitude de pintora, interessada não na complicação toda virtual dos mecanismos óticos, mas numa clareza dos processos da imagem. Yara Martini consegue identificar os elementos basilares de sua composição e traduzi-los em termos pictóricos com uma paleta reduzida ao essencial. Toda sua obra está orientada para uma linguagem de síntese plástica com efeitos monocromáticos e timbres claros. São composições onde o esplendor da luz circula, como linfa vital, onde sentido e razão, olhar e mente, tragédia e esperança encontram um lírico e convincente equilíbrio. Do particular ao universal, da palavra à linguagem, do concreto ao abstrato, a artista nos oferece a medida de sua maturidade artística. A obra "nº 833/04", doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, é uma pintura culta, elaborada internamente e coerente no seu desenvolvimento. A artista Yara Martini, pseudônimo artístico de Yara Maria Martini, nasceu em Bauru, em 1950. Em 1970, transferiu-se para São Paulo, onde viveu até 1985, quando então regressou a sua terra natal. Em 2003, voltou para São Paulo, onde instalou seu ateliê. Estudou desenho e pintura com Rosalinda Costa Sevilha e Lecy Bonfim (1977-1979) e com Angel Saint Martin (1980-1984); desenho com Ana Cristina Andrade (1982), em São Paulo; aquarela com Norberto Stori (1988); escultura na Companhia dos Artistas (1990-1991); e calcografia com Ana Cristina Andrade em Bauru (1990). De 1984 a 1989, dirigiu a Graffiti Galeria de Arte, em Bauru, juntamente com a artista Gisele Aidar, onde realizou 43 mostras individuais e coletivas. Em 1990, com um grupo de artistas plásticos abriu o Espaço Cia. de Artistas, que permaneceu em funcionamento até o final de 1994. No início de 1995, participou de um novo ateliê-escola, denominado Oficina de Artes e Ofícios, espaço fundado por Gisele S. Aidar. Participou desde 1980 de inúmeras exposições individuais e coletivas, foi membro de comissões e júris e curadora de diversas mostras. Possui obras em coleções particulares em São Paulo e Minas Gerais e no Acervo do Museu de Arte do Parlamento do Estado de São Paulo.