Agentes penitenciários em risco
Dois agentes penitenciários que trabalhavam no Cadeião de Pinheiros, na capital, foram brutalmente assassinados, semanas atrás, durante uma rebelião de presos. Tudo aconteceu às vistas de todos sem que ninguém tomasse providências, o que configurou, inclusive, crime de prevaricação.
Esse episódio apenas ilustra como o Governo tem estado ausente dos problemas dos funcionários públicos, especialmente daqueles que atuam na área da segurança. Faltam recursos e equipamentos, a instrução é inadequada e os salários incompatíveis com as funções que exercem. São Paulo, apesar de ser o carro-chefe da nação, é o estado que pior paga os policiais no Brasil.
No que se refere à função de agente penitenciário, a situação é mais complicada ainda. Segundo a Organização Mundial de Saúde, trata-se da profissão mais estressante do mundo. Por isso, torna-se imperativo criar mecanismos que possam proporcionar condições mínimas de trabalho a esses funcionários e, por conseqüência, tranqüilidade à população.
Segurança é uma sensação. As pessoas se sentem seguras ou não. Depende, obviamente, da sociedade, das instituições organizadas e do Estado, criar essa sensação de segurança. A Organização das Nações Unidas admite como capacidade máxima dos presídios 500 indivíduos. E, para esse número de presos, exige aproximadamente 254 agentes penitenciários.
Hoje, temos, em média, 900 presos e menos de 90 funcionários nos presídios, sendo que 10% a 15% deles ficam afastados em razão de férias, licença-prêmio, licença-saúde. Chega-se ao absurdo de haver oito funcionários no plantão noturno. É inconcebível ter oito funcionários num plantão, em um presídio com 900 presos.
Por outro lado, é fundamental exigir que esses agentes de segurança penitenciária sejam realmente preparados para o exercício de suas funções, assim como é necessário o afastamento imediato daqueles que se mostram indignos e inaptos. Antigamente, a polícia era muito respeitada. Há muitos anos, em um discurso, o senador Romeu Tuma afirmou: a polícia não deve ser temida, mas respeitada. Hoje, pelo que se constata, não há nem uma coisa nem outra. As autoridades não são nem temidas nem respeitadas.
O Governo do Estado inaugura presídios no interior, mas não cria novos cargos de agentes. Remaneja agentes dos presídios já existentes para os recém-inaugurados, descobrindo um santo para cobrir outro. Não adianta criar novos presídios e vagas sem, em contrapartida, contratar pessoal qualificado. Se há 15 funcionários num presídio e cria-se outro, não é uma medida inteligente deixar sete no primeiro e oito no segundo. As conseqüências serão inevitáveis, com mais problemas para a população e para o próprio Estado.
Algumas décadas atrás, morar perto de uma delegacia, de uma cadeia, era motivo de status, valorizava o imóvel. Hoje ocorre o inverso. A pessoa não tem tranqüilidade, não consegue dormir. Teme que os presos cavem um túnel na cadeia e saiam no quintal de sua casa. É uma questão que precisa ser imediatamente revista, é suprapartidária, uma questão de segurança.
A morte dos dois agentes do Cadeião de Pinheiros é mais um episódio que escancara essa falta de comando e de uma política para a segurança pública. A segurança pública deve ser instituição de Estado. Polícia tem de ser instituição de Estado, não instrumento de governo. Temos que ter instituições profissionalizadas, funcionários bem pagos, bem treinados, que sirvam à lei e à população, independentemente de quem seja governo e em qualquer esfera.
*Romeu Tuma (PMDB) é deputado estadual, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor, membro titular da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de São Paulo
Notícias mais lidas
- Alesp aprova aumento de 10% no Salário Mínimo Paulista, que passa a ser de R$ 1.804
- Aprovado na Alesp, novo valor do Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804, é sancionado
- Samuel Gustavo de Andrade: sete anos de esperança e despedida
- Lei que transformou dor de família em ações que salvam milhares de vidas completa 10 anos
- Reajuste salarial dos servidores públicos pauta 74ª Sessão Ordinária; assista
- Alesp aprova criação e reestruturação das carreiras de especialista Social, Ambiental e Agropecuário
- Encontro na Alesp define reivindicações de servidores da Polícia Civil ao Executivo
- São Vicente: a importância histórica da primeira cidade do Brasil
- Dia da Policial Militar Feminina exalta conquistas e promove reflexão sobre igualdade na corporação
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações