Revitalizado, Mercadão é marco histórico e gastronômico na capital


12/09/2008 16:01

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Mercado Municipal de São Paulo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/09-2008/mercadao.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Em 12,6 mil m², o Mercado Municipal de São Paulo abriga muitas iguarias e muita história. Conhecido como Mercadão, o histórico edifício do centro de São Paulo tem 75 anos e é um marco da época em que São Paulo se projetava como a metrópole do café.

O Mercadão foi projetado em 1924 pelo arquiteto Ramos de Azevedo, com fachadas desenhadas por Felisberto Ranzini, para substituir o antigo mercado da rua 25 de Março, dando à cidade um equipamento que estivesse à altura de sua importância. O local escolhido foi um lote próximo ao rio Tietê, principal via de transporte de produtos para o abastecimento. O prédio tem o estilo eclético típico do período, com colunatas e abóbadas. Seus famosos vitrais são assinados pelo artista Conrado Sorgenicht Filho e, em vidro colorido alemão, retratam cenas de cultivo e colheita, criação de gado, entre outras.

As obras do mercado foram concluídas em 1932, mas, curiosamente, seu primeiro uso foi como local para estocagem de armas e munições dos revolucionários paulistas, já que nesse período havia eclodido a Revolução Constitucionalista. Somente em 25 de janeiro de 1933 o espaço foi aberto ao público para cumprir sua finalidade original. São Paulo contava, então, com cerca de 1 milhão de habitantes.

O Mercadão tornou-se, ao longo do tempo, uma referência na comercialização de alimentos, até que, com a criação do Centro de Abastecimento de São Paulo (Ceasa) no bairro do Jaguaré (zona oeste da capital), nos anos 1960, viu sua importância diminuir a tal ponto que, em 1973, esteve prestes a ser implodido, sob a alegação de que também não atendia mais às normas de higiene e segurança. A implosão foi evitada graças à ação dos comerciantes, que inscreveram o edifício no Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico de São Paulo (Condephaat). O tombamento do imóvel viria a ser decretado em 2004.

A histórica edificação passou ainda por duas pequenas reformas, nos anos 1970 e 1980, cujos resultados trouxeram ligeiras mudanças ao quadro. Por fim, em 2004, uma grande reforma trouxe de volta a importância e o glamour de outras épocas. Contando com recursos do Banco Mundial (Bird), o projeto assinado pelo arquiteto Pedro Paulo de Melo Saraiva restaurou o edifício e implantou um mezanino de 2 mil metros quadrados (o pé-direito do mercado é de dez metros), onde foi criado um centro de gastronomia, com a instalação de restaurantes.

A "varanda gastronômica", como a definiu o arquiteto, reúne a culinária de várias nacionalidades (árabe, italiana, japonesa e brasileira, por exemplo), mostrando a variedade de culturas que, através da imigração, contribuíram para construir a história de São Paulo. A festa de temperos e sabores inclui ainda os famosos pastéis e o sanduíche de mortadela servidos ali.

O piso de madeira do mezanino recebeu trechos de vidro laminado e temperado, para manter a iluminação dos espaços sob o pavimento intermediário. No subsolo, foi criada uma ala de serviços. Ali se instalaram sanitários, fraldário e enfermaria, além de vestiários, sanitários e refeitório específicos para os funcionários. Instalações elétricas e hidráulicas também foram modernizadas. Externamente, o Mercadão recebeu iluminação monumental, que destaca linhas e detalhes da construção.

O resultado da recuperação do Mercado Municipal se traduz em números: diariamente, seus 291 boxes movimentam cerca de 350 toneladas de alimentos e são visitados por 14 mil pessoas.



O arquiteto de São Paulo



Projetista de algumas das principais edificações históricas de São Paulo, Francisco de Paula Ramos de Azevedo nasceu em São Paulo, em 1851, filho de uma das principais e mais abastadas família de Campinas. Formado engenheiro-arquiteto pela Universidade de Gand (Bélgica), em 1878, retornou ao Brasil no ano seguinte e instalou escritório em Campinas. Em 1886, foi convidado pelo visconde de Indaiatuba para construir na capital os edifícios da Tesouraria da Fazenda e das secretarias da Agricultura e de Polícia, no Pátio do Colégio (concluídos em 1896). A partir daí, estabelece em São Paulo aquele que viria a ser o maior escritório de arquitetura do século 19 e início do século 20.

Entre as principais obras do arquiteto na capital paulista estão a Escola Normal, na praça da República (1894, hoje Secretaria da Educação), o Liceu de Artes e Ofícios (1900, atualmente a Pinacoteca do Estado), o Teatro Municipal (1911), a Agência Central dos Correios (1922) e o Palácio das Indústrias (1924). Ramos de Azevedo morreu no Guarujá, em 1928, quatro anos antes da conclusão das obras do Mercado Municipal que havia projetado.



*Sites consultados: www.centrosp.prefeitura.sp.gov.br e www.itaucultural.org.br

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