Servidores Estaduais exibem holerites em audiência pública


27/05/2004 14:49

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Deputado Hamilton Pereira fala a sindicalistas <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Hamilton 27maio.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Da assessoria do deputado Hamilton Pereira



Sindicalistas de 12 categorias dos servidores públicos estaduais exibiam seus holerites ao final da Audiência Pública, realizada pela Comissão de Relações do Trabalho (CRT) da Assembléia Legislativa, na tarde da terça-feira, 25/5. Os servidores tentavam sensibilizar a representante do governador estadual, Evelyn Levy, que faz parte da Comissão de Negociação Salarial do Estado.

De acordo com o deputado Hamilton Pereira (PT), os sindicalistas consideraram contraditório a afirmação feita por Evelyn Levy de que o governo do Estado está buscando fortalecer suas instituições. A representante dos servidores do Instituto Florestal, que é vinculado à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, afirmou não entender uma instituição forte e capacitada com um corpo de funcionários desmotivado. "Nós, do Instituto, temos um Plano de Carreira que foi constituído há seis anos, porém, ainda não foi posto em prática", afirmou Beatriz. "Ou nosso Governador está sendo mal assessorado, ou está equivocado", declarou.

Evolução

Quanto à afirmação da representante do Governador, o presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Carlos Ramiro de Castro, defendeu que qualquer programa desta ordem deve estar baseado em três pontos: salários, infra-estrutura e capacitação. "Porém, há nove anos não temos reajuste salarial", afirmou. "O trabalhador deve receber reajustes conforme sua evolução dentro da carreira e não através de gratificações", protestou.

Segundo o presidente da Associação dos Oficiais da Reserva da Polícia Militar, tenente Paz, 90% dos policiais militares complementam sua renda com "bicos", 30% moram escondidos sob o risco de serem assassinados e 40% sofrem de transtornos mentais. "As entidades de classe dos policiais está há um ano fazendo manifestações e o governo se recusa a abrir negociação", afirmou.

Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ceeteps (Sinteps) João Ailton Lemos Ferreira, não existe diálogo com o governo do Estado, mas um monólogo. "Durante a campanha o governador dizia que o piso dos professores seria de cinco salários mínimos. Eu sou professor mestre e ganho R$ 645,00", afirmou. "Colocaram um fazendeiro para tomar conta das escolas, que trata os alunos como gado, os professores como vaqueiros e as escolas como currais", protestou.

Ausência

A presidente do Sindsaúde, por sua vez, chamou a atenção para a ausência de deputados da base aliada do governo na Audiência e disse que esse tem sido o tratamento dispensado aos servidores. "Estamos em greve e o Governador disse que nos apresentaria uma proposta no dia 20 (maio), depois no dia 30 (maio) e agora diz que não quer negociar com quem está em greve e com quem não está também", afirmou Célia Regina Costa. Segundo a sindicalista, o salário base dos servidores da saúde varia de R$ 181,00 (médicos) a R$ 44,00 (auxiliar de enfermagem).

Após as manifestações dos sindicalistas, a representante do Governador, que considerou o evento como "uma tarde nem sempre fácil", continuou defendendo que o governo está impossibilitado de conceder reajustes devido ao limite prudencial estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A afirmação causou tumulto entre os servidores que se levantaram questionando quando foi a última vez que o governador teve seu salário reajustado.

Hamilton Pereira, que é presidente da CRT, afirmou que a eloqüência dos discursos dos servidores se deve ao drama que vivem por estarem há tantos anos sem reajuste salarial. O deputado também solicitou a Evelyn Levy que o governador encaminhe os planos de carreira dos servidores para que sejam votados na Assembléia Legislativa. "Somente assim conseguiremos estabelecer um quadro de equilíbrio para que haja uma negociação contínua e não fiquemos sujeitos anualmente ao tipo de discussão que tivemos aqui hoje", afirmou Hamilton. "Também queremos que esta audiência signifique a abertura de um processo de negociação permanente, onde as duas partes possam ter palavra", concluiu.



hpereira@al.sp.gov.br

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