Wall Santos é uma pintora instintiva, motivada pela necessidade de transformar num conto cada moto improviso da alma, que se traduz logo em seqüências visuais. A artista não narra crônicas de episódios ou de fatos, como poderia fazer um contador de histórias, mas conta os acontecimentos de suas emoções, de seus humores, de seus ressentimentos morais, do seu confiar às sugestões da fantasia e, possivelmente, sem exercitar particulares controles racionais e, portanto, submetendo as formas a conseqüentes deformações.

É lógico que as cores são por ela usadas para acompanhar, às vezes, a provocação emotiva. Outras vezes, para obedecer à solicitação imaginativa e registrar momentos diferenciados. Os resultados mais convincentes, a artista os consegue somente quando realiza a condição para as aproximações equilibrada da cor, de suas modulações e de sua concretização em cadências doces e suaves.

Autodidata e apaixonada pela pintura, encontra na sua inventiva a força artística para impor, para transmitir uma mensagem, o que se torna importante. A pintura de Wall Santos, priva de tons violentos, transmite uma sensação de pacata serenidade. Ela consegue acoplar fantasia surreal à pesquisa de poética através das cores transparentes e suaves que evocam mundos de sonho. Enfim um surrealismo pictórico, imediato e impulsivo.

Sua pintura se inspira entre o cosmo e a terra, "céu e terra", uma polêmica antiga e futura não indiferente, uma linguagem de cor e de espaço hermético num estilo próprio. A matéria se decompõe num afunilamento cósmico, enquanto que o espaço e o tempo se contraem: os silêncios rompem os vazios diáfanos e dança o harpejo da luz.

Em "Dádiva", obra doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, encontramos sua mensagem pictórica, de estilo sintético e moderno e onde, podemos ler também uma linguagem oculta que nos leva a descobrir energia e luz e os motos que regem o Universo, no sentido espiritual, científico e artístico ao mesmo tempo.

A Artista



Wall, pseudônimo artístico de Wall Santos Veloso, nasceu em São Paulo no ano de 1959. Pintora autodidata iniciou-se nas artes em 1997, executando suas primeiras obras sob forte inspiração obtida através de sonhos e visões.

Em quase sete anos, produziu cerca de trezentas e trinta obras de caráter abstrato figurativo, sempre desenvolvidas em traços rápidos e definitivos utilizando preferencialmente tintas acrílicas, aplicadas diretamente com as mãos, panos, água e finalizadas, algumas vezes, com pincéis e outros instrumentos.

Sua temática preferencial é constituída de planetas em contextos de ambientações universais, interpretadas e inspiradas sob forte influência de música marcante que utiliza durante seu processo criativo.

Participou de exposições nos anos 2000, 2001 e 2002, no Espaço Cultural Vida e Consciência, dirigido por Luiz Antonio Gasparetto e no Espaço Cultural da Pousada Quatro Luas em Atibaia. Suas mostras se constituem de forma original em variações sobre um mesmo tema: "Universo sobre telas".