"Magic Paula" fala sobre Centros Olímpicos de TreinamentoNo terceiro dia de realização do Simpósio de Capacitação em Gestão Desportiva, realizado na Assembléia Legislativa, a ex-jogadora de basquete, Maria Paula Gonçalves da Silva, a "Magic Paula", declarou que a partir da década de 1980, com a entrada de patrocinadores no esporte amador, o investimento voltado para o esporte "de ponta", por chamar mais a atenção da mídia, deixou esquecida a formação "de base" dos jovens atletas.Atual diretora do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP), da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer do Município de São Paulo, Paula proferiu palestra sobre "Os Centros de Excelência Esportiva e o Esporte de Alto Rendimento". Ela afirmou que, durante o tempo em que foi jogadora, fez muitas críticas aos dirigentes desportistas. Em razão disso, disse ter feito cursos de pós-graduação em gestão esportiva, tendo observado, entretanto, que estes não tratam especificamente da gestão pública.As principais dificuldades apontadas por Paula como gestora pública são a escassez de verbas, a burocracia para realizar pequenas despesas e a falta de motivação de funcionários. Ela aponta que as melhores alternativas para superar esses obstáculos são as parcerias e convênios celebrados com universidades e empresas privadas.Paula informou que o Centro Olímpico, inaugurado em fevereiro de 1976, tem uma área de 50 mil metros quadrados, localiza-se entre o Parque do Ibirapuera e o aeroporto de Congonhas, conta, atualmente, com 730 atletas, jovens na faixa etária de 7 a 17 anos, sendo que 80% desses alunos vêm da periferia e têm a obrigação de continuarem os estudos regulares.Das dez modalidades esportivas que o COTP promove treinamento, que são atletismo, luta e ginástica olímpica, basquete, boxe, handebol, natação, voleibol, judô e futsal, apenas esta última não é praticada em olimpíadas.A diretora informou que, desde 2001, época em que assumiu pela primeira vez o COTP, ela tem se empenhado em promover reformas e melhoramentos no local. Paula apresentou um vídeo que mostra a precariedade em que se encontrava o Centro, "sem bolas, redes, pisos arrebentados", estado de manutenção muito deficiente, e a situação atual, muito mais cuidado e conservado.Compareceram à palestra os deputados Enio Tatto, membro da Comissão de Esportes e Turismo, e Vicente Cândido, ambos do PT."O planejamento faz parte do marketing", ensina professor da USPNa segunda palestra do dia, Paschoal Luiz Tambuci, doutor em Ciência da Comunicação e assessor do Centro de Práticas Esportivas da USP, ressaltou que o planejamento é essencial para se ter um marketing eficiente. Tambuci disse que não há grandes diferenças entre o marketing esportivo e o empresarial. Segundo ele, ambos precisam de um bom produto.O professor ressaltou a importância de se acompanhar o produto desde a concepção da idéia até a manutenção da imagem que conquista o mercado, assim, de acordo com ele, um estudo minucioso sobre a natureza do produto, o preço adequado, o local e a promoção (divulgação) são essenciais para a realização de um bom trabalho.Tambuci ensina que quando se fala de um objeto, as pessoas atentam para a sua serventia, mas quando se refere à sua marca ou característica própria, este produto adquire mais valor agregado. Como exemplo, ele diferenciou o valor de uma bola comum e a bola que o Pelé fez o milésimo gol.Em relação à atividade dos gestores públicos, Tambuci explicou que a dificuldade que as instituições do governo têm de lançar novos produtos, as empresas também têm. Para ele, é necessário criar mecanismos para superá-las. Ele alerta que nem sempre é o custo financeiro que afasta as pessoas, deve-se considerar os sacrifícios físicos e psicológicos aos quais elas são submetidas em relação a transporte, conforto, infra-estrutura e atendimento prestado.Em relação ao atendimento, Paschoal Tambuci ensina que o dirigente que não trabalha a sua equipe para atender bem o público compromete todo o marketing.