Por sugestão de Donisete Braga (PT), relator do Projeto de Lei Complementar 18/2005, a Comissão de Constituição e Justiça adiou para a próxima terça-feira, 13/9, às 14h30, a deliberação sobre a criação da Defensoria Pública no Estado de São Paulo. A principal controvérsia sobre o texto do projeto de lei complementar é a inclusão nos quadros da defensoria dos atuais orientadores trabalhistas da Secretaria do Emprego e das Relações do Trabalho e dos advogados da Fundação de Amparo ao Preso (Funap), vinculada à Secretaria de Administração Penitenciária.Durante audiência pública realizada em 31/8, o presidente da Associação dos Procuradores do Estado de São Paulo, Damião de Lima Trindade, alertou os parlamentares quanto à possível inconstitucionalidade dessa proposta, que, ao seu ver, seria um "trem da alegria". Para ele, a Constituição Federal daria a prerrogativa de migrar para a Defensoria Pública apenas aos procuradores do Estado que atuam na assistência judiciária.Novas discussõesDonisete Braga explicou que, durante esta semana, aprofundará as discussões com as associações de classe, reforçando que o objetivo de seu parecer não foi o de privilegiar esta ou aquela categoria, mas de seguir rigorosamente o que determina a Constituição Estadual. "Tenho recebido opiniões de muitos procuradores do Estado que, em caráter individual, apóiam a inclusão dos defensores da Funap à carreira que será criada com a futura defensoria", comentou. Os deputados Vinícius Camarinha (PSB) e Romeu Tuma (PMDB), no entanto, registraram já ter sua convicção formada de acordo com o parecer do relator, tal como se encontra.UrgênciaRespondendo à indagação de Tuma, o presidente da comissão, deputado Cândido Vaccarezza (PT), afirmou que não há pedido de urgência sobre a matéria, e que esta tramita rigorosamente dentro do prazo. "Mesmo que sobrevenha pedido de urgência sobre a propositura, sua deliberação será em 13/9, já que o prazo ordinário expira em 11/9", explicou. Já Renato Simões, líder da bancada petista, revelou haver acordo entre as lideranças e a presidência de que não será apreciado pedido de urgência antes de a CCJ votar a propositura, de forma que não há risco, nessa fase de tramitação, de ser nomeado relator especial. "A questão será resolvida por decisão sobre a regularidade dos pleitos ou por negociação com o governo estadual", explicou.Outros projetosDepois da discussão sobre o PLC 18/2005, a comissão apreciou uma pauta de 38 proposituras, aprovando 18 projetos de lei. Destacam-se entre eles o PL 171/2004, de Roberto Alves (PTB), que obriga as indústrias farmacêuticas a manterem serviço 24 horas de atendimento ao consumidor; o PL 666/2004, de Conte Lopes (PP), que estabelece normas para o seguro coletivo de acidentes pessoais dos policiais civis e militares. De autoria de Salim Curiati (PP), o PL 331/2004 normatiza o que já é praticado informalmente entre as escolas particulares: o desconto para alunos da mesma família matriculados no mesmo estabelecimento de ensino fundamental, médio ou superior. O projeto prevê, para cada aluno, desconto de 25%, no caso de até dois membros da família, e de 30%, no caso de três ou mais membros.Emenda Constitucional 45A Defensoria Pública, segundo definição presente no artigo 103 da Constituição Estadual, "é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, (à qual) compete a orientação jurídica e a defesa dos necessitados, em todos os graus." Assim, segundo os defensores dos direitos humanos, a criação da defensoria pública, para a prestação do serviço jurisdicional gratuito às pessoas de baixa renda, é elemento essencial para a constituição de um autêntico estado de direito.Esse serviço vinha sendo prestado pelas Procuradorias de Assistência Judiciária Civil e Criminal, órgãos da Procuradoria Geral do Estado (PGE) que atuam desde 1947. Entretanto, a Emenda à Constituição Federal 45 deu às defensorias públicas autonomia administrativa e funcional " a exemplo do que ocorre com os poderes Legislativo e Judiciário e com o Ministério Público ", tornando insuficiente a estrutura adotada por São Paulo.O relatório de Donisete Braga acrescentou ao projeto do governador 46 emendas, entre elas as que assimilam os orientadores trabalhistas e os advogados da Funap à nova instituição.