Simpósio discute "nova doença velha"


19/05/2004 21:06

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Antônio Cláudio Vitoriano, funcionário da Assembléia Legislativa paulista e o jornalista Geraldo Nunes da Rádio Eldorado SP<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/SIMPOSIOB 19MAI04 MAU.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

DA REDAÇÃO

"Uma nova doença velha". Essa foi a definição utilizada na chamada para o I Simpósio Brasileiro de Síndrome Pós-Pólio, realizado na Assembléia Legislativa nesta quarta-feira, 19/5. A síndrome é um conjunto de sintomas resultantes de efeito tardio da poliomielite.

"A doença é uma nova velha conhecida, com suas peculiaridades. E escolhemos realizar o simpósio aqui, na Casa do povo, para envolver todos na busca de melhores condições de vida para os portadores da pólio", ponderou o médico Acary Oliveira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), uma das organizadoras do evento, ao lado da Associação Brasileira de Síndrome Pós-Pólio (Abraspp). "As respostas que buscamos só virão através da organização das pessoas", completou.

Na abertura do evento, a deputada Célia Leão (PSDB) procurou motivar os participantes - uma platéia composta por médicos, estudiosos e portadores de deficiência física - contando sua história. "As coisas acontecem na vida independentemente de nossa vontade; a pólio é uma questão que vive conosco e pode nos afetar de forma direta ou indireta", ponderou. E desabafou: "Estou sentada nesta cadeira de rodas por livre pressão".

O representante da Secretaria Municipal de Saúde, Júlio Magalhães, falou da necessidade de aliar a clínica à prevenção. "O grande sucesso no controle da pólio não se dá apenas pela vacina, mas pelo entrosamento dos vários profissionais das diversas áreas, na busca da melhoria da qualidade de vida dos portadores", refletiu.

Nesse sentido, o representante da Associação de Amparo à Criança Deficiente (AACD), Antônio Carlos Fernandes, falou que "a entidade está se preparando para melhor atender os portadores dessa nova modalidade de deficiência".

Depoimentos

"Quando jogava futebol com os meninos, na minha infância, achava que era ruim de bola, mas não um deficiente físico", declarou Antônio Cláudio Vitoriano, funcionário da Assembléia Legislativa paulista. Ele conta que, até chegar aos 30 anos, tinha uma atividade física normal, apesar das deficiências que a paralisia lhe impunha. "Depois dos 30, ficou mais difícil. Tenho sentido muitas dores nos joelhos e nas costas. Ao procurar um médico, ele me disse que estava envelhecendo. Mas como? Só tenho 35 anos. Descobri, então, em meados do ano passado, que esses são sintomas da síndrome pós-pólio e me integrei ao grupo do Unifesp na busca de tratamento", disse.

Também o radialista Geraldo Nunes, da Rádio Eldorado, contou as dificuldades que tem tido ultimamente, em relação ao sono, à depressão e à ansiedade. "O que mais me chateia é que estou perdendo a energia. Minha perna direita não tem a mesma força de antes. E tudo isso em um momento intenso da minha vida profissional", desabafou. Ele ressaltou que o fato de o Ministério da Saúde não reconhecer a síndrome pós-pólio acarreta uma série de problemas, inclusive os relacionados com a aposentadoria e a falta de assistência médica adequada.

A associação

Cerca de 70% das pessoas que ficaram com seqüelas da paralisia infantil passam a apresentar, depois de décadas de estabilidade física e funcional, novas atrofias musculares, dores, intolerância ao frio, fadiga, ansiedade e depressão, entre outros sintomas. Eles configuram a síndrome pós-poliomielite.

Criada recentemente por pacientes, familiares, médicos e profissionais de saúde, a Abraspp é uma alternativa de apoio aos portadores da síndrome e de difusão dos seus efeitos sobre os indivíduos.

A Abraspp deseja disseminar os conhecimentos sobre a doença e buscar melhor qualidade de vida para os portadores. "Com a fundação da Abraspp, nosso objetivo é divulgar o problema e buscar medidas para ajudar as pessoas", acrescentou Antônio Cláudio Vitoriano

alesp