Éder Rocha imprime sobre suas obras a própria personalidade que é evidentemente atraída pelos seres humanos e seus espaços. O artista prefere a "Sinfonia", em vez do tempo de "Romanza", onde sabe colher o largo respiro sugerido pela visão das ambientações quase desérticas, mas não inanimadas.Encontramos o autor por detrás desse mundo de figuras humanas, que trata com extremo cuidado, com amor, em direção à pureza das linhas. Usa a linguagem que dialoga com o espectador. Trata-se quase de uma complacência.A figura faz parte desse discurso coral, seja sob as vestes de um índio, de uma negra, de um asiático; enfim, dos protagonistas de um mundo para o qual o artista transfere a sua convicta e insaciável sede de liberdade, de uma liberdade clara, plena e generosa. Seus temas e suas cores convergem em defesa das minorias.Éder Rocha é um pintor que possui uma visão límpida do que deseja representar. Sua mão guia o pincel com segurança e extrema finura. Ele pinta como vê e como sente: coerente e constante.Com profunda intuição psicológica e com clareza de fantasia, obtém obras de intensa força expressiva e de alta feitura estilística, em contraste com suas origens e a simplicidade de seu labor cotidiano.Sua pintura é minuciosa, cheia de luz, onde o sentimento poético da natureza e dos seres humanos constituem uma constante viva. Por meio das cores que desfrutam de possibilidades luminosas próprias, sobressai a imagem de um ser sublime e envolvente.O quadro Negra Afro-brasileira I, doado ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, demonstra a espontaneidade cordial desse artista, sem complicações intelectualoides, mas com profundas raízes na realidade.O artistaÉder Rocha, nome artístico de Éder dos Anjos Rocha, nasceu em Caratinga no Estado de Minas Gerais em 1958. No ano seguinte mudou-se com a família para Ilha Solteira, no Estado de São Paulo.Não pôde completar seus estudos devido ao trabalho que exercia para ajudar no sustento de sua família. Trabalhou inicialmente como frentista e em 1978 resolveu mudar de profissão e passou a ser letrista.Sua admiração pela pintura data dos seus 12 anos quando iniciou a pintar com tinta a base de água ( látex ) sobre telas feitas de saco de açúcar, que ele próprio preparava com látex e cola branca e depois as esticava. Em 1978, passou a usar tinta a óleo, que sozinho aprendeu a manusear.Realizou as seguintes exposições individuais: Salão de Artes de Ilha Solteira (1985); 1º, 2º e 3º Expoarte de Ilha Solteira (1985, 1986, 1987); Banco do Brasil, Banco Banespa e Unesp de Ilha Solteira (2000); Prefeitura Municipal de Ilha Solteira, (2002).Participou, ainda, de exposições coletivas: 1º Exposição de Belas Artes de Ilha Solteira; 1º Exposição Circuito de Artes, (2002); ¨Mostra Brasil¨, Espaço Terrasse, Ilha Solteira e Associação Ilhense de Belas Artes (2003).Possui obras em várias coleções, públicas e particulares e no acervo do Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.