Rodrigues Coelho visualizou "São Paulo" como um bandeirante desbravando novos caminhos

Acervo Artístico
11/08/2005 16:25

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Rodrigues Coelho<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/rodrigues coelho.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Painel "São Paulo", doado ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Rodrigues coelho Painel.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Rodrigues Coelho, mesmo no vigor com que explora fundamentos contemporâneos e leis prospectivas, permanece instintivamente realista. Nessa imponente obra dedicada a São Paulo e sua história, artista circunscreve, sobretudo, sua atividade ao tema, indaga para obter um efeito do modelo, na obrigação de manter sólida a unidade geral entre o fundo e os diversos protagonistas, além de cumprir uma sutil operação cromática, que substancie os espaços dinâmicos entre luz e massas em movimento.

Analisando o grande painel, um outro dado se manifesta sem controvérsia: o pintor entende agir fora da lógica do seu tempo. A recusa do ritmo e da tecnologia é possivelmente a chave da pesquisa plástica e histórica sobre São Paulo. Desse ponto de vista, podemos avaliar a sua autodisciplina ao citar os objetos da representação entre situações ambientais e de atmosfera.

Com efeito, não são imagens de fantasia as de Rodrigues Coelho, mas tomadas "in natura" e "in memória" sem compromisso com a dificil solução das questões técnicas e dos temas em fase de narração. Além de uma grande habilidade criativa, devemos reconhecer-lhe o "impasto" dos próprios sentimentos com a luminosidade de suas cores, numa simbiose em direção, precisamente, à tradição.

Rodrigues Coelho é um original e poético intérprete da luz, que modela as formas na mágica fluidez desse meio impalpável e inalcançável. Seu grande mérito é o de saber dominar o pincel, um instrumento tão fugitivo, para dele apropriar-se e dobrá-lo às exigências, não tanto da representação, quanto da descoberta de uma verdade poética orientada em direção ao sentimento, ao espírito, à fantasia e, como tal, autêntica também em suas contradições.

Entre a emoção e o encaixe da luz e da cor que Rodrigues Coelho nos conclama espontaneamente, na fluidez natural das águas do Rio Tietê, naquelas estações do otimismo aos quais o artista parece sempre voltar a sua prevalência de escolha humana.

No seu repertório pictórico, não falta a representação da figura humana envolvida num cenário paisagístico apropriado da terra paulista, onde a presença dos indígenas, do jesuíta Anchieta, de Dom Pedro, herói de nossa independência e de outros tantos fatos marcantes relativos aos ciclos da cana-de-açúcar, do café, do boi e, finalmente, do progresso tecnológico de nossos dias, sem esquecer da primeira sede da Assembléia Provincial do Pátio do Colégio e o Legislativo de nossos dias e dos diversos monumentos significativos de nossa história.

Sem a suspeita de uma impostação cerebral, o que poderia parecer demonstrada pelos modismos na arte, tanto por amor como por escolha, o pintor se dedicou com energia a essa viagem que não é tão somente histórico-naturalista, mas profundamente artística.

No painel "São Paulo", doado ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa, a sólida estrutura de fundo sustenta de fato uma série de imagens históricas, vistas e captadas por olhos sonhadores. No olhar de Rodrigues Coelho, nota-se sempre a solidez de um bandeirante das artes desbravando novos caminhos.

O Artista

Rodrigues Coelho nasceu em São Paulo, no ano de 1925. Formou-se pela Escola de Belas Artes de São Paulo, pela Associação Paulista de Belas Artes e pela Academia Paulista de Belas Artes. Exerceu as funções de secretário geral do "Comité des Arts Plastiques" da UNESCO no Brasil.

Além de pintor, é professor de desenho e de artes plásticas. Executou mais de 2000 obras de arte e participou de mais de 100 exposições oficiais, destacando-se entre elas: Expo Cultural dos Imigrantes (Bienal, SP), Medalha de Ouro; Artistas Sul-americanos, (Coahuila, México), Medalha de Ouro; Mokiti Okada, Palácio da Cultura (MAC, Rio de Janeiro); ASBA, Prêmio aquisitivo, Acervo Pinacoteca S.B.C.; Bunkyo, Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, SP (três participações); I Salão Nacional de Artes Plásticas, Rio de Janeiro, Medalha de Ouro; Coletiva Círculo Militar de São Paulo, Medalha de Ouro; Academia Paulista de Belas Artes, Anhembi, Medalha de Ouro; Festival de Inverno de Campos do Jordão, SP; I Salão de Arte Contemporânea, Americana, SP, Medalha de Ouro; Jockey Clube de São Paulo, aquisição acervo Sede; Contemporary Art, Tampa, Florida, Estados Unidos, Gold Great Master Medal; MAC Taiwan, Formosa, Prêmio Paleta Internacional; Salão de Arte Contemporânea, São Paulo, I Prêmio; Salão Nacional "Centro Cultural Vergueiro", São Paulo, 1º Prêmio; I Salão Nacional de Artes Plásticas, Brasília, DF, 1º Prêmio aquisição com prêmio viagem a Paris, França. Desde 1983, expõe no Clube Atlético Pinheiros, Academia Paulista de Belas Artes Portinari, União Cultural Brasil-Estados Unidos, Espaço Cultural Tabacow, Espaço Cultural BMW, Clube Athlético Paulistano, Maison Continental 2001, Hípica de Santo Amaro, Caixa Econômica Federal, Secretaria Municipal de Cultura.

Suas obras encontram-se em coleções particulares no Brasil, Itália, Canadá, Portugal, México, Argentina e em acervos públicos, notadamente no da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

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