Não são muitos os pintores que sentem ainda o fulgor expressionista. Entretanto, Sou Kit Gom é um deles, pois interpreta a natureza como os expressionistas do início do século XX. Sua pintura é decisivamente impostada sobre a didática do que é real, embora desvinculada de toda convenção acadêmica, longe das fáceis aventuras e particularmente fruto de um consumado "metier" e de uma grande liberdade. Essa liberdade consentiu ao artista não se submeter às imposições e crises em relação ao figurativismo e lhe permitiu se aproximar e conhecer as novas correntes pictóricas, aceitando o que de bom elas propõem, mas recusando decisivamente o que é mero exibicionismo. No "compacto" cromático de Sou está evidenciada a emotividade de um temperamento livre e ancestral, que age sobre o fator psicológico cor-espaço. Essa carga se caracteriza na dinâmica intuição-emoção. Vale lembrar que interpretar a natureza como a interpretavam os expressionistas não foi uma maneira diferente de pintar: possivelmente, a principal e inédita resposta dessa escola foi ser novamente capaz de criar um clima de inocência frente à beleza das árvores, das estações, coisas que pareciam condenadas a não ter mais segredos. Em que pese sua timidez natural e sua humildade como artista, Sou possui uma pincelada precisa, violenta e decidida; e sua cor não tem nuances, mas tons decisivos e viris. Sua vitalidade pictórica reúne ímpeto, fervor, entusiasmo e exuberância, onde cores e luzes se entrelaçam nos luzentes impastos. Densa e calorosa, sua pintura evidencia uma interpretação romântica da realidade. O objetivo do artista está direcionado a superar a representação do que é real para mostrar os elementos naturalísticos sobre um plano de transfiguração romântica e sonhadora. Na obra "Árvore florida", doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, Sou Kit Gom serve-se da cor para articular formas, criar ritmos, exprimir com eficácia e poder de síntese impressões que nascem da natureza de quem ouve as sugestões e traduz as implicações. O artista Sou Kit Gom nasceu em São Paulo em 1973. Seu gosto pelo desenho se manifesta predominantemente em 1981, aos oito anos de idade. Somente cinco anos mais tarde, iniciou seus estudos no Liceu de Arte e Ofício de São Paulo e logo em 1989 participa de "Encontro de Arte Jovens Chineses", onde recebeu o 2º prêmio. Freqüentou, durante dois anos, o Curso de Técnico de Publicidade na Fundação Álvares Penteado. Em 1994, decidiu dedicar-se exclusivamente à pintura. Realizou exposições individuais no Paço Municipal de São Bernardo do Campo (1995); Casa da Cultura de Caxias do Sul, RS (1996); Centro Cultural Assunção, São Bernardo do Campo (1999); Parque Avenida Galeria de Arte, SP (2001); Espaço de Arte Shopping Eldorado, SP (2002). Participou, ainda, de inúmeras exposições coletivas e salões oficiais, destacando-se entre elas: 4º, 5º e 6º Salões de Arte Contemporânea de SBC; XXIII - XXIV - XXVI Salões de Arte Contemporânea de Santo André; 23º, 24º e 25º Salões Bunkyo de Arte Contemporânea, SP; XXXVI Salão Ararense de Artes Plásticas; III, IV, V, VI, VII Salões Nacionais de arte Contemporânea de Campinas; II Salão Nacional de Pintura Contemporânea Brasileira; II Salão Internacional de São Paulo; I Salão Bunkyo de Pintura Figurativa Contemporânea; "Oito Novos Contemporâneos", Espaço Cultural Cásper Líbero, SP (1995); "Edital 95/96" Casa Cultura de Caxias do Sul, RS (1997); "Desenhos", Centro Cultural São Paulo (1997); "Impact Art Show", St. Petersburg, Flórida (1997); "Chapel Art Show", São Paulo (1998/1999/ 2002); "Sociarte", São Paulo (2000/ 2001/ 2002), entre outros. Recebeu vários prêmios e distinções, tendo sido classificado no Dicionário de Artes Plásticas Brasil de Julio Louzada e no Catálogo Brasileiro de Artes Plásticas. Possui obras em diversas coleções particulares e oficiais, notadamente no Museu Banespa, SP; Espaço Cultural Cásper Líbero, SP e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.