Através da fotografia e da pintura encáustica, Anna Donadio indaga os limites do "ser"

Museu de Arte do Parlamento de São Paulo
28/07/2006 17:35

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A pintura de Anna Donadio é, sobretudo, um "sonho" sobre a matéria. Ela detém os poderes poéticos próprios de uma arte que adquire o tom de confidência.

A artista indaga os limites de ser com narrações sedutoras mas ambíguas, porque contam essencialmente histórias de temas irreconhecíveis. Com efeito, ela realiza auto-representações que não revelam inteiramente a identidade do tema, mas aludem à sua presença através de traços de movimento, fragmentos corpóreos e uma insinuação velada de detalhes.

Tal prática envolve também a própria imagem. A figura feminina sofre então múltiplas variantes, novas modalidades interpretativas avançam em visões fluidas e mutantes. Trechos de história pessoal se tornam história comum, enquanto o olhar subjetivo se torna olhar coletivo e auto-representação de mundo.

A matéria pictórica da artista é pródiga em dar aos personagens um respiro, uma estrutura e um perfil. Transparente no concretizar e caracterizar os corpos, ela ondula mas não entra em colisão com a forma anatômica e também artística das figuras tão representativas da sensibilidade de Anna Donadio.

O equilíbrio das formas e dos temas, do cromatismo e dos volumes, da realidade e da imaginação é envolvido por uma luz que é veículo de história e de vida, de descobertas e de sonhos, de intuições e de individualizações, além de precisos contextos existenciais.

Em suas composições, reconhece-se uma impostação feliz e espontânea, um temperamento arejado que afronta serenamente os diversos sentidos da vida. Com pincelada decisiva, sua técnica é personalíssima: utilizando fotografia e pintura encáustica, suas cores de tonalidades quentes são usadas com extrema precisão.

A exemplo de "Eólia", doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, sua pintura é encorpada e, permanecendo pintura, se faz matéria poética através de transposições cromáticas e pinceladas adequadas.

A artista

Anna Donadio nasceu em Avaré (SP), em 1941. É mestre em Direito do Estado pela Faculdade de São Paulo, da USP, e procuradora do Tribunal de Contas do Estado.

Pintora e fotógrafa, formou-se em artes plásticas (2002) e fotografia avançada (2004), pela Escola Panamericana de Artes. Participou de um curso de história da arte ministrado por Giovanni Bagnoli e de outro sobre arte latino-americana, no Instituto Arte na Escola, além do seminário "Educação e Artes Visuais", organizado pelo British Council e pelo Instituto Tomie Otake (2003). Integra o grupo Contempoarte, sob a orientação do artista Waldo Bravo.

Esteve presente nos seguintes workshops: desenho com modelo vivo, sob a orientação de Giovanni Bagnoli e no ateliê de Rubens Mattuck, São Paulo (2000); com Wesley Duke Lee e Cláudio Tozzi, na Escola Panamericana de Artes (2001); e "Arte no Espaço Urbano", com Cláudio Tozzi (2002).

Realizou diversas viagens de estudo pela Europa, visitando a 49ª e a 50ª Bienal de Veneza, a I Bienal de Praga e a Documenta de Kassel.

Entre exposições coletivas e individuais de que participou, destacam-se: I, II e III Mostra Darcy Penteado de Arte (2003, 2004 e 2005); "O Primeiro Outro", Unicid, São Paulo; "40 Anos Criando Criativos", Escola Panamericana de Artes, São Paulo (2003); "Corpo: Parte Todo, Toda Parte", Hotel Lyera Galeria, São Paulo (2004); "Convite a Uma Outra Viagem", Estação da Luz, São Paulo; "Arte 4 I e II", Galeria Área Artis, São Paulo (2005 e 2006); "Corpo Parte IV", Secretaria Municipal de Cultura e Capela Morumbi, São Paulo (2005); "Branco no Branco", Espaço Cosipa de Cultura, São Paulo; "Prenúncio da Primavera", Galerie Thuillier, Paris; e "Diálogos com Tarsila", Espaço de Arte Blue Life, São Paulo (2006).

alesp