Livro conta a história do Jardim da Luz


25/04/2011 20:43

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A história do Jardim da Luz, de sua concepção a sua restauração, e um pouco da história de São Paulo, é o que conta, em fotos, desenhos, pinturas, postais e outras imagens, o livro Jardim da Luz " Um Museu a Céu Aberto, de Ricardo Ohtake e Carlos Ungaretti Dias. Com edição do Sesc-Senac, a obra, lançada no último dia 13 de abril, oferece ao leitor material para uma reflexão sobre os espaços públicos, sua origem, sua finalidade, e a recuperação de áreas urbanas que foram degradadas, como hoje é o bairro da Luz.



O Jardim da Luz



Originado num viveiro de plantas criado em 1800 por ordem real, o jardim foi a primeira área verde da cidade. Vinte e cinco anos depois, seria convertido em passeio público, dando início ao conceito de área de lazer e bem estar dos cidadãos. Também foi a porta de entrada da cidade, com a construção da estação da Luz, em 1860, que ficava dentro do jardim. Por ali chegavam milhares de imigrantes e visitantes, e nessa época o parque teve diversas melhorias.

Outros parques foram sendo criados, e em 1954, o Parque do Ibirapuera era inaugurado, em comemoração ao 4º Centenário da cidade. Nessa época, a região da Luz já começava a ficar decadente, consequência da crise do café. Até década de 1990, o jardim praticamente não teve manutenção, e acabou tendo parte de suas edificações deterioradas, com risco de desabamento, lagos e chafarizes ficaram secos e o projeto paisagístico ficou comprometido.

Além disso, o espaço foi tomado por atividades marginalizadas como prostituição, tráfico e uso de drogas, e se tornou a área de maior criminalidade na capital.

Esse foi o quadro que Ricardo Ohtake e Carlos Ungaretti Dias encontraram quando o primeiro assmiu a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. Carlos Dias, então chefe de gabinete da secretaria, assumiu a coordenação do processo de restauração do Jardim da Luz, com projeto da própria secretaria elaborado pelo Departamento de Patrimônio Histórico, e com o apoio de técnicos da SVMA.



Arqueologia urbana



Carlos Dias explica que o livro é dividido em fases, que vão da origem do bairro da Luz e criação do jardim público até o tombamento do Jardim da Luz, sua restauração e devolução desse equipamento público aos paulistanos. Seguindo uma linha do tempo, os autores narram os acontecimentos ocorridos no ano escolhido, com ilustrações e fotos, e também contextualizam os fatos com o panorama histórico. O acervo da Assembleia contribuiu com documentos e fotos referentes ao tema, e também há muito material obtido em arquivos públicos e particulares, como fotos, desenhos, plantas, publicações de época e mesmo charges e propagandas.

Carlos conta que levantar a pesquisa, escrever e participar do processo de recuperação do parque envolveu pesquisa arqueológica e revelou belas surpresas, como a descoberta das fundações do Observatório Meteorológico, uma torre de tijolos de 20 metros de altura, conhecida como Canudo de João Teodoro, alusão a João Teodoro Xavier de Mattos, presidente de São Paulo. A torre foi erguida em 1874, e tinha no alto um mirante em que se podia subir por uma escada circular em seu centro. O primeiro "arranha-céu" provocava vertigens por causa de sua prodigiosa altura, segundo relatos da época. O mirante foi demolido em 1900.

Outra descoberta foi o túnel com visores que passava por baixo do muro de contenção do lago de Diana, assim chamado por causa da escultura da deusa grega que adorna sua margem. Ao procurar pelo sistema de alimentação e drenagem, os restauradores depararam com um túnel, em que havia janelas " que há muito tinham sido fechadas com tijolos: eram os visores do aquário.



Mapa botânico



Recuperar o projeto botânico do Jardim da Luz também envolveu um trabalho de pesquisa histórica. O mapa básico de distribuição das espécies ainda se mantinha, mas sem cuidados, algumas árvores e arbustos não se desenvolviam e outras espalharam-se em áreas indesejadas e tiveram que ser transplantadas para seus locais de origem. O roseiral foi restaurado com a remoção, para outra área, de um lote de palmeiras imperiais, por exemplo, e recuperou sua antiga função e beleza.

As esculturas que adornavam o lago da Cruz de Malta também passaram por restauração, assim como a gruta artificial, em que se mantém a formação de estalactites e estalagmites pela ação de tubetes de conduzem água na quantidade exata para fazer crescerem essas formações.



O coreto e a casa de chá



Para restaurar o coreto, Carlos Dias conta que foi necessário um projeto de arquitetura para socucionar o problema da deterioração das bases de sustentação da cobertura metálica, terrivelmente comprometidas pelo tempo e abandono. O telhado de chapas metálicas sem solda foi reconstruído sobre as bases recuperadas. A casa de chá também recuperou seu bonito rendado de madeira.

A comparação do velho e do novo surge naturalmente no decorrer da leitura: fotos e dados sobre o jardim de antes de sua fase decadente, o inventário dos problemas, e o resultado do trabalho minucioso de restauração estão ali bem documentados, numa leitura ágil e agradável, apoiada por um projeto gráfico moderno e arejado.



O livro, de 240 páginas, está disponível nas livrarias.



Carlos Ungaretti Dias, historiador, é hoje diretor da Divisão de Acervo Histórico da Assembleia Legislativa.

alesp