DA REDAÇÃO Foi realizada nesta quarta-feira, 26/5, por iniciativa do deputado Sebastião Arcanjo (PT), reunião com a finalidade de debater a renovação de outorga do Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de água da Região Metropolitana de São Paulo e dos municípios compreendidos na Bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí.O superintendente da Unidade de Proteção de Água da Sabesp, Helio Luiz Castro, exibiu uma seqüência de slides para apresentar o sistema e a forma como a Sabesp o gerencia. Castro disse que a RMSP está localizada numa área de baixa disponibilidade hídrica, com poucas nascentes de rios, porém conta com população muito grande, o que exige a captação de água de outras regiões. "O sistema Cantareira também tem sido utilizado pelos municípios que compõem a Bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí."Segundo o superintendente, a maior preocupação da Sabesp é continuar a abastecer as duas regiões. "Por isso, a empresa deseja a gestão compartilhada, mas não com vazões fixas. Não podemos estabelecer, por exemplo, que uma região terá sempre a captação de 5 metros cúbicos, pois eventualmente ocorrem períodos de seca ou mesmo de chuvas em excesso."A Sabesp pretende, de acordo com Castro, que seja feita uma avaliação dinâmica da necessidade de vazões, para que possa atender a todos com qualidade.RepresentantesDalto Fávero Brochi, do Consórcio Intermunicipal Bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, disse que o tema vem sendo debatido há mais de seis meses. "O sistema Cantareira é fruto do erro de planejamento de governo anterior. Nos anos 70, os governantes alegaram que o eixo de desenvolvimento do Estado seria desviado da região de Campinas e que, portanto, a retirada de água da Bacia do Piracicaba não afetaria os moradores locais. Isso não ocorreu."O ex-presidente da Sanasa, Vicente Andreu Grillo, afirmou que o direito de outorga vigente é superior à vazão do Rio Atibaia. "É preciso uma nova outorga que respeite os limites hídricos de cada rio, e isso só é possível por meio da gestão compartilhada."O deputado Arcanjo lembrou que a atual gestão da Cantareira é unilateral, só a Sabesp tem poder de decisão. "A retomada do planejamento metropolitano se faz urgente, de forma a integrar políticas públicas. Para tanto, é necessário debater o estatuto nacional sobre águas, bem como a lei de ocupação de solo nos municípios do Estado."Roberto Felício, outro petista, defendeu a votação do PL que estabelece a cobrança pelo uso d'água. "Apesar de o projeto não ter relação direta com a outorga, interfere na questão da gestão da água, uma vez que implanta um novo perfil para a utilização dos recursos hídricos, através da conscientização.""Não podemos esquecer que a Grande São Paulo depende dos 30 metros cúbicos/segundo captados no sistema Cantareira", apontou o deputado Mario Reali (PT), destacando também a importância da cobrança pelo uso da água. "Todos os envolvidos na questão devem chegar a um acordo para que a implementação de um plano de recursos seja assegurada", disse Reali, lembrando que a Assembléia Legislativa pode ter um papel importante como intermediadora.Para o deputado Sebastião Almeida (PT) a solução não depende exclusivamente do governo, mas do empenho de todos interessados no assunto. "A própria igreja católica adotou o tema Água: Fonte de Vida para a Campanha da Fraternidade da CNBB deste ano". O parlamentar ainda disse que os poderes públicos têm pecado por falta de investimentos em saneamento.