A audiência pública da Comissão de Finanças e Orçamento realizada em São Bernardo do Campo nesta terça-feira, 23\10, teve um tom mais popular. Foi realizada no teatro Cacilda Becker, anexo à câmara municipal daquela cidade. O objetivo da reunião foi o de conhecer as sugestões dos moradores da região para emendas ao Orçamento 2008.

Após a apresentação da Fundação Getúlio Vargas, feita por técnicos daquela instituição, o presidente Bruno Covas (PSDB) abriu os trabalhos. A apresentação se constituiu da apresentação de dados referentes à pesquisa da situação socioeconômica da população do ABC. Compuseram a mesa os deputados Samuel Moreira (PSDB), Alex Manente e Vitor Sapienza, ambos do PPS, Mário Reali, Ana do Carmo, Enio Tatto, todos do PT.

Representante parlamentar da região, Manente apresentou demandas regionais, com destaque para a área da Saúde. Lembrou que o tratamento de esgoto nos últimos tempos foi um setor que não evoluiu na região.

Ana do Carmo também é do ABC e comentou a pesquisa e os resultados. "São Bernardo não é o primeiro mundo. Temos esgotos a céu aberto." A deputada priorizou a construção do hospital regional na cidade.

A Secretaria Municipal de Finanças participou com a presença de José Luiz Gavinelli, que agradeceu a iniciativa e informou que levará sugestões ao governo municipal.

Funcionários da Educação

A Apampesp mais uma vez se fez representar numa audiência pública. Elza Abdalla defendeu os interesses dos aposentados, como incorporação de bônus, reajustes, precatórios etc. Maria Tidei, da Afuse ressaltou que os servidores da Educação não se restringem aos professores. "O segmento é composto também por funcionários e estes precisam de salários mais justos."

Diretora de Macro da Afuse, Elizete Souza, informou que a categoria está em luta desde março deste ano e que projeto de lei do governador chegou à Assembléia, estabelecendo o pagamento de bônus. Isso, para ela, ainda não é suficiente. "Queremos equiparação salarial e respeito à data-base." Reclamou também de os funcionários públicos não terem atendimento específico nos hospitais da região.

A Fatec também teve vez com a participação de Silvia Helena de Lima, que veio denunciar as "péssimas condições de trabalho dos funcionários do Centro Paula Souza." Segundo Silvia, a pesquisa mostra tudo: o descontentamento do povo com a falta de funcionários e de equipamentos, decorrentes do contingenciamento de recursos.

A maioria dos participantes da audiência em São Bernardo abordou o mesmo problema: saneamento ambiental. Segundo muitos dos que se manifestaram, as deficiências do setor precisa de solução urgente, uma vez que saneamento envolve saúde pública.

Em determinado bairro, conforme o cidadão Carlinhos Souza, há até uma unidade básica de saúde que não conta com tratamento de esgoto. Ele cobrou ações da Sabesp. Já Francisco Oliveira destacou a necessidade de revitalização da represa Billings e também lembrou a duplicação da Índio-Tibiriçá, onde, de acordo com Lima, ocorrem muitos acidentes.

O vereador Toninho da Lanchonete (PT) destacou que há necessidade de implantação de troncos coletores em SBC, de forma a equacionar a questão de saneamento e garantir melhorias para a saúde pública. Outras reivindicações foram apresentadas pelo vereador: pavimentação asfáltica da avenida São Pedro, aparelho de raio-x para Hospital Alvarenga e ginásio de esportes para os bairros Batistini e São Pedro. Sugeriu ainda que o Hospital Cristo Humberto seja transformado em hospital regional.

Crise nos hospitais também foi o tema de Mauricio Hashiro, que apontou a necessidade de aumento de verbas para Santa Casa de São Bernardo e para hospitais da região. Suas palavras foram reforçadas por Francisco Lima.

Participação popular

Rosana Silva, da Afuse, cobrou a aplicação das sugestões feitas no ano passado. "O que foi feito com os pedidos do ano passado? Que encaminhamento foi dado?", disse Rosana, ao ressaltar que a CFO deveria prestar esclarecimentos sobre esse pedido.

Samuel Moreira está convicto de que as audiências vão permitir o aprimoramento do Orçamento 2008. O deputado afirmou que vai colher atentamente as reivindicações de todos que venham a participar das audiências públicas.

Vitor Sapienza disse que há algum tempo o Orçamento era "um calhamaço de papel" lido por deputados que decidiam sobre os investimentos. Durante sua gestão na presidência da Alesp, Sapienza contratou técnicos da FAAP para estudar o projeto. "Debater o Orçamento é um exercício de cidadania." Como proposta para região, Sapienza sugeriu a revitalização da Santa Casa de São Bernardo.

Tatto já havia participado das audiências realizadas para orçamentos anteriores (2006 e 2007) e explicou a importância da realização dessas reuniões para debater o projeto que considera ser o mais importante que tramita na Alesp. Tatto mais uma vez defendeu a regionalização do Orçamento para que as demandas de cada localidade possam ser contempladas com recursos.

Falando em cidadania, Ângela Ramos, do Fórum de Participação Popular também marcou presença nesta audiência. Ela esteve na segunda-feira, 22/10, em Campinas e São Carlos.

A criação da Defensoria Pública é prioridade para Luciano Negrão. "A Alesp não pode permitir que o Executivo reduza verbas para a ampliação da defensoria", afirmou, retirando que a autonomia do órgão é garantida por lei estadual."

Em nome da Apae, Lair Moura, explicou a situação crítica por que passa a associação. "Não há vagas para atender a todos que nos procuram e falta orteses e próteses para os portadores de deficiência." Airton Leandro indicou a instalação de unidades do Procon e do Poupatempo.

Miriam Galbino, de Ferrazópolis, quer melhor rede de ensino para a região. Salatiel Souza pleiteia mais moradias populares e hospitais. Roseno Moura sugere investimentos para a Santa Casa de São Bernardo. Márcio Camilo destacou como importante para a região a estadualização dos hospitais Nardini e Serrador.

Ana Lúcia Sanches, do Núcleo de Participação Popular de Diadema, sugeriu mais escolas de ensino médio e uma Fatec para Diadema. Lucas Viana também solicitou mais escolas de ensino técnico.

A audiência pública reuniu cerca de 80 pessoas em São Bernardo do Campo. A próxima audiência acontece em Bauru, na próxima quinta-feira, 25\10, a partir das 9h30.