Civilidade dos "animais" da política

Opinião
10/11/2006 17:23

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Enio Tatto<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Enio Tatto.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Creio que o cenário político paulista para os próximos quatro anos está umbilicalmente ligado ao conjunto da cena política brasileira.

Ente federativo da União, ainda que identificado como "carro chefe" do país, São Paulo, assim como cada um dos demais Estados, precisa estar integrado a um projeto nacional, sob pena de a locomotiva tornar-se empecilho para os demais 26 vagões.

Governos eleitos e reeleitos e legislativos renovados com altos índices de novos parlamentares têm a responsabilidade de impulsionar a política no seu sentido mais nobre, por meio do debate de idéias, com iniciativas de interesse da nação, em especial do povo paulista.

O embate entre situação e oposição, claro,vai permanecer, mas que seja desencadeado a partir de um projeto de Estado e de país, a partir de suas eventuais e salutares divergências.

Tanto para São Paulo como para o Brasil, temos a oportunidade de fechar a primeira década deste início de terceiro milênio com uma bela produção de políticas públicas para o desenvolvimento humano que consolidam as condições objetivas para melhorar a vida das pessoas, já que esse deve ser o propósito da política. Muitas são as dificuldades a superar, as divergências a aparar, mas nada que nos pareça impossível.

Em meio a esse cenário político, que se desenha para os próximos quatro anos, está as eleições municipais de 2008, bem como as muitas demandas sociais que se apresentam como desafios nossos de cada dia " emprego, moradia, segurança, educação, saúde e questão ambiental. É da competência e responsabilidade do governo eleito implementar seus planos para cada um desses temas, mediante o encaminhamento de projetos e outras iniciativas. À oposição cabe fiscalizar, votar as propostas de interesse popular e, na eventual divergência, apresentar alternativas. Ações que fazem parte do jogo democrático.

Aristóteles, pensador da Grécia antiga, definiu que o homem é por natureza um "animal político". Não há dúvidas de que o filósofo está coberto de razão. O que cabe aos "animais" da política é tratar as questões políticas com prioridade máxima para a civilidade, dentro dos marcos da democracia e dos valores republicanos, a começar pelo devido respeito entre os poderes Executivo e Legislativo.

É quase impossível prever o cenário político paulista para os próximos quatro anos. Em cerca de 1.500 dias, com certeza, ele poderá se alterar e muito.Para isso, devemos considerar variantes como a forma de relacionamento entre poderes, composição da correlação de forças e a formação dos blocos que estabelecem a relação maioria e minoria e o nível dos debates de idéias, calendário eleitoral etc.

A nossa certeza é o desejo de que não se repita a desastrosa experiência desses quatro últimos anos. Por trás da "alckimia" de uma aparente diplomacia, educação, voz mansa e pseudodemocracia esconderam-se práticas permanentes de desrespeito do Executivo para com o Legislativo. Em nome de uma suposta eficiência de gestão que, na prática, comprovou-se que nunca se concretizou, prevaleceu a lógica do "rolo compressor". É isso que não queremos que aconteça.

*Enio Tatto é deputado estadual e líder da bancada do Partido dos Trabalhadores

alesp