Ronaldo Bertacco modela baixo-relevos e esculturas a cavalo entre passado e presente

Emanuel von Lauenstein Massarani
03/06/2004 14:00

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Clique para ver a imagem " alt="Obra "As graças da primavera" Clique para ver a imagem "> Ronaldo Bertacco<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/bertacco85.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A escultura de Ronaldo Bertacco nasce de uma contínua pesquisa interior e da matéria e se nos apresenta como um mural gravado. O seu objetivo é o de levar o espectador à descoberta de uma era passada onde os murais constituíam uma das principais expressões artísticas, e o traço, uma simples gravação, onde a arte se exprimia pura e sincera na sua admirável beleza.

Para dar a sensação que os séculos já se passaram sobre seus baixo-relevos, o escultor cria um desgaste sobre suas obras realizadas com resina e pó de mármore. Grava e molda, a ou as figuras, com uma linha atual que olha o futuro e uma pitada de passado: sempre porém essencial no traçado, perfeito nos corpos e alegre na expressão.

"Pensar nos trabalhos desse artista é pensar na antítese de idéias, no jogo da apropriação, da reelaboração que suas obras expressam", assim escreve o professor José Márcio Molfi. Estamos de pleno acordo também quando afirma que: "Em algumas delas, onde há apropriação de barroquismos, a linguagem é profícua em sua contemporaneidade; em outras, o contemporâneo aparente acaba por nos remeter aos elementos clássicos do período renascentista italiano. E é nessa contradição formal que reside, de fato, a gama de leituras em seus objetos artísticos, cuja qualidade de tratamento do material na forma bruta, aliada a uma linguagem própria, se transforma, com esmero, em obras de excelência estética".

Trata-se pois da fusão, de duas eras irreais, mas marcadamente presentes em suas obras onde aparecem vultos, figuras que desencadeiam um movimento de reconstrução de experiências conhecidas e pertencentes ao inconsciente, para quem, muitas vezes, não é a própria imagem que interessa, mas o movimento pela sua reconstrução. Esse é o valor dos vazios, das raspagens, de partes incompletas que deixam espaço a intervenções complementares por parte do observador.

Artista autêntico, seguro, convicto do que pode realizar, sabe modelar o retrato com desenvoltura e nas composições maiores sabe incutir expressividade e movimento nos personagens que cria. A atmosfera criada por Ronaldo Bertacco, pode se manter suspensa carregada de silêncios ou de alegrias primaveris, como na obra As graças da primavera, doada ao Acervo Artístico do Parlamento Paulista.

O Artista

Ronaldo Bertacco nasceu em 1950, na cidade de Nova Granada, São Paulo. É formado em desenho e plástica pela Fundação Armando Álvares Penteado (1971) e está concluindo o mestrado em educação, arte e história da cultura pela Universidade Mackenzie.

Leciona desenho e plástica na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da cidade de São José do Rio Pardo, São Paulo. Mantém seu atelier na capital, onde ministra aulas para artistas. É membro do Intercâmbio Cultural Brasil-Itália.

Suas principais exposições individuais foram realizadas no Museu Guido Viaro, Curitiba, PR (1976); Galeria do Banco Central, Brasília, DF (1988); Galeria Açu-Açu-Blumenau, SC (1993); Museu de Cidade Livre de São José do Rio Pardo, SP (2002); Galeria 22, Shopping Eldorado, SP (2002).

Participou de diversas exposições coletivas, entre elas: VI Salão Paulista de Arte Contemporânea; XXXII Salão Paranaense de Arte (1975); "Realismo", Paço das Artes, SP (1976); "Três Jovens Artistas do ABC", Pinacoteca Municipal de Santo André, SP; XI Salão de Arte Contemporânea de Santo André (1978); XXXVII Salão de Arte de São Bernardo do Campo (1987); "Artisti Brasiliani", Galeria de Arte La Bitta, Roma, Itália (1989); "Artisti Brasiliani nel Giubileo", Galeria d'Arte La Pigna, Vaticano, Roma, Itália (2000); Prêmio Instalação (2001); "Brazilian Art", Court House of Mariland, Washington, EUA (2003); "Mostra d'Arte Brasiliana", Galeria d`arte La Pigna, Vaticano, Roma, Itália (2004).

Possui obras em vários acervos públicos, destacando-se: Fundação Cultural de Curitiba, PR; Castelo de Saint Stef, Paris, França; Ferrovie dello Stato, Roma, Itália; Pinacoteca de Santo André, SP; Pinacoteca de São Bernardo do Campo, SP; Pinacoteca de São José do Rio Preto, SP; Prefeitura de Chapecó, SC; Museu Cidade Livre de São José do Rio Pardo, SP; Palazzo del Vicariato, Vaticano, Itália e Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

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