Comissão de Meio Ambiente debate poluição dos rios da região metropolitana

Dentre os principais problemas discutidos, esteve em pauta a espuma que polui o município de Pirapora do Bom Jesus
02/09/2003 22:33

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José Goldemberg, secretário de Estado do  Meio Ambiente.<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/mambiente20903.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Espuma que polui o município de Pirapora do Bom Jesus foi o tema de destaque dos trabalhos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/mambienteB20903.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

DA REDAÇÃO

"A situação de Pirapora é a última imagem de um descaso de anos e anos", lamentou Raul Silveira Bueno, prefeito do município de Pirapora do Bom Jesus, acrescentado que "as espumas ultrapassam os limites da normalidade e servem de exemplo para que sejam tomadas medidas concretas e não apenas paliativas ou emergenciais".

Bueno falou da necessidade de apoiar o processo de flotação, pois é a única solução a curto prazo, mas mostrando ser necessária uma revisão da lei, que acaba permitindo que "a sujeira seja tirada de um lugar e depositada em outro, causando o problema de saúde pública que vivenciamos em Pirapora". E acrescentou: "Vamos falar menos e fazer um pouco mais".

A declaração foi feita em audiência pública realizada pela Comissão de Meio Ambiente da Assembléia, presidida pelo deputado Donisete Braga (PT), na manhã desta terça-feira, 2/9, com a finalidade de debater a poluição dos rios da Região Metropolitana de São Paulo, com a presença dos secretários de Estado dos Recursos Hídricos e Saneamento, Mauro Arce, do Meio Ambiente, José Goldemberg, e de diversos prefeitos e vereadores de municípios atingidos pela poluição do rio Tietê, deputados estaduais e representantes de ONGs ligadas ao meio ambiente, como a ONG Mirim do Movimento Grito das Águas, que encheu o auditório Franco Montoro de crianças e adolescentes, que se manifestavam com cartazes e faixas a favor do meio ambiente.

Goldemberg falou que um dos principais problemas a ser enfrentado é o tratamento dos esgotos. "É necessário um empenho maior dos prefeitos da região do ABC para tratar os esgotos, autonomamente ou em convênio com a Sabesp", asseverou. E acrescenta: "O problema de Pirapora é a manifestação óbvia de uma situação que não é salutar para São Paulo. O processo de flotação do Pinheiros é emergencial, mas o que é realmente necessário é o tratamento dos esgotos".

Depois de fazer um breve histórico sobre o reservatório Billings, o secretário Arce afirmou que "a mancha de poluição regrediu e que a vida está voltando ao rio Tietê". Arce falou da parceria com a Petrobrás, que prevê um projeto piloto de implantação do processo de flotação, impedido, entretanto, por uma decisão do Ministério Público, que questiona se o tratamento é adequado ao caso. "Jogar água poluída na Billings é proibido por lei. O importante aqui é definir os parâmetros de qualidade da água", explicou o secretário.

O deputado Rodolfo Costa e Silva (PSDB) referiu-se à poluição do Tietê como sendo "uma culpa histórica da sociedade", dizendo ser necessário "definir o modelo de saneamento para que tenhamos um rio limpo".

"É importante que, como resultado desta audiência pública, possa ser redigido um documento ao Ministério Público, que deixe claro o procedimento da técnica de flotação", manifestou-se o deputado Ricardo Trípoli (PSDB), afirmando que "todos estamos em busca da solução de um problema que é comum e que afeta a todos os moradores das regiões pelas quais passam os rios Pinheiros e Tietê".

O deputado Ricardo Castilho (PV) propôs que sejam discutidas no ensino público noções de defesa do meio ambiente. "É importante conscientizar a população", asseverou, refletindo que os rios estão mortos e que a população - especialmente as crianças - está morrendo em razão da poluição dos rios.

Também o deputado Mário Reali (PT) manifestou sua preocupação. Para ele, "é necessária uma ação metropolitana para o tratamento dos esgotos. A flotação é apenas m paliativo e precisamos, na verdade, enfrentar o problema de frente".

Ao final, Donisete Braga prometeu que a Comissão de Meio Ambiente vai verificar o interesse comum em relação a todas as questões discutidas, "adotando uma visão de gestão compartilhada".

alesp