Ao admirar as obras de Nelson Falcão, o observador é transportado a uma silenciosa meditação pensando que nelas estejam sempre presentes momentos do passado, doces recordações fundindo as imagens mais belas e românticas de sua Amazônia natal. Envolta sobretudo num véu de mistério e de mitos amazonenses emerge em sua pintura uma atitude formal e poética. A "matéria" símbolo existencial de história e tempo, sublimada no testemunho gráfico, se torna a mais imediata e autentica presença no traço. A elaboração pictórica da obra é momento de emoção ou documento de um estado mental. Conhecimento cientifico da cor, vibração expressionista, forte e envolvente fazem de Nelson Falcão um pintor verdadeiramente contemporâneo. O artista busca na cor uma composição harmônica e melódica e faz transparecer o resultado de uma pesquisa e ao mesmo tempo o seu desafogo pela incompreensão da sociedade atual. Não podemos esquecer que a paisagem nos é, quase sempre, apresentada sobre uma tonalidade viva, mas ao mesmo tempo insinua uma volta ao passado, um passado que nada tem a ver com o tradicionalismo, mas que a todos nos deixa recordações. A obra "Matinta", doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, e pertencente à série dedicada à Amazônia Onírica, constitui uma transcrição da realidade em termos de atmosfera cujo aspecto descritivo destaca fragmentos do ambiente com refinado imediatismo e sapiente cadencia de tons. O Artista Nelson Falcão nasceu em Manaus, Amazonas em 1974. Desde criança manifestou sua vocação pelas arte de modo especial pela pintura. Após formar-se em administração e finanças, aos 23 anos freqüentou o curso de desenho e pintura hiperrealista na Escola de Artes Edson Queirós (1998) em sua cidade natal, o que lhe proporcionou um grande impulso para sua carreira profissional. Com ajuda do professor Edson Queiroz, procurou nos desenhos e na pintura o despertar para uma realidade de sonho, reflexão e criação. Nesse período descobriu as possibilidades técnicas e a dedicação espiritual que sua arte necessitava. Essa linguagem visual tornou-se assim uma constante na vida do artista, inicialmente como hobby, através de desenhos, pinturas e esculturas. Em 2000 abdicou de sua profissão para buscar na arte a compreensão de um universo poético e de seu papel psico-social junto ao homem. A partir do ano de 2001 se transferiu para São Paulo onde reside e mantém o seu atelier. Formou-se em artes visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo em 2004. Atualmente desenvolve trabalhos voltados à mitologia amazônica que traduzem o seu contato desde a infância com a cultura e folclore de sua região. Suas obras encontram-se em diversas coleções particulares e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.