Políticas para a cultura dão o tom da homenagem ao União e Olho Vivo e à Cooperativa de Circo


28/03/2007 20:05

Compartilhar:

Sessão de homenagem ao Teatro União e Olho Vivo e à Cooperativa Paulista de Circo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/LEMONCHE.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Críticas à Lei Rouanet e elogios à Lei de Fomento ao Teatro da cidade de São Paulo marcaram a sessão de homenagem ao Teatro União e Olho Vivo e à Cooperativa Paulista de Circo, realizada pelo mandato do deputado Vicente Cândido (PT) na noite de terça-feira, 27/3, na Assembléia Legislativa. "Há aberrações inconcebíveis na Lei Rouanet. Espetáculos caríssimos recebem dinheiro público e cobram ingressos de R$ 150", criticou César Vieira, um dos fundadores do União e Olho Vivo.

As homenagens aos 41 anos de existência do União e Olho Vivo e ao nascente trabalho da Cooperativa Paulista de Circo, que completou um ano no final de 2006, reuniram 120 pessoas no auditório Franco Montoro. Além de discursos, houve números de contorcionismo, equilibrismo e mágica.

Na abertura, o deputado Vicente Cândido frisou que não se tratava apenas de uma homenagem, mas de um ato por políticas públicas de cultura no Estado de São Paulo. Ele lembrou as intensas manifestações realizadas em 2004 e 2005 pela criação do Fundo Estadual de Cultura. O projeto não foi aprovado " em seu lugar, passou o Programa de Ação Cultural (PAC) ", mas, segundo ele, a pauta de políticas culturais entrou no Parlamento paulista.

"Conseguimos muito pouco daquilo que era pleiteado pelo movimento artístico, mas houve avanços significativos, principalmente no tocante à sensibilização dos poderes públicos sobre a necessidade de políticas para a cultura. Estamos começando a articular uma reunião das entidades com o novo secretário da Cultura para avançarmos nessa pauta. É preciso que o poder público assuma seu papel de fomentador dos espaços da criatividade, do conhecimento e do saber", afirmou Vicente Cândido.

Homenagem

Após ler mensagens enviadas por Augusto Boal, Antonio Abujamra, Beth Mendes, Marcos Caruso, Sérgio Mamberti, Grupo Pombas Urbanas e Companhia do Feijão, o diretor e dramaturgo César Vieira lembrou que o trabalho do União e Olho Vivo é essencialmente popular e que sua história, iniciada em 1966, foi feita "percorrendo as ruas barrentas dos bairros periféricos de São Paulo".

Nos 41 anos de palco, a companhia apresentou espetáculos como Corinthians, Meu Amor (1967), O Evangelho Segundo Zebedeu (1970), Barbosinha Futebó Crubi " Uma História de Adonirans (1991) e João Cândido do Brasil, A Revolta da Chibata (2003), entre outros. Com temáticas ligadas ao samba, futebol, circo e revoltas populares, acumulou prêmios nacionais e internacionais.

Em seu discurso, César Vieira homenageou o lendário Plínio Marcos, que colaborou com o grupo em vários trabalhos, e o sambista Carlos Costa, o Carlão da Banda Redonda. Criticou as distorções da Lei Roaunet, pediu a criação de política cultural para o Estado de São Paulo e qualificou a Lei Municipal de Fomento ao Teatro, apresentada pelo então vereador Vicente Cândido, como modelo.

"Ela foi construída com a participação do movimento teatral. Não é perfeita, mas é a melhor legislação de política pública para a cultura na história do Brasil. Estamos buscando com Vicente uma lei estadual, porque a que foi aprovada no ano passado é muito fraca", disse, referindo-se ao Programa de Ação Cultural (PAC).

Isabel Toledo, presidente da Cooperativa Paulista de Circo, disse que a entidade tem se empenhado na organização dos artistas circenses tradicionais. Ressaltou que, em pouco mais de um ano de vida, a cooperativa realizou o Panorama Paulista do Circo, primeira mostra de artes circenses no Estado, e a Palhaçaria Paulistana, uma mostra de palhaços no vale do Anhangabaú. O próximo passo é um encontro de artistas circenses da América Latina, que deve acontecer ainda este ano, com representantes do Chile, México, Argentina, Venezuela e Peru, entre outros países. "A gente está se organizando para trazer o circo ao seu devido lugar, que é no picadeiro da cultura", disse Isabel.

Prêmio da Assembléia Legislativa

Vicente Cândido informou que o Prêmio Assembléia Legislativa de Arte e Cultura, de sua autoria, deve ter a primeira edição já no segundo semestre. Em valores corrigidos, segundo ele, a premiação chegará a quase R$ 1,8 milhão, dividido entre todas as linguagens, nas categorias Mérito, Reconhecimento e Revelação. O deputado disse que a idéia surgiu após constatar que o Prêmio Governador do Estado, instituído por Franco Montoro, em 1986, ainda existia, mas não era entregue fazia mais de 16 anos.

"Lógico que essa premiação não vai resolver o problema do financiamento da cultura, mas acho justo o reconhecimento do trabalho cultural. Isso é uma novidade para o Parlamento e espero que ela se espalhe por todo o Brasil", afirmou.

Participaram da mesa do evento, além de Vicente e os homenageados, o deputado petista Cido Sério, o suplente de vereador Alfredinho Alves Cavalcante, a sapateadora Cristiane Matalo e o sambista Carlos Costa.

Houve exibições de números circenses com a jovem contorcionista Daniele Romero, o equilibrista Bruno Edson e o mágico Romizeta.

vcandido@al.sp.gov.br

alesp