Luiz Antônio Cesário: formas que se liberam com energia vital

Acervo Artístico
14/02/2003 16:49

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A Chama da Liberdade: beleza flamejante no jardim da Assembléia<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/obra14fev03.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Emanuel von Lauenstein Massarani

A matéria possui um valor expressivo e intrínseco que é missão do artista fazer aflorar. A reconsagração estética da matéria, até mesmo a menos nobre, é uma conquista da arte contemporânea.

É sobre o filão das pesquisas mais avançadas que se movimenta a obra escultural de Luiz Antônio Cesário. O seu interesse e o seu respeito pela matéria são, antes de tudo, um fato instintivo que tem origem de sua afeição pelo "metier", chamado a medir-se com ela quotidianamente.

Assim, quando o artista se encontra de fronte a um pedaço de ferro ou de aço martelado, a uma escória recém-saída da fornalha, o seu primeiro moto espontâneo é o de compreender o sentido dessas formas, a sua dimensão lançada no espaço, a projeção rítmica que elas podem determinar. Nasce, assim, a exigência de "ajudar" o fragmento de aço a se revelar, a se autenticar e a recuperar a substância ideal aprisionada nas rugas do ferro ou nas dobras do aço, como o diamante nas vísceras de uma montanha.

Arquiteto e escultor, Cesário desejou salvar a beleza do objeto concluído, nesse caso uma chama simbólica. A sua intervenção se orientou a fazer de modo que essa beleza pudesse aflorar da maneira mais explícita. Tratou, em resumo, de alimentá-la, deixando-a flamejante, através das cores de nossa bandeira nacional.

A obra A Chama da Liberdade, oferecida ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa e instalada nos seus jardins, mostra um repertório de formas que se liberam com energia vital, se espiritualizam e irrompem inflamadas no espaço, conservando um quê de misterioso, de ambíguo, conexo intimamente à sua estrutura orgânica.

Interpretar a realidade e transformá-la, dando vida a composições abstratas de sabor expressionístico, foi a missão assumida por Cesário, que conseguiu criar uma estrutura monumental, "totêmica" e policromática, para dar vida a essa "chama", adoção imprescindível de todo ser humano. Para o artista, a tecnologia permanece, ainda, estrutura de um mito: o mito de um progresso da matéria que possui em si todas as potencialidades para se qualificar expressivamente.

O Artista

Arquiteto, urbanista, escultor e cenógrafo, Luiz Antônio Cesário de Oliveira nasceu em São Paulo, em 1960.

Como escultor é autor de diversas obras públicas, entre elas: o "Conjunto Escultural à Paz e à Liberdade" - composto de cinco esculturas em aço medindo em média 10 metros de altura, localizadas no Jardim Botânico do Estado de São Paulo; "A Chama da Liberdade" - escultura em aço com 9 metros de altura e 3 m de diâmetro, localizada no Museu ao Ar Livre, nos jardins da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo; "O Portal do Terceiro Milênio" - mural medindo 350 x 700 cm, para a sede da Sociedade Brasileira de Eubiose, no município de São Thomé das Letras, Minas Gerais.

Participou de inúmeras exposições individuais e coletivas, ressaltando-se: 500 Anos de Descobrimento - Museu Banespa; Museu de Arte Contemporânea da USP; Museu Federal de Arte Sacra - RJ; Colégio Espanhol de São Paulo ? Miguel de Cervantes; Fundação Anglo Brasileira para a Cultura e Educação; Instituto de Cultura Alemã Hans Staden; Caixa Econômica Federal; Banco do Brasil; Philips do Brasil; Eletromídia; Ação da Cidadania - campanha do Betinho; Faculdade de Belas Artes de São Paulo; Sociedade Brasileira de Eubiose; Instituto Nacional do Patrimônio Histórico; Shopping Center Paulista; Espaço Cultural Mediterrâneo; Hotel Copacabana Palace; Consulado da Dinamarca.

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