Audiência no Aterro Mantovani reúne mais de 300 pessoas

CPI das áreas contaminadas e posição firme do Governo do Estado foram cobrados pela população atingida pelo lixo químico do Aterro
21/06/2005 22:02

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Deputados Sebastião Almeida e Tiãozinho <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Sebastiao aterro.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A realização de uma audiência pública conjunta entre as Comissões de Defesa de Meio Ambiente, de Saúde e Higiene e de Direitos Humanos para discutir a situação do Aterro Mantovani foi um dos saldos da reunião que aconteceu nesta terça-feira, 21/6, no município de Santo Antônio da Posse (região de Campinas).

A reunião foi marcada pela pluralidade. Representantes de câmaras municipais e de prefeituras de municípios vizinhos, das igrejas Católica e evangélicas, além de ativistas ambientais de várias ONGs fizeram uso da palavra e pediram solução imediata para o caso do Aterro Mantovani. Retirada do material químico, início do processo de despoluição da área e posição firme do Governo do Estado foram cobrados durante a audiência.

As vítimas da poluição também relataram danos causados pelo Aterro. "A gente não pode beber a água do nosso próprio poço. Sem a terra para a gente plantar e água para molhar nossa produção, vamos viver do quê? Queremos esse lixo fora daqui!", reclamou a representante dos moradores da região, Cleide Santine.

O diretor de Controle de Poluição Ambiental da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado, Otávio Okano, disse que a Cetesb não tem como resolver o problema de um dia para o outro, mas que está estudando alternativas para área.

CPI das áreas contaminadas

"A Assembléia Legislativa tem que aprovar a CPI das áreas contaminadas, que está há três anos emperrada na Casa. Os responsáveis por tantos crimes ambientais têm que assumir a tragédia feita na vida das pessoas. Não é só o Mantovani que precisa de solução. Temos vários casos pelo Estado", defendeu o presidente da Comissão de Defesa do Meio Ambiente, deputado estadual Sebastião Almeida (PT).

Convocada pelo presidente da Comissão de Defesa do Meio Ambiente, a audiência em Santo Antonio da Posse não obteve o quórum necessário para legitimar o ato, mesmo assim, o presidente da comissão, deputado Sebastião Almeida, avalia que a atividade deu passos positivos na busca de soluções para o caso do Mantovani. Uma reunião com o presidente da Fiesp deve ser marcada para buscar a aproximação com as empresas que jogaram lixo na área, assim como uma mesa-redonda entre representantes das vítimas e Defensoria da Água e Cetesb.

A audiência pública no Aterro Mantovani foi solicitada pelos deputados Sebastião Arcanjo e Antônio Mentor (ambos do PT). O deputado Giba Marson (PV) também compareceu ao local.

O caso Mantonavi

Por mais de 20 anos, 67 empresas despejaram irregularmente lixo químico no aterro Mantovani, colocando em risco a vida de milhares de pessoas. Estima-se a existência de 500 mil vítimas indiretas, atingidas pela poluição do rio Pirapitingui, que abastece parte da região de Campinas.

Pelo menos 50, das 67 empresas que despejaram lixo no local, são multinacionais. A defensoria da Água aponta que o Aterro tenha recebido entre 1987 e 2000 cerca de 500 mil toneladas de resíduos contaminados. O local nunca teve um mecanismo de proteção do solo para receber esse tipo de lixo, estando os resíduos distribuídos em 14 valas (algumas a céu aberto).

salmeida@al.sp.gov.br

alesp