A IMPORTÂNCIA DE UM "FELIZ NATAL" - OPINIÃO

Marquinho Tortorello*
17/12/2001 14:17

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Dentre todas as datas do ano, a que mais costuma mover ou comover os sentimentos das pessoas é o Natal. É a festa por excelência da família, é a oportunidade para se fazer a revisão do ano, é a ocasião propícia para se predispor para um recomeço, significado pelo ano novo.

Para quem tem a vida organizada, para quem não falta nada, o Natal pode até ser uma ocasião de exageros, circunstância muitíssimo bem instrumentalizada pelo consumismo.

A quem falta até o essencial, o Natal desperta sentimentos de angústia em face de um modelo econômico que impõe estilos de vida a serem imitados, para o que grandemente ajudam os meios de comunicação.

É minha firme convicção que nenhuma das duas posturas são construtivas. Nem a dos ricos que se perdem na gastança, muito menos a dos muito pobres que se frustram penosamente.

Não duvidemos: há pobres que vivem com admirável dignidade e para quem o Natal é um momento de júbilo espiritual, transcendente. O que seria uma regra, hoje passou a ser um verdadeiro ato de heroísmo. Mas não devemos e nem podemos exigir heroísmo dos outros.

Mais do que nunca, vivemos um tempo em que deveríamos cultivar o equilíbrio, como sugere o espírito da campanha há anos iniciada pelo sociólogo Betinho: "Natal sem fome". Sem fome, mas também sem a afronta que são os gastos astronômicos que em nada se solidarizam com a origem da festa, que é eminentemente cristã.

Não podemos viver somente de racionalismos e, por isso, o Natal não deve ser uma festa cerebrina. Mas o sentimentalismo, tão comum nessa época, não deve ofuscar os nossos olhos e a nossa consciência. Não podemos fazer do Natal uma "tabula rasa" das nossas deficiências de um ano inteiro que se finda. Nessa época, contudo, devemos também encontrar espaço, no mais profundo dos nossos corações, para reavivar as forças interiores de que somos dotados, dons positivos que Deus nos deu, para dar um passo a mais na linha do nosso aperfeiçoamento. Todo Natal é nascimento (o de Jesus e o de cada um de nós) para uma vida melhor, e não para uma "menos vida".

Penso que, assim, o "Feliz Natal" não será um chavão oco, um voto sem conseqüências, mas possa vir a ser um compromisso com os familiares, os amigos, as pessoas que nos cercam e nos querem bem, e aquelas pelas quais temos responsabilidades.

* Marquinho Tortorello é advogado, professor, deputado estadual, presidente da Comissão de Esportes e Turismo da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

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