Sem corar
A desfaçatez faz escola. Não há quem siga o noticiário com atenção que já não tenha, há muito, percebido que raramente os discursos do presidente da República têm respaldo na realidade. Sua Excelência fala o que lhe dá na telha, sem nenhum receio de ultrapassar a fronteira do ridículo. Ele deu um chega para lá definitivo no superego, se é que ele o teve algum dia. Essa mania besta de se achar sempre o máximo, de enaltecer a si próprio como se antes dele nada tivesse existido, é de fazer corar qualquer platéia alfabetizada e que não se deixa levar pelo cinismo conveniente.
Agora mesmo, na manhã do dia 16 de novembro, na abertura da III Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, em Brasília, Lula não se fez de rogado, comparou-se mais uma vez a JK e soltou um de seus disparates habituais: "O Brasil sempre foi pensado de quatro em quatro anos; nunca foi pensado para vinte ou trinta anos. O país que é pensado de quatro em quatro anos fica tão medíocre quanto seus dirigentes". É certo que boa parte da classe política brasileira nunca foi muito chegada ao planejamento de longo prazo. Mas, daí a inferir, como é por ele sugerido, que o seu governo tenha um plano de médio e longo prazo para o país é abusar da boa vontade alheia.
O que Sua Excelência e os seus sempre tiveram foi, isto sim, um projeto para se perpetuar no poder e solapar, quando possível, as instituições democráticas. Nenhum agrupamento se dispõe a comprar uma parte do Congresso Nacional, a tentar amordaçar a imprensa com um Conselho Federal de Jornalismo, sob a tutela da CUT, a aparelhar o Estado de forma jamais vista impunemente. Quais são os grandes projetos deste governo para o país, a não ser criar, se possível, o maior programa de esmolas do mundo, sem dar nenhuma perspectiva aos que dele se beneficiam por falta de alternativas? Quando muito, o governo Lula quer privatizar a miséria para facilitar sua permanência no poder. Algo que, em função das apurações em andamento sobre as lambanças praticadas pelo governo e PT, deve ser inviabilizado pelo voto.
O interessante é que, no mesmo dia em que Sua Excelência posa de estrategista, o ministro Ciro Gomes, da Integração Nacional, vem a público para dizer que a oposição " PSDB e PFL à frente " está "se lixando para o país", que seu único objetivo é enfraquecer Lula, que seria o favorito nas eleições de 2006. Quer dizer que tudo o que já foi apurado (em termos de corrupção), que tudo o que está sendo investigado e que tudo o que, certamente, ainda virá a público por conta do progresso das análises em curso, é invenção dos tucanos? É abusar da paciência e inteligência alheias.
Foi a oposição quem inventou e apoiou Delúbio Soares, Silvinho Pereira e Marcos Valério? Foi a oposição quem criou a tal da "República de Ribeirão Preto", que acaba de dar um tiro na testa de seu ex-comandante, o ministro Palocci? Não digo que o presidente e o ministro e outros tantos que fazem parte do clube sejam incapazes de corar. Mas não por vergonha.
*Milton Flávio é professor de Urologia da Unesp, deputado estadual pelo PSDB e vice-líder do governo na Assembléia Legislativa de São Paulo. Site: www.miltonflavio.org
miltonflavio@al.sp.gov.br
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