De 14 a 16 de outubro a Assembléia Legislativa sedia o seminário Gestão de Pessoas no Setor Público - Desafios e Experiências, organizado pelo Departamento de Recursos Humanos, em parceria com o Instituto do Legislativo Paulista (ILP). O seminário tem três eixos temáticos, com palestras de especialistas, apresentação de experiências e debates. Nesta terça-feira, 14/10, o tema abordado foi desenvolvimento pessoal; nesta quarta-feira, 15/10, o tema é comunicação interna e, finalmente, no dia 16/10, será discutida a importância da qualidade de vida.

O ineditismo do evento, que abordará especificamente o tema recursos humanos, foi destacado pelo 1º secretário da Alesp, Donisete Braga (PT), que ainda saudou a possibilidade de criação de canal de discussão permanente entre os legislativos.

Na abertura dos trabalhos, Carlos Fernando Costa, diretor do Departamento de Recursos Humanos da Alesp, disse que a questão dos recursos humanos é latente nos órgãos públicos e que a intenção do seminário é compartilhar experiências bem-sucedidas e, a partir disso, adaptá-las, repeti-las e melhorá-las. Ele ainda citou a presença de representantes dos legislativos de Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul, além de São Paulo.

Roberto Eduardo Lamari, diretor-presidente do ILP, e Marcos Eduardo Tribst, secretário geral de Administração da Alesp, apontaram a importância da troca de experiências e da capacitação permanente dos servidores.



Desenvolvimento de pessoas



A presidente da Escola Nacional de Administração Pública, Helena Kerr do Amaral, afirmou que o foco do Enap é o treinamento de pessoas em cargos diretivos, com base na Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal, estabelecida pelo governo federal em 2006, usando para isso cursos, debates e seminários. Ela afirmou que seu sonho seria "levar os gestores para conhecer in loco as realidades" de seus setores, visando a criação de uma cultura de capacitação como gestão estratégica, de modo a aproveitar o talento dos quase dez milhões de servidores públicos do Brasil.

Para melhoria do funcionalismo público, continuou Helena Kerr, cabe às lideranças motivar seus subordinados, construindo relações de confiança, para permitir o afloramento de sua autonomia e o aproveitamento de suas potencialidades. Ela ainda contextualizou o papel do servidor público frente aos avanços tecnológicos e às demandas da sociedade moderna e disse que ele pode e deve contribuir para os desafios do país, que passam pela inclusão e redução das desigualdades sociais e a implementação efetiva da cidadania.



A visão do professor



Especialista em Psicologia do Trabalho e Organizacional e professor do Instituto de Psicologia da USP, Sigmar Malvezzi apresentou sua visão de "insider episcopal", ou seja, de conjunto sobre o desenvolvimento psicológico da pessoa, com base nas regras sociais e na educação. Ele falou da gestão da produção de bens e serviços e abordou as demandas da sociedade globalizada e tecnológica atual.

Malvezzi disse que gerenciar é ter conhecimento das regras, mas essas não podem ser aplicadas de modo burocrático, sem julgamento dos casos específicos. Para a solução de problemas, a criatividade é a resposta para substituir a burocracia por uma gestão mais eficiente. O professor ainda lamentou que o conhecimento tem sido apresentado como mais importante que o desenvolvimento, e entendido como um produto acabado, com base em receitas, sem dar espaço para as necessárias adaptações. Finalizando, ele disse que a sobrevivência profissional requer contínuo esforço adaptativo do indivíduo, que deve buscar relações sociais e profissionais personalizadas e gratificantes.



Casos



Para exemplificar a gestão de pessoas no setor público, foram apresentados três casos. Alaôr Messias Marques Júnior, gerente geral da Escola do Legislativo de Minas Gerais, apresentou a Prática Monitorada, adotada na assembléia mineira. Ela é um exercício de atividades promovidas aos novos concursados, em seus respectivos cargos, mediante orientação, acompanhamento e avaliação de monitores previamente designados pela chefia do setor. O projeto consiste em recepcionar, entrosar e orientar os recém-chegados. O desenvolvimento disso é acompanhado pela Escola do Legislativo e pela Diretoria de Recursos Humanos.

Há também o Curso de Formação Introdutório à Carreira do Servidor da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, que é dedicado aos novos servidores concursados, com duração de seis meses (180 horas/aulas). Aliado a isso, há a Prática Monitorada, que corresponde a 60 horas do total do curso.

Dentre os resultados obtidos estão, segundo Marques, o envolvimento da equipe no processo; maior percepção de acolhimento e de preocupação por parte da instituição e do setor de trabalho; e redução do conflito de gerações entre antigos e novos servidores.

Roberto Lamari, presidente do ILP, frisou que o órgão foca na capacitação e formação dos funcionários em educação continuada. Atualmente há aproximadamente 42 cursos oferecidos, dentre eles: Processo Legislativo, Ciência Política e Orçamento Público. "Os cursos visam capacitação e promoção da cidadania, além de trazer a população à Alesp", informou. Cerca de 50% do público participante é externo.

Há muitas atividades programadas, como o curso de Formação Política, voltado para o público jovem externo, que será desenvolvido através do ensino à distância.

O ILP tem ainda convênios para que a sociedade civil participe das atividades da Casa. Um deles é com a Ordem dos Advogados do Brasil, para que ela acompanhe os processos da Comissão de Constituição e Justiça.

José Acursio Vaz Souza, superintendente de RH da Assembléia Legislativa da Bahia, expôs a gestão estratégica adotada naquele Estado, com metas e objetivos traçados, focados no serviço ao cidadão. Segundo ele, havia ausência dessas estratégias, o que tornava a execução das atividades confusas e desorganizadas. "A missão estabelecida foi promover, continuamente, a valorização e desenvolvimento das pessoas e da Assembléia Legislativa, contribuindo assim para a melhoria da sociedade", ressaltou Souza.

Para desenvolver o plano de ação foram estipulados dez objetivos a serem cumpridos até o final de 2008. Segundo Souza, estima-se que até março do próximo ano, 80% dessas metas serão alcançadas. O plano se estende a três gerações.

Os resultados obtidos desde 2007 são consideráveis, destacou o superintendente. Dentre eles destacam-se: a redução da burocracia, posse, etc; implementação de ações osciais e de cidadania; aumento do número de escolas e estudantes visitantes; e revitalização do programa Reciclaba (de reciclagem).