Endocrinologista alerta CPI sobre casos de tireoidite crônica no ABC


01/04/2009 20:08

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Rodolfo Costa e Silva preside os trabalhos da comissão<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/04-2009/CONTAMINARodolfoCostaeSilva03MAU.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Adriano Diogo <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/04-2009/CONTAMINAAdrianoDiogo7MAU.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Maria Ângela Zuccarelli Marino e Rodolfo Costa e Silva<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/04-2009/CONTAMINAMariaAngelaZaccarelliMarino7MAU.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Participantes da CPI das Contaminações Ambientais<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/04-2009/CONTAMINA - MAU_1728.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> José Bittencourt <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/04-2009/CONTAMINAJoseBittencourt5MAU.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Minervina de Oliveira Moreno<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/04-2009/CONTAMINAMinervinaOliveiraMorenoSADIA10MAU.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Há uma alta incidência de tireoidite crônica autoimune em moradores de bairros vizinhos ao polo petroquímico do Grande ABC. Isso é o que demonstram os estudos realizados pela endocrinologista e professora da Faculdade de Medicina do ABC Maria Ângela Zuccarelli Marino, que apresentou os resultados de seu trabalho nesta quarta-feira, 1º/4, aos membros da CPI das Contaminações Ambientais, presidida pelo deputado Rodolfo Costa e Silva (PSDB).

A médica, que há 20 anos se dedica ao estudo da doença, falou sobre a pesquisa feita em três bairros situados na divisa dos municipios de Mauá, Santo André e São Paulo.

A tireoidite crônica é uma doença autoimune na qual o próprio organismo produz anticorpos contra a glândula tireóide, levando a uma inflamação crônica que pode acarretar o aumento de volume da glândula (bócio) e diminuição do seu funcionamento (hipotireoidismo). O disturbio é mais comum entre as mulheres, principalmente nas que se encontram na meia idade.

Segundo Maria Ângela, o interesse pelo desenvolvimento da pesquisa se deveu ao fato de ela ter identificado, em sua atividade médica no ABC, vários casos de diagnósticos da doença em homens. Ela iniciou, em 1992, a contagem de casos e percebeu que a maior parte dos diagnósticos concentrava-se em pessoas de uma mesma região. Foi então que a médica começou pesquisa de campo nos bairros de Capuava, Sonia Maria e Silvia Maria, em Mauá, e Parque São Rafael, em São Paulo.

Os estudos da endocrinologista, realizados no âmbito da Faculdade de Medicina do ABC, indicaram a incidência de vários casos de tireodismo crônico autoimunie também em crianças, principalmente do sexo masculino. Segundo Maria Ângela, a doença pode causar sérios comprometimentos no desenvolvimento infantil, como déficit de crescimento e retardo mental permanente e irreversível, entre outros.

A endocrinologista disse que as investigações sobre o agente precipitador dos casos de tireoidite crônica na região estudada ainda estão em fase inicial. Segundo ela, existem apenas as referências de trabalhos acadêmicos estrangeiros que fazem a associação da doença com poluentes, especialmente os compostos organoclorados.

O resultado dos estudos feitos pela endocrinologista provocaram, entretanto, a preocupação do Centro de Vigilância Epidemiológica, da Secretaria estadual da Saúde, que promoveu estudos semelhantes aos de Maria Ângela. Segundo a médica, já existe uma base de informações importante para que seja desenvolvido um trabalho de investigação mais profundo sobre os casos existentes naquela comunidade, com coletas de amostras sanguíneas capazes de revelar os tipos e as dosagens de contaminantes presentes e, assim, entender o que está acontecendo de fato na localidade. Falta apenas encontrar quem patrocine a pesquisa.

Rodolfo Costa e Silva propôs a criação de um frente parlamentar para levar adiante a discussão desse assunto e reunir agentes que possam alavancar essa pesquisa.



Caso Sadia



Ainda na reunião desta quarta-feira, a CPI ouviu Minervina de Oliveira Moreno, técnica de segurança do trabalho da Sadia S.A. Ela falou sobre o caso de contaminação ambiental identificado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) no local onde funcionava uma unidade fabril da empresa, no bairro da Lapa.

A indústria de alimentos solicitou, em 2004, o parecer técnico da Cetesb sobre o passivo ambiental para que pudesse promover a desativação da fábrica. O estudo preliminar da agência ambiental apontou existirem nas águas subterrâneas níveis de ferro e manganês acima dos valores de tolerância. Desse modo, a empresa foi orientada a fazer uma investigacão detalhada da contaminação.

Os primeiros estudos feitos pela Sadia foram considerados insuficientes pela Cetesb, que solicitou novas análises. Em dezembro de 2008, a empresa apresentou os resultados do estudo, indicando contaminacão por benzeno no local. Segundo a representante da Sadia, o plano de remediação foi apresentado à Cetesb há apenas algumas semanas, sendo que o órgão ainda não deu seu parecer conclusivo.

A Sadia não realiza mais nenhuma operação no imóvel, que se encontra totalmente desativado, funcionando apenas os equipamentos de tratamento e de análise das águas. Existem no local quatro poços de aproximadamente 180 metros e outros seis poços de monitoramento. Segundo Moreno, a Sadia utilizava a água dos poços apenas para uso secundário, como por exemplo, para a lavagem dos pátios, nunca para o consumo humano.

Segundo o presidente da CPI, deputado Rodolfo Costa e Silva (PSDB), o caso da Sadia revela haver falta de clareza quanto às estratégias de investigação propostas pela Cetesb e colocadas em prática pela empresa autuada. "Parece-me que a Cetesb está tolerante demais", disse ele.



Legislação das contaminações ambientais



A falta de uma legislação específica para controlar as contaminações ambientais é um dos focos da CPI. O deputado Adriano Diogo (PT) sugeriu que a comissão discuta a pertinência e a atualidade do projeto de lei apresentado pelo governo e que se encontra parado há mais de três anos. "Seria bom que esta CPI discutisse o projeto e tivesse como produto uma resolução prática", disse Diogo.

O presidente Rodolfo Costa e Silva disse que esse é um dos objetivos da comissão e colocou em votação a proposta de reservar a última sessão da CPI para debater o projeto de lei com a Secretaria do Meio Ambiente e com a Cetesb. Aprovada pelo membros da CPI, a discussão sobre o projeto será uma oportunidade de trabalhar para o aperfeiçoamento da legislação e de criar instrumentos legais para as questões das contaminações ambientais. Costa e Silva disse que as propostas apresentadas constarão do relatório final da CPI.

Participaram também da reunião os deputados José Bittencourt (PDT), Rita Passos (PV), Jorge Caruso (PMDB) e Eli Corrêa Filho (DEM).

alesp