Sindicalista diz que instaladores de tevê a cabo são "escravos digitais"

Incoerências entre declarações de patrões e empregados suscitam a realização de acareação
29/11/2011 20:43

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 <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/11-2011/CPITVAssinatura29nov11Marco.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> José Tadeu de Oliveira Castelo Branco e José Bittencourt <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/11-2011/CPITVAssinatura29nov11Marco3.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Alex Manente, Edmir Chedid e Donisete Braga<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/11-2011/CPITVAssinatura29nov11Marco2.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> José Tadeu de Oliveira Castelo Branco<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/11-2011/CPITVAssinatura29nov11MarcoJoseTadeudeOliveiraCasteloBrancoPresSINDISTAL.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Falta de treinamento dos instaladores, precarização das relações de trabalho, baixa remuneração e extensas jornadas podem ser algumas razões da baixa qualidade dos serviços oferecidos aos usuários das tevês por assinatura. Essa é a opinião de José Tadeu de Oliveira Castelo Branco, presidente do Sindicato de Trabalhadores em Empresas Prestadoras de Serviços em TV por Assinatura a Cabo, MMDS, DTH e Instaladores de Fibras Ótica no Estado de São Paulo (Sindinstal), que participou nesta terça-feira, 29/11, da reunião da CPI que investiga irregularidades e a má qualidade dos serviços de tevê por assinatura, presidida pelo deputado José Bittencourt (PDT).

"Somos escravos digitais porque nos obrigam a visitar a residência dos clientes das empresas detevê por assinatura sem ter, sequer, o treinamento adequado para lidarmos com equipamentos digitais de última geração, o que nos obriga muitas vezes a improvisar, se quisermos receber as comissões", afirmou Castelo Branco.



Treinamento relâmpago



O sindicalista disse que as empresas que prestam serviços para as operadoras de tevê a cabo contratam instaladores e oferecem apenas treinamento on line, que dura um dia. "A formação de um técnico de telecomunicações requer, em média, de três a seis meses." Ele acrescentou que, para as empresas, deixar um funcionário em treinamento significa afastá-lo do atendimento e, consequentemente, prejuízo, uma vez que elas recebem por serviços efetivamente prestados.

As prestadoras de serviços alegam que os contratos com as operadoras têm valores baixos. Por isso, não podem pagar salários mais altos " o piso atual é de R$ 706,04. Os trabalhadores, por sua vez, são obrigados a efetuar 140 ligações por mês, o equivalente a sete ordens de serviço por dia, incluindo domingos e feriados, sem direito a folga. Além disso, se houver reclamação do cliente, o instalador perde a comissão, conforme informou o sindicalista.

Outro grave problema que atinge os trabalhadores é a prática da contratação sem registro e as numerosas empresas que fecham suas portas sem pagar os salários devidos. "Somos obrigados a entrar com processos trabalhistas e, quando ganhamos, somos colocados numa lista negra e não conseguimos ser contratados por outras prestadoras", denunciou Castelo Branco.



Contradições



O deputado Alex Manente (PPS) disse que depoimento de Castelo Branco conflita frontalmente com o que foi dito pelos diretores das empresas ouvidos pela CPI. Temos uma situação grave e vamos verificar. Precisamos de uma acareação. As peças não estão encaixando", disse o deputado. Ele também pediu que CPI chame o presidente da SKY para falar sobre o assunto.

Edmir Chedid (DEM) lembrou que representantes das empresas chegaram a afirmar na CPI que existe um plano de carreira para os técnicos de telecomunicações, e que o salário de um profissional da área pode chegar a R$ 5 mil. Além disso, disseram que o setor está ofertando numerosas vagas, mas que faltam trabalhadores qualificados.

Os deputados Manente e Donisete Braga (PT) questionaram ainda o fato de a programação oferecida pelo sistema pay per view conter inserções comercias. Assim, as empresas ganham duas vezes: recebem os pagamentos dos clientes e dos anunciantes.

O presidente da CPI, José Bittencourt, recebeu requerimento de Alex Manente para que a empresa Litoral, que atua como prestadora de serviço nas cidades de Santos, Americana e São Bernardo, seja convocada a explicar as razões por que não registra seus trabalhadores e não respeita as convenções coletivas de trabalho.

alesp