O cromatismo de Marco Rossi, mesmo se denso e homogênio, é inédito, como é incomum a maneira com que o artista deixa filtrar a luz com tanta doçura de modo a induzir o espectador a sentir poesia e lirismo onde se trata de pintura. Suas figuras e seus personagens se destacam como vivos na espessura encantada de uma atmosfera carregada de uma gama infinita de nuances e onde a luz filtra numa escala de notas quase musicais para as ressonâncias e consonâncias que ela gera no seu desenrolar.Na realidade, seus quadros pertencem àquele tipo de obras meditadas interiormente que somente com o tempo se abrem total e progressivamente e cuja essência autêntica de poesia só o tempo consegue destilar e enriquecer.O artista chegou à pintura por uma natural propensão movida por motivações seletivas que aprofundam suas raízes na parte mais íntima do seu "ego", as quais enriquecendo-se de suportes culturais e de seleção determinam um mais completo domínio dos instrumentos técnicos e de expressão.Encontramo-nos frente a uma espécie de expressionismo vigoroso e forte que se exalta na busca de motivos de impacto: o vulto de nossos índios carregados de uma intensa vitalidade e dramaticidade. A cor densa, vibrante e luminosa se expande sobre as superfícies matéricas que dão à obra uma dimensão de robusta estrutura, deixando transparecer a interna tensão e a profunda participação à vida de suas criaturas.A obra Menina Kalapalo, doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, diz perfeitamente da linha adotada por esse artista, onde tudo é fruto de um pronto élan em defesa dos primeiros habitantes da "terra brasilis", numa homenagem àquela realidade que o espírito recolhe como ponto de partida.O artistaMarco Antonio Rossi nasceu em São Paulo, em 1952. Formou-se pela Faculdade Católica de Direito de Santos em 1975. Após ter exercido a advocacia até 1982, iniciou suas atividades artísticas, como ilustrador de "A Tribuninha", suplemento infantil do jornal "A Tribuna" a partir de 1960.Professor e pesquisador de técnicas de pintura e história da arte, cursou, de 1982 a 1983, a Faculdade de Artes Plásticas da Universidade Santa Cecília dos Bandeirantes (Santos); desde 1990 até o momento realiza cursos de arte presenciais em atelier próprio e espaços de arte e, desde 2002, cursos virtuais de arte. Dá suporte a muitos de seus alunos no cenário das artes brasileiras.Desenvolveu pesquisas e técnicas: Em desenho sobre diversos suportes (desde 1955); com tinta acrílica sobre diversos suportes (desde 1983); em litografia (desde 1985); e óleo sobre tela (desde 1991). Está catalogado no Dicionário Artes Plásticas Brasil, editado pela Júlio Louzada Publicações, São Paulo, Brasil.Participou de cerca de 50 exposições no Brasil, em mostras coletivas e salões, recebendo prêmios e distinções (1960); 15 mostras individuais (1974), destacando-se as performances na Galeria de Arte do CCBEU, Centro Cultural Brasil Estados Unidos de Santos; 6 mostras com o "Grupo Pamplona"- movimento de arte desenvolvido no atelier do artista, no qual vários pintores participam da mesma obra (1995); " XX e XXI Prêmio de Desenho Juan Miró", Fundação Juan Miró, Barcelona, Espanha (1982/1982); "First Brazilian Contemporary Exhibition", Tampa, Flórida, Estados Unidos (1986); "I Expo Portugueses d'além Mar e seus Parceiros", Lisboa, Portugal (1986).Possui obras em diversas coleções no Brasil, no exterior e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.