Médicos do esporte apontam importância da prevenção e risco do supertreinamento


13/04/2012 21:04 | Da Redação Foto: Marcia Yamamoto e Juliana Balangio

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 José Marques Neto<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2012/fg113452.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Caio D'Elia<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2012/fg113453.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Gabriel Pastore<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2012/fg113454.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Márcio Freitas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2012/fg113455.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Gustavo Magliocca<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2012/fg113456.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Ana Carolina C. de Araujo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2012/fg113457.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Audiência do  2º Seminário Esporte, Atividade Física e Saúde<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2012/fg113458.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Luiz Carlos Delphino<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2012/fg113460.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O papel fundamental da medicina do esporte, atualmente, não é tratar lesões, mas evitá-las, alertou Gustavo Magliocca, médico do esporte e do exercício do Hospital das Clínicas e da seleção brasileira de natação. Ele participou nesta sexta-feira, 13/4, do 2º Seminário Esporte, Atividade Física e Saúde, realizado pela Comissão de Assuntos Desportivos da Assembleia Legislativa.

"A terapia é o último papel do médico do esporte", afirmou Magliocca. O objetivo da medicina esportiva, ele resumiu, é facilitar o sucesso do atleta, com o atendimento de suas demandas físicas, desenvolvimento de seu potencial fisiológico e minimização de suas ausências em treinos e competições.

A atuação da medicina esportiva abrangeria prevenção, recuperação e controle, definiu o especialista. A programação preventiva se daria no contexto da preparação física, de acordo com as necessidades individuais e as demandas de cada modalidade esportiva.

"As ações preventivas primárias vão considerar o gesto esportivo, as secundárias dependem do atleta como indivíduo e as terciárias se fundamentam na agilidade do diagnóstico", completou Magliocca.

A recuperação " que inclui desde técnicas tradicionais como a massagem até as inovadoras, como roupas de compressão e botas de drenagem linfática " tem foco no trabalho com o atleta entre as séries de treinos, definiu o médico.

Já as ações de controle, que devem definir parâmetros antes e ao longo da temporada do atleta, devem oferecer ao treinador dados para a avaliação dos efeitos da fadiga.

"Todas essas ações devem estar integradas ao programa de treinamento do técnico", sintetizou Magliocca.

A necessidade de médico do esporte e treinador trabalharem integradamente também foi destacada pela médica do esporte Ana Carolina Corte do Araújo, que abordou no seminário o tema do overtrainning (supertreinamento).

Ana Carolina começou sua palestra enfocando a teoria da supercompensação e o princípio da sobrecarga progressiva. Assim, segundo ela, o aumento do condicionamento físico só é possível quando novos estímulos são dados ao atleta após sua recuperação completa do desgaste provocado pelo treino anterior.

"É difícil caracterizar o overtrainning, diferenciá-lo de um momento em que o atleta está apenas cansado", observou Ana Carolina. Mesmo assim, ela destacou alguns aspectos que podem ser avaliados.

Assim, se o atleta sente fadiga, mas está feliz com seu desempenho, está na situação que a médica apontou como overreaching (processo cuja recuperação se dá em poucos dias, com repouso adequado e diminuição do treinamento). Se a fadiga é simultânea à exaustão e ao desapontamento com os resultados, o atleta pode estar em overtrainning.

Da mesma forma, se o atleta apresenta alguma perda técnica no final do treino a situação é menos preocupante do que ele apresentar essa perda já no início do treinamento, que, além disso, completa a especialista, torna-se motivo de desprazer.

O treinamento intenso e o acúmulo de estressores, como ansiedade e falta de sono, podem ser algumas das causas do overtrainning. Esse desgaste é identificado principalmente em esportes individuais, como natação, ciclismo e maratonismo, informou também Ana Carolina. (MLF)



Prevenção de lesões e o uso de palmilhas



O médico do Instituto Vita, Caio D"Elias mostrou aos participantes diversos vídeos que orientando atletas e prosfissionais de fisioterapia a forma correta de prevenir lesões ou corrigir lesões através da musculação e outras atividades corretivas. O médico lembrou que o atleta lesionado sofre sérias consequências, como a perda da temporada esportiva, apresenta danos psicológicos e gera despesas. Por esse motivo, esclareceu o médico, os atletas americanos, desde a infância, participam de programas de treinamento para coibir maiores danos em caso de lesões.

Também na linha corretiva, o especialista em ortopedia Márcio Freitas falou sobre o uso das palmilhas para tratar de patologias nos joelhos, coluna e quadril. "É difícil afirmar que o uso da palmilha realmente funciona nos tratamentos de lesão devido às diversidades de cada usuário, como peso, tipo de atividade física praticada e tempo de uso da palmilha." Entretanto, o profissional informou que 80% das patologias nos pés estão relacionadas a erros cometidos durante os treinos. Isso porque a nossa pisada ao andar é diferente da pisada durante uma corrida.

Márcio Freitas também mencionou que não há evidências de que usar palmilhas customizadas seja mais eficaz que usar as pré-fabricadas, e nem há garantias de que seu uso seja inibir de impactos. O membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia informou, ainda, que o uso da palmilha varia de paciente para paciente: "em alguns casos recomento apenas durante os treinos e em outro por algumas horas durante o dia." (LP)



Overtraining e traumas crânio-faciais



O médico ortopedista José Marques Neto e o odontologista Gabriel Pastore encerraram, na tarde desta sexta-feira, 13/4, o Seminário Esporte, atividade física e saúde. Marques Neto, especialista em fisiologia do exercício, tratou da síndrome de overtraining: definição, diagnóstico e prevenção, de forma a auxiliar treinadores e outros profissionais da área esportiva a cuidarem dos atletas sob sua orientação, encaminhando-os quando necessário ao tratamento médico.

Pastore, especialista em cirurgia bucomaxilofacial, descreveu, durante sua palestra, condutas nos traumas crânio-faciais durante a prática esportiva, os principais problemas que os atletas vítimas de fraturas na região podem sofrer e discorreu sobre alguns tratamentos cirúrgicos para corrigir os danos. O odontologista destacou a importância de devolver o atleta à sua rotina habitual como ponto importante de qualquer tratamento cirúrgico bucomaxilofacial, já que o mesmo não só afasta o atleta de seus treinos habituais como impede uma alimentação condizente à sua recuperação física.

O professo Daniel Carreira, gestor da Vita Care, que foi um dos organizadores do seminário, ao finalizar o evento, convidou os participantes para apresentarem, no decorrer do ano, suas sugestões para a realização do seminário no próximo ano, já que agora o mesmo fará parte da agenda oficial da Assembleia, a cada sessão legislativa. (BC)



Educação física: desenvolvendo cidadãos



Para o professor Luiz Carlos Delphino de Azevedo Jr., presidente da Federação do Desporto Escolar do Estado de São Paulo (Fedeesp), lamentavelmente os governos não consideram o esporte um complemento da educação. Tanto que em São Paulo, a Secretaria da Educação não participa das atividades esportivas promovidas pela Secretaria de Esporte. Uma falha sem proporção, ponderou.

O professor, que proferiu palestra nesta quinta-feira, 12/4, acredita que a criança que pratica esporte com regularidade (independente da modalidade) e entende seus fundamentos, se torna um ser humano mais sociável. Para tal, a qualidade do profissional de educação física é fundamental.

Delphino ratifica que ser professor de educação física é diferente de ser esportista e, infelizmente, muitas pessoas acreditam que ser professor de esporte se resume a ensinar o aluno a bater bola. "Apenas ensinar o aluno a chutar bola não o transforma em um cidadão pleno ao fim do ciclo educacional. A violência escolar e o bullying provêm da ausência de atrativos nas escolas", acrescentou o professor Delphino.



Críticas



Vários aspectos conspiram contra a fusão educação-esporte. Entre eles a falta de planejamento dos professores da área, o que possibilitou o surgimento de uma nova operação de negócios, como a Escola de Vôlei do Bernardinho e o Programa Esportivo Lúdico Escolar, do Pelé; a monocultura esportiva (geralmente os professores ensinam o aluno a jogar futebol, vôlei ou basquete); a falta de adequação de equipamentos esportivos para as crianças (como o peso da bola utilizada no futebol de salão e o tamanho das traves do gol); dificuldades em atender os diferentes grupos especiais (crianças com algum tipo de deficiência); parcerias sólidas entre empresas e o poder público e muitos outras.

Por outro lado, o presidente da Fedeesp acredita no potencial do jovem atleta brasileiro. "Quando melhorarmos nossa autoestima, teremos mais atletas de ponta."

alesp