Existe nas obras de Bárbara Schubert Spanoudis uma grande habilidade inventiva, um ritmo que se modula sem inflexões literárias com um corte de composição sempre renovado. Se o substrato material registra uma série de esforços materiais tecnicamente modernos, as estruturas se articulam e se completam num harmônico final figurativo. Sua arte está intimamente ligada a uma espécie de futurismo que se aproxima idealmente do abstrato. Tanto em seus "quadros" quanto em suas "esculturas", encontramos uma rebelião anárquica individual, que supera o fato estético para entrar numa atmosfera em parte geométrica. A madeira de suas "esculturas" e as fibras utilizadas nas "assemblagens" de seus quadros nos colocam frente a interrogações das mais diversas: motivos metafísicos em absoluto ou chamamentos neoclássicos? É difícil responder: existem linhas, forças e decomposição de influência cubista, enquanto que as dimensões conservam intacto um figurativo emblemático. No sentido do abstrato, a palavra "figurativo" não deve ser mal interpretada, pois as impostações emblemáticas da artista possuem um simbolismo tão somente geométrico, que o todo, com efeito, se transforma objeto real. A dinâmica das formas de Bárbara Schubert Spanoudis possui uma linguagem particular e, portanto, o ponto de chegada dos meios utilizados ainda não está fixado. Encontramo-nos frente a uma autêntica criação do instinto, poderosa e sincera. Esse mesmo instinto conseguiu reunir, ou melhor, "assemblar", em chave moderna, sensações e objetos de ontem e de hoje. A classe dessa artista encontra-se no seu próprio temperamento, que a leva a improvisar muito mais que a meditar, com o objetivo de dominar a matéria com espírito novo. Tanto na obra "Folhas II" quanto na escultura "Triângulos I", doadas ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, a artista se limita a construir arquitetonicamente as suas "formas" esculturais, as quais, mesmo não podendo ser classificadas de autênticas esculturas, destas possuem todas as qualidades estilísticas. A Artista Bárbara Spanoudis, pseudônimo artístico de Bárbara Schubert Spanoudis, nasceu em Dessau, Alemanha em 1930. Radicou-se no Brasil a partir de 1938. Estudou desenho e pintura em São Paulo e Porto Alegre. De 1952 até 1955, prosseguiu seus estudos na Academia de Artes de Dusseldorf na Alemanha. De volta ao Brasil, participou de inúmeras exposições coletivas e individuais, dentre as quais: V Salão Paulista de Artes Moderna de São Paulo (1956); XV Salão Paulista de Artes Moderna de São Paulo; "10 Artistas Geométricos", Santo André (1966); XVI Salão Paulista de Arte Moderna, São Paulo (1967); II Salão de São Caetano do Sul; Galeria Espaço, São Paulo (1968); II Salão de Artes Plásticas do Noroeste, Penápolis; "Construtivistas e Figurativos da Coleção Spanoudis", Centro de Artes Porto Seguro, São Paulo (1978); "Coleção Theon Spanoudis", Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (1979); II Salão Paulista de Artes Plástica e Visuais, São Paulo (1981); X Salão de Artes Contemporânea, Santo André; II Mostra de Colagem, São Paulo; Kouros Galleery, New York, Estados Unidos; I Salão Paulista de Artes Moderna, Bienal, São Paulo (1982); Brazilian - American Cultural Institute, Washington, Estados Unidos (1983); III Mostra de Colagem, Museu de Imagem e do Som, São Paulo (1984). Suas obras estão em importantes coleções particulares no Brasil, Alemanha, Holanda, Itália, Grécia, Argentina, Suíça e em acervos oficiais como no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC) e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.