Lançada Frente Parlamentar da Luta Antimanicomial


21/05/2012 21:01 | Marisa Mello - FOTO: Vera Massaro

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Elizabete Henna,  Carlos Giannazi, Adriano Diogo e Antonio Lancetti<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2012/fg114465.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Ivan Seixas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2012/fg114466.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Antimanicomial <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2012/fg114467.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Lançada Frente Parlamentar da Luta Antimanicomial

Participaram do ato representantes de movimentos contra os manicômios

Marisa Mello - FOTO: Vera Massaro

Sob coordenação dos deputados Adriano Diogo (PT) e Carlos Giannazi (PSOL), foi realizado na Assembleia Legislativa, nesta segunda-feira, 21/5, o ato de lançamento da Frente Parlamentar de Luta Antimanicomial, com a participação de representantes de segmentos como Fórum Popular de Saúde Mental, Frente Estadual Antimanicomial e do Movimento Nacional de Luta Antimanicomial (MNLA), entre outros.

Elizabete Henna, do MNLA, disse que o movimento surgiu em 1987 durante o encontro nacional de trabalhadores de saúde mental, que "não se conformavam com a situação de violações aos direitos humanos a que eram submetidos os pacientes internados em manicômios". O movimento tem como lema Trancar Não É Tratar.

A primeira conquista na luta antimanicomial foi a Lei federal 10.216/2001, que determinou a extinção progressiva de manicômios e sua substitução por rede de atenção psicossocial. Em São Paulo, os Centros de Atendimento Psicossocial (Caps) cumprem essa função. A rede permite a inversão da lógica isolamento pela da inclusão social, assegurando aos pacientes mentais direitos básicos como moradia e trabalho.

Atualmente, o movimento luta pela ampliação da rede psicossocial de serviços comunitários e o fim definitivo dos manicômios, que se concentram basicamente no Estado de São Paulo, sobretudo na região de Sorocaba. O município, proporcionalmente, reúne o maior número de manicômios do país.



Canto dos malditos

Durante o lançamento foi exibido thriller do filme nacional Bicho de Sete Cabeças, baseado no livro autobriográfico Cantos das Malditos, de Austregésilo Carrano. Ambientado num manicômio, o filme retrata a história de Neto, um jovem que é internado, após seu pai descobrir um cigarro de maconha em seu casaco. Lá, o jovem sofre abusos. Premiado, o filme aborda o universo manicomial e os tratamentos desumanos praticados nesses tipos de instituições. Além disso, o filme mostra que por longos anos os manicômios receberam, além de pacientes com transtornos mentais, militantes de esquerda e usuários de drogas.



Franco da Rocha



O ex-preso político Ivan Seixas explicou que o hoje desativado Juqueri, situado em Franco da Rocha, foi usado na época da ditadura militar como prisão de militantes da esquerda, que eram submentidos à aplicação do soro da verdade como forma de punição, sob a supervisão do psiquiatra Paulo Fraletti.

Segundo Seixas, há milhares covas no Juqueri, porém a documentação referente aos mortos foi perdida em um incêndio de causas desconhecidas. Seixas disse que, nos anos 1970, o manicômio teve cerca de 18 mil pacientes confinados. Segundo ele, nenhum país do mundo construiu tantos hospícios como o Brasil no período da ditadura militar. Em 1964, o país tinha 79 hospícios e, em 1985, esse número havia chegado a 453.



Cracolândia



O psicanalista Antonio Lancetti lamentou a recente ação policial na Cracolândia e nas ruas de São Paulo contra os usuários de drogas, da maneira como foi implementada pelo governo. Para ele, procedimentos como esses, nos dias de hoje, se tornam um retrocesso no tratamento que deveria ser dado aos usuários de drogas, e diferente do que divulgou a Folha de S.Paulo, a sociedade não é unâmine em aplaudir ações como essas.

"Espero que a frente seja um dispositivo da sociedade na vigilância da luta contra os manicômios", concluiu o psicanalista.

alesp